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IMPOSTOS
Governo tem o melhor julho de todos os tempos; IR sobre aplicação de fundos de previdência privada poderá cair
Arrecadação tributária bate novo recorde
GUSTAVO PATU
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Embora ainda negue oficialmente ter promovido aumento da
carga tributária no país, o governo anunciou ontem novos recordes na arrecadação federal, novas
estimativas para a receita neste
ano e novas medidas em estudo
destinadas a aliviar a taxação de
parte dos contribuintes.
A arrecadação de julho, de R$
28,154 bilhões, foi a maior da história para o mês -em julho de
2003, em valores já corrigidos pela
inflação, foram R$ 24,987 bilhões.
Também em valores corrigidos, a
arrecadação de janeiro a julho,
outro recorde histórico, chegou a
R$ 185,448 bilhões, com crescimento de 9,37% sobre o mesmo
período do ano passado.
Apenas o aumento real nos primeiros sete meses do ano, cerca
de R$ 16 bilhões, seria suficiente
para bancar por três anos o Bolsa-Família, principal programa de
transferência de renda do governo Lula, que em 2004 prevê gastos
de R$ 5,3 bilhões.
Um único tributo responde sozinho por quase metade dessa arrecadação adicional: a Cofins
(Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social), que
teve alíquotas e base de cálculo
ampliadas pela reforma tributária
do ano passado.
A Cofins deixou de ter cobrança
cumulativa, ou seja, incidente sobre todas as etapas do processo
produtivo. Em compensação, a
alíquota foi elevada de 3% para
7,6%. Na época, a equipe econômica afirmou que a nova alíquota
simplesmente manteria a arrecadação anterior, enquanto empresários e especialistas avaliavam
que a taxação seria excessiva.
A Cofins passou também a incidir sobre os importados, o que,
nos cálculos iniciais do governo,
renderia mais R$ 4,4 bilhões neste
ano. No entanto só até julho foram R$ 5,553 bilhões a mais -e a
Receita elevou para pelo menos
R$ 8 bilhões a estimativa anual.
Olimpíada e alívio
"Aproveitando o espírito olímpico, o recorde de hoje vira piso
para a disputa de amanhã. É nossa obrigação ganhar, se não o ouro, a medalha de prata neste ano",
disse Ricardo Pinheiro, secretário-adjunto da Receita, ao anunciar os resultados e prever novas
marcas históricas, mas insistindo
que não houve aumento da carga.
A retórica oficial atribui os números ao aumento da eficiência e
ao crescimento econômico. O primeiro é quase impossível de comprovar ou contestar; o segundo,
de fato, melhora a receita do governo, mas é difícil sustentar que
um crescimento de, na melhor
das hipóteses, 4,5% explique uma
elevação superior a 9% na arrecadação entre janeiro e julho.
Não por acaso, o governo vem
anunciando medidas para reduzir
a tributação sobre setores da economia: desconto mensal de até R$
27,50 no IR da pessoa física; redução de 20% para 15% no IR sobre
aplicações financeiras de prazo
superior a 24 meses e queda do
IPI sobre bens de capital.
Ontem, Pinheiro mencionou,
sem dar detalhes, outras providências em estudo, destinadas a
beneficiar o setor de software e as
aplicações dos fundos de previdência complementar -neste caso, como no do IR sobre aplicações financeiras, o objetivo é estimular a formação de poupança de
longo prazo. As novas regras, segundo Pinheiro, devem ser divulgadas até a próxima semana.
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