São Paulo, quinta-feira, 17 de agosto de 2006

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Mercado Aberto

Guilherme Barros - guilherme.barros@uol.com.br

Iedi já prevê crescimento do PIB abaixo de 3,5% neste ano

Os números recentes da economia e o crescimento heterogêneo da indústria podem fazer o PIB ter um crescimento menor do que o previsto, segundo o empresário Josué Gomes da Silva, presidente do Iedi e da Coteminas e filho do vice-presidente José Alencar. Ele acha que o PIB pode crescer entre 3% e 3,5%, abaixo dos 4% previstos pelo Banco Central.
O empresário marcou para hoje reunião com os conselheiros do Iedi para apresentar o novo economista-chefe que irá assumir o lugar de Júlio Sérgio Gomes de Almeida, que deixou o cargo para assumir a Secretaria de Política Econômica da Fazenda. Será Edgard Antônio Pereira, professor da Unicamp.
Para Gomes da Silva, havia muito tempo não se via um crescimento tão heterogêneo na indústria. Há setores indo muito bem, como os de mineração, siderurgia, extração de petróleo e de fármacos. Ele chama a atenção para uma pesquisa de emprego do Fiesp mostrando que apenas dois setores foram responsáveis por 95% dos empregos gerados na indústria.
Já outros setores estão indo muito mal, de acordo com o presidente do Iedi. Entre eles, o têxtil, no qual ele atua, o calçadista, o moveleiro e o setor agrícola. "Todos esses setores estão tendo uma performance muito aquém da desejável", afirma.
O empresário diz que o mercado interno está muito retraído e o câmbio não favorece as exportações. "Para piorar, este inverno parece mais verão."
Gomes da Silva acha necessário que sejam encontradas alternativas para tornar esse crescimento mais homogêneo. A seu ver, não é, na verdade, a política econômica a responsável pelo fato de alguns setores estarem indo bem na economia, mas principalmente a conjuntura externa.
A saída, para o empresário, continua sendo a combinação juros/câmbio. Segundo ele, a redução da Selic que tem sido promovida pelo BC não tem sido suficiente para equilibrar essa equação. Os juros continuam muito altos. A última redução da taxa básica, de 0,50 ponto percentual, para 14,75% ao ano, foi, de acordo com o empresário, abaixo da queda da inflação, o que não provocou nenhuma mudança no juro real, o mais importante na economia.

Categoria quer ser vista como entretenimento
Depois da chegada do grupo YPY e da CIE Brasil para dividir com a Vicar a gestão da Stock Car, a administração da corrida resolveu turbinar a categoria investindo só nas quatro últimas corridas desse campeonato R$ 1 milhão para comunicação. Para Carlos Col, presidente da Vicar, o investimento é compatível com a entrada dos novos sócios, que vieram reforçar a idéia da categoria como entretenimento. "Um bom entretenimento é por conseqüência um bom negócio. O campeonato já movimenta hoje quase R$ 100 milhões por ano", afirma o presidente.

RUMO À PRIMEIRA DIVISÃO
A recente movimentação das empresas em busca de formação de grandes conglomerados deve ser encarada como mais um passo no Brasil para entrar no seleto clube dos países que possuem o chamado grau de investimento ("investment grade"). Isso também aconteceu com os países emergentes que se tornaram sócios desse clube, como a Coréia e o México. A avaliação é do economista José Berenguer, vice-presidente do banco ABN Amro Real, que tem participado de boa parte desses movimentos das empresas.
Entre eles, o banco liderou as recentes ofertas da Vale do Rio Doce para comprar a canadense Inco e a da Sadia sobre a Perdigão. Berenguer diz que esse processo faz com que as empresas brasileiras se modernizem mais rapidamente e se tornem mais competitivas, o que também contribui para baixar o risco-país, hoje na casa dos 200 pontos. Para ele, tudo isso, no entanto, pode ser perigoso. O Brasil ainda tem muito a fazer, principalmente na área fiscal, e todos esses avanços, como a queda do risco-país, podem dar a impressão de que não será mais necessário, por exemplo, promover as reformas. O país terá desperdiçado mais uma chance.

ALÔ BRASIL
O CEO da Motorola, Edward Zander, que também é presidente da empresa, vem ao Brasil na próxima semana para a comemoração de dez anos de manufatura da companhia no país. Desde que se instalou no Brasil, a Motorola investiu US$ 500 milhões em seu parque industrial.

NEGÓCIOS À VISTA
Emílio Botín, presidente mundial do Santander, desembarca no Brasil na semana que vem.

É DE CINEMA
A Fiesp lança, no próximo dia 28, concurso que selecionará filmes de longa metragem para serem financiados por empresas interessadas de São Paulo. O projeto foi batizado Programa de Apoio ao Cinema Paulista. Já confirmaram presença o ministro Gilberto Gil (Cultura), o presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, Paulo Skaf, presidente da Fiesp, e o presidente do Sicesp (sindicato do setor), André Sturm. Cineastas e empresários também estão na lista de convidados.

INFRA-ESTRUTURA
O ministro Luis Marinho (Trabalho) reúne-se hoje com 30 empresários da diretoria da Abdib, em São Paulo, para debater a utilização de recursos do FGTS em obras de infra-estrutura. A idéia é usar apenas uma parte do fundo nas obras. A proposta em discussão, em âmbito governamental, prevê aplicar, inicialmente, cerca de R$ 5 bilhões do chamado patrimônio líquido do fundo em obras.

DIQUE SECO
A Petrobras e a WTorre Engenharia assinam hoje o contrato para a construção do primeiro Dique Seco do Brasil. A solenidade vai acontecer no canteiro de obra P-53, em Rio Grande (RS). Estarão presentes o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e José Sérgio Gabrielli. A iniciativa permitirá o reparo de plataformas de petróleo semi-submersíveis, trabalho até então executado no exterior.


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