São Paulo, quinta-feira, 17 de agosto de 2006

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Dívida pública diminui, mas perfil piora

Parcela de papéis prefixados cai para 30,4% em julho, enquanto total de títulos em poder do mercado tem queda de 0,21%

Endividamento até o mês passado foi de R$ 1,013 tri; com pequena alta, o prazo médio de resgate passou de 29,2 meses para 30 meses


JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Apesar do impacto de R$ 11,7 bilhões que os juros tiveram sobre o estoque da dívida pública em julho, o total de títulos federais em poder do mercado caiu 0,21% no mês passado. Mesmo com a queda, o volume de papéis nas mãos dos investidores ainda supera R$ 1 trilhão.
A redução do endividamento em títulos públicos -o estoque somou R$ 1,013 trilhão- foi resultado de um resgate líquido de R$ 13,9 bilhões em julho. Embora as condições do mercado financeiro tenham melhorado no mês passado, o Tesouro Nacional não quis rolar integralmente sua dívida e preferiu pagar os investidores.
"Não foi nenhuma condição de mercado que provocou o resgate líquido. Isso estava rigorosamente dentro da estratégia do Tesouro", explicou o coordenador de Operações da Dívida Pública, Manuel Augusto Silva. Segundo ele, julho é conhecido no jargão financeiro como "cabeça de trimestre" e, por isso, concentra um elevado volume de vencimentos.
Nesses períodos, tradicionalmente há resgate líquido de títulos, compensado nos meses seguintes com emissões líquidas -leia-se expansão da dívida pública por meio da emissão de um volume de títulos maior que o resgate. "Em agosto e em setembro, a previsão é a de emissão líquida", afirmou.
O resgate promovido em julho focou os papéis prefixados do governo (LTN). Foram retirados R$ 15,5 bilhões do mercado. A conseqüência disso é uma piora no perfil da dívida pública. A parcela de papéis prefixados diminuiu de 31,5% para 30,4% no mês passado. Para o governo, quanto maior a fatia de prefixados, melhor, porque dá mais previsibilidade à administração da dívida.
Já a parcela de títulos atrelados à taxa Selic aumentou de 42,5% para 43,2%. No mês passado, houve colocação (líquida) de R$ 2,2 bilhões desses papéis -as chamadas LFTs. A dívida cambial do governo permaneceu estável. Considerando todos os instrumentos cambiais, essa parcela manteve-se negativa em 1,44%. Na prática, isso significa que o governo é credor em dólares no mercado e tem a receber R$ 14,63 bilhões.

Estrangeiros
No caso dos títulos atualizados por índices de preços, houve discreto aumento da participação na composição da dívida. O percentual saiu de 21,7% para 21,9%. Silva comentou que já foi percebida uma volta dos investidores estrangeiros a esses papéis. No auge da crise, o mercado de NTN-B -que conta com a preferência dos estrangeiros- perdeu liquidez.
O Tesouro decidiu não pressionar e reduziu a oferta desses papéis. Em julho, no entanto, conseguiu vender R$ 1,4 bilhão. Neste mês, um leilão de R$ 1 bilhão já foi realizado e outro deve ocorrer na próxima semana.
O prazo médio das emissões de títulos realizadas em julho caiu. Passou de 30,2 meses para 28,5 meses o prazo para vencimento dos papéis ofertados. A redução ocorreu porque os títulos prefixados (papéis de prazo mais curto) tiveram elevada participação no volume total de títulos vendidos no mês. O prazo médio do estoque da dívida aumentou modestamente, de 29,2 meses para 30 meses.
A parcela de títulos que vencem no período de 12 meses permaneceu constante em 41,2%. O Tesouro precisará se esforçar muito, no entanto, para cumprir a meta fixada no Plano Anual de Financiamento da dívida. O intervalo definido para 2006 é de 31% a 36%.


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