|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Dívida pública diminui, mas perfil piora
Parcela de papéis prefixados cai para 30,4% em julho, enquanto total de títulos em poder do mercado tem queda de 0,21%
Endividamento até o mês passado foi de R$ 1,013 tri; com pequena alta, o prazo médio de resgate passou de 29,2 meses para 30 meses
JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Apesar do impacto de R$ 11,7
bilhões que os juros tiveram sobre o estoque da dívida pública
em julho, o total de títulos federais em poder do mercado caiu
0,21% no mês passado. Mesmo
com a queda, o volume de papéis nas mãos dos investidores
ainda supera R$ 1 trilhão.
A redução do endividamento
em títulos públicos -o estoque
somou R$ 1,013 trilhão- foi resultado de um resgate líquido
de R$ 13,9 bilhões em julho.
Embora as condições do mercado financeiro tenham melhorado no mês passado, o Tesouro Nacional não quis rolar integralmente sua dívida e preferiu
pagar os investidores.
"Não foi nenhuma condição
de mercado que provocou o
resgate líquido. Isso estava rigorosamente dentro da estratégia do Tesouro", explicou o
coordenador de Operações da
Dívida Pública, Manuel Augusto Silva. Segundo ele, julho é conhecido no jargão financeiro
como "cabeça de trimestre" e,
por isso, concentra um elevado
volume de vencimentos.
Nesses períodos, tradicionalmente há resgate líquido de títulos, compensado nos meses
seguintes com emissões líquidas -leia-se expansão da dívida
pública por meio da emissão de
um volume de títulos maior
que o resgate. "Em agosto e em
setembro, a previsão é a de
emissão líquida", afirmou.
O resgate promovido em julho focou os papéis prefixados
do governo (LTN). Foram retirados R$ 15,5 bilhões do mercado. A conseqüência disso é uma
piora no perfil da dívida pública. A parcela de papéis prefixados diminuiu de 31,5% para
30,4% no mês passado. Para o
governo, quanto maior a fatia
de prefixados, melhor, porque
dá mais previsibilidade à administração da dívida.
Já a parcela de títulos atrelados à taxa Selic aumentou de
42,5% para 43,2%. No mês passado, houve colocação (líquida)
de R$ 2,2 bilhões desses papéis
-as chamadas LFTs. A dívida
cambial do governo permaneceu estável. Considerando todos os instrumentos cambiais,
essa parcela manteve-se negativa em 1,44%. Na prática, isso
significa que o governo é credor
em dólares no mercado e tem a
receber R$ 14,63 bilhões.
Estrangeiros
No caso dos títulos atualizados por índices de preços, houve discreto aumento da participação na composição da dívida.
O percentual saiu de 21,7% para
21,9%. Silva comentou que já
foi percebida uma volta dos investidores estrangeiros a esses
papéis. No auge da crise, o mercado de NTN-B -que conta
com a preferência dos estrangeiros- perdeu liquidez.
O Tesouro decidiu não pressionar e reduziu a oferta desses
papéis. Em julho, no entanto,
conseguiu vender R$ 1,4 bilhão.
Neste mês, um leilão de R$ 1 bilhão já foi realizado e outro deve ocorrer na próxima semana.
O prazo médio das emissões
de títulos realizadas em julho
caiu. Passou de 30,2 meses para
28,5 meses o prazo para vencimento dos papéis ofertados. A
redução ocorreu porque os títulos prefixados (papéis de prazo mais curto) tiveram elevada
participação no volume total de
títulos vendidos no mês. O prazo médio do estoque da dívida
aumentou modestamente, de
29,2 meses para 30 meses.
A parcela de títulos que vencem no período de 12 meses
permaneceu constante em
41,2%. O Tesouro precisará se
esforçar muito, no entanto, para cumprir a meta fixada no
Plano Anual de Financiamento
da dívida. O intervalo definido
para 2006 é de 31% a 36%.
Texto Anterior: Defesa do consumidor: STJ suspende liminar sobre imagens de TVs de plasma Próximo Texto: Inflação nos EUA leva Bolsas a nova alta Índice
|