São Paulo, quinta-feira, 17 de agosto de 2006

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Bolívia ameaçou cortar gás, afirma MT

Governo do Estado aponta "motivação política'; vizinho alega problema técnico

Depois de intervenção de Dilma Rousseff (Casa Civil) e de Silas Rondeau (Minas e Energia), fornecimento foi restabelecido


HUDSON CORRÊA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPO GRANDE

FABIANO MAISONNAVE
DA REPORTAGEM LOCAL

O governador de Mato Grosso, Blairo Maggi (PPS), pediu a intervenção da ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) e do ministro Silas Rondeau (Minas e Energia) para assegurar o fornecimento de gás à usina termelétrica de Cuiabá (MT) que seria interrompido ontem por "motivação política" do presidente da Bolívia, Evo Morales, segundo avaliou o governo estadual.
O secretário-chefe da Casa Civil de Mato Grosso, Antonio Kato, Morales anunciou que o fornecimento de gás para a usina cairia ontem de 1,8 milhão de m3 por dia para 600 mil, mas La Paz voltou atrás após a ação do governo federal.
Procurado pela Folha ontem à noite, o presidente da YPFB (estatal boliviana), Jorge Alvarado, disse, por telefone, que não comentaria o caso e orientou a reportagem a procurar a Petrobras, apesar de a empresa brasileira não ter nenhuma participação no ramal que leva o gás a Mato Grosso.
Oficialmente, segundo Kato, o governo da Bolívia alegou problemas técnicos devido às chuvas na região de extração do gás ainda no mês de abril.
"Isso [a redução] colocaria Mato Grosso num sistema de apagão porque 70% da energia do Estado é proveniente dessa usina", disse o secretário.
"A gente interpreta isso mais como uma motivação política porque, na verdade, não há nenhuma pretensão em questão de tarifa. A questão tarifária já foi resolvida e tudo está acertado", acrescentou Kato.
A Secom (Secretária de Comunicação) do governo de Mato Grosso chegou a informar que anteontem a usina parou de funcionar por falta de gás boliviano, mas Kato disse que o risco de paralisação só foi afastado definitivamente ontem pelo ministro Rondeau.
"Alegaram essas questões técnicas, mas a gente acha que estavam querendo um fato político. A gente está sujeito a uma extemporaneidade dada a veleidade do presidente da Bolívia", disse Kato. Para ele, se fosse um problema técnico, o fornecimento não teria sido restabelecido tão rapidamente.
A termelétrica, cujo nome é Usina Governador Mário Covas, pertence ao fundo inglês Ashmore Energy International, que comprou em maio último as ações da Prisma Energy, dona de ativos da falida norte-americana Enron. No site da usina, aparece como dona da termelétrica também a Shell.
Em junho, o governo boliviano abriu uma ação contra a Enron por suposta lesão à Bolívia em contratos na construção de um gasoduto em 1994 e informou que o processo poderá atingir o fundo Ashmore.


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