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Bolívia ameaçou cortar gás, afirma MT
Governo do Estado aponta "motivação política'; vizinho alega problema técnico
Depois de intervenção de Dilma Rousseff (Casa Civil)
e de Silas Rondeau (Minas
e Energia), fornecimento
foi restabelecido
HUDSON CORRÊA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPO GRANDE
FABIANO MAISONNAVE
DA REPORTAGEM LOCAL
O governador de Mato Grosso, Blairo Maggi (PPS), pediu a
intervenção da ministra Dilma
Rousseff (Casa Civil) e do ministro Silas Rondeau (Minas e
Energia) para assegurar o fornecimento de gás à usina termelétrica de Cuiabá (MT) que
seria interrompido ontem por
"motivação política" do presidente da Bolívia, Evo Morales,
segundo avaliou o governo estadual.
O secretário-chefe da Casa
Civil de Mato Grosso, Antonio
Kato, Morales anunciou que o
fornecimento de gás para a usina cairia ontem de 1,8 milhão
de m3 por dia para 600 mil, mas
La Paz voltou atrás após a ação
do governo federal.
Procurado pela Folha ontem
à noite, o presidente da YPFB
(estatal boliviana), Jorge Alvarado, disse, por telefone, que
não comentaria o caso e orientou a reportagem a procurar a
Petrobras, apesar de a empresa
brasileira não ter nenhuma
participação no ramal que leva
o gás a Mato Grosso.
Oficialmente, segundo Kato,
o governo da Bolívia alegou
problemas técnicos devido às
chuvas na região de extração
do gás ainda no mês de abril.
"Isso [a redução] colocaria
Mato Grosso num sistema de
apagão porque 70% da energia
do Estado é proveniente dessa
usina", disse o secretário.
"A gente interpreta isso mais
como uma motivação política
porque, na verdade, não há nenhuma pretensão em questão
de tarifa. A questão tarifária já
foi resolvida e tudo está acertado", acrescentou Kato.
A Secom (Secretária de Comunicação) do governo de Mato Grosso chegou a informar
que anteontem a usina parou
de funcionar por falta de gás
boliviano, mas Kato disse que o
risco de paralisação só foi afastado definitivamente ontem
pelo ministro Rondeau.
"Alegaram essas questões
técnicas, mas a gente acha que
estavam querendo um fato político. A gente está sujeito a
uma extemporaneidade dada a
veleidade do presidente da Bolívia", disse Kato. Para ele, se
fosse um problema técnico, o
fornecimento não teria sido
restabelecido tão rapidamente.
A termelétrica, cujo nome é
Usina Governador Mário Covas, pertence ao fundo inglês
Ashmore Energy International, que comprou em maio último as ações da Prisma Energy,
dona de ativos da falida norte-americana Enron. No site da
usina, aparece como dona da
termelétrica também a Shell.
Em junho, o governo boliviano abriu uma ação contra a
Enron por suposta lesão à Bolívia em contratos na construção
de um gasoduto em 1994 e informou que o processo poderá
atingir o fundo Ashmore.
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