São Paulo, quinta-feira, 17 de agosto de 2006

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Varig negocia avião com apoio do BNDES

Aérea pode ser a primeira a se beneficiar de linha para estimular a compra de aviões da Embraer por empresa nacional

Maria Silvia Bastos, cotada para assumir a presidência da nova empresa, fecha contrato para atuar como consultora por três meses


DA SUCURSAL DO RIO
DA REPORTAGEM LOCAL
DA FOLHA ONLINE, NO RIO

A nova Varig quer comprar 50 jatos da Embraer com apoio do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). Se conseguir fechar o negócio, será a primeira empresa brasileira a se beneficiar de linha de financiamento criada pelo banco para estimular a compra de jatos da Embraer por companhias nacionais.
A nova Varig quer comprar aviões modelo A190 (de 96 a 100 lugares) e A195 (de 108 a 118 lugares) para operar vôos domésticos e alguns destinos na América do Sul. O preço de cada aeronave é estimado em US$ 40 milhões, e o valor total do negócio, em US$ 2 bilhões. Uma parte do pacote de 50 aviões é de compras firmes, e o restante, em opções de compra. O número fechado vai depender dos "slots" (espaços de pouso e decolagem) que a empresa conseguir manter.
Segundo Marco Antonio Audi, presidente do conselho de administração da VarigLog (nova dona da Varig), a empresa entrega hoje carta-consulta ao BNDES. Trata-se da primeira etapa formal do trâmite para obtenção de empréstimo.
Segundo o presidente do BNDES, Demian Fiocca, desde o ano passado o banco trabalha com empresas aéreas brasileiras, como TAM e Gol, e com a indústria de aeronaves para definir linhas de financiamento que favoreçam o investimento em aviões nacionais. "A Embraer, grande empresa nacional de aeronaves, tem principalmente o mercado internacional e se desenvolveu muito com apoio do BNDES, mas a formação das linhas que o banco operava estava voltada para o perfil do mercado internacional", disse.
De acordo com a nova linha, o banco financia até 85% do valor de cada aeronave. O valor é composto por 90% em TJLP (Taxa de Juros de Longo Prazo, atualmente em 7,5% ao ano) e 10% em dólar. O financiamento inclui TJLP mais "spread" de 1% ao ano acrescido do "spread" de risco da empresa.
Com a demanda aquecida no setor de aviação, a nova Varig quer "comprar lugar na fila". Na prática, os grandes fabricantes já estão com encomendas fechadas para o ano. A empresa procura os compradores e pede para que o avião a ser entregue primeiro seja repassado mediante o pagamento de uma taxa. Segundo Audi, a Varig já garantiu 6 dos 50 aviões. Uma das empresas que deve ceder o lugar é a Air Canada, com quem a Varig mantém negociações.
A empresa ainda quer comprar 12 aviões para vôos intercontinentais. Segundo Audi, a Varig está sondando a Airbus, apesar de a fabricante ter negado oficialmente qualquer hipótese de negociação.
A nova Varig ainda não conseguiu definir um quadro de diretores, mas a executiva Maria Silvia Bastos, sondada para ocupar a presidência, assinou ontem um contrato de consultoria pelos próximos três meses e não descartou a hipótese de vir a ocupar a presidência no futuro. Ela fez parte da equipe que foi ao BNDES ontem para conhecer a linha de financiamento e apresentar o plano de negócios.
Os modelos da Embraer, segundo especialistas consultados pela reportagem, não seriam os melhores para a Varig. Isso porque a companhia aérea não seria competitiva com TAM e Gol nas rotas domésticas principais, já que o custo por assento a cada quilômetro voado nesses modelos de avião é maior. Além disso, essas aeronaves não podem ser usadas em rotas internacionais.
"Com esses modelos, eles não conseguiriam competir em termos de tarifa. Os preços teriam que ser muito mais elevados que TAM e Gol. Eles teriam uma companhia que não será competitiva nas linhas principais", afirma o especialista Paulo Bittencourt Sampaio. Além disso, a VarigLog não poderia usar a barriga dos aviões para carga. (JANAINA LAGE, MAELI PRADO, CLARICE SPITZ)

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