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Varig negocia avião com apoio do BNDES
Aérea pode ser a primeira a se beneficiar de linha para estimular a compra de aviões da Embraer por empresa nacional
Maria Silvia Bastos, cotada para assumir a presidência da nova empresa, fecha contrato para atuar como consultora por três meses
DA SUCURSAL DO RIO
DA REPORTAGEM LOCAL
DA FOLHA ONLINE, NO RIO
A nova Varig quer comprar
50 jatos da Embraer com apoio
do BNDES (Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e
Social). Se conseguir fechar o
negócio, será a primeira empresa brasileira a se beneficiar
de linha de financiamento criada pelo banco para estimular a
compra de jatos da Embraer
por companhias nacionais.
A nova Varig quer comprar
aviões modelo A190 (de 96 a
100 lugares) e A195 (de 108 a
118 lugares) para operar vôos
domésticos e alguns destinos
na América do Sul. O preço de
cada aeronave é estimado em
US$ 40 milhões, e o valor total
do negócio, em US$ 2 bilhões.
Uma parte do pacote de 50
aviões é de compras firmes, e o
restante, em opções de compra.
O número fechado vai depender dos "slots" (espaços de pouso e decolagem) que a empresa
conseguir manter.
Segundo Marco Antonio Audi, presidente do conselho de
administração da VarigLog
(nova dona da Varig), a empresa entrega hoje carta-consulta
ao BNDES. Trata-se da primeira etapa formal do trâmite para
obtenção de empréstimo.
Segundo o presidente do
BNDES, Demian Fiocca, desde
o ano passado o banco trabalha
com empresas aéreas brasileiras, como TAM e Gol, e com a
indústria de aeronaves para definir linhas de financiamento
que favoreçam o investimento
em aviões nacionais. "A Embraer, grande empresa nacional de aeronaves, tem principalmente o mercado internacional e se desenvolveu muito
com apoio do BNDES, mas a
formação das linhas que o banco operava estava voltada para
o perfil do mercado internacional", disse.
De acordo com a nova linha,
o banco financia até 85% do valor de cada aeronave. O valor é
composto por 90% em TJLP
(Taxa de Juros de Longo Prazo,
atualmente em 7,5% ao ano) e
10% em dólar. O financiamento
inclui TJLP mais "spread" de
1% ao ano acrescido do "spread"
de risco da empresa.
Com a demanda aquecida no
setor de aviação, a nova Varig
quer "comprar lugar na fila".
Na prática, os grandes fabricantes já estão com encomendas fechadas para o ano. A empresa procura os compradores
e pede para que o avião a ser entregue primeiro seja repassado
mediante o pagamento de uma
taxa. Segundo Audi, a Varig já
garantiu 6 dos 50 aviões. Uma
das empresas que deve ceder o
lugar é a Air Canada, com quem
a Varig mantém negociações.
A empresa ainda quer comprar 12 aviões para vôos intercontinentais. Segundo Audi, a
Varig está sondando a Airbus,
apesar de a fabricante ter negado oficialmente qualquer hipótese de negociação.
A nova Varig ainda não conseguiu definir um quadro de diretores, mas a executiva Maria
Silvia Bastos, sondada para
ocupar a presidência, assinou
ontem um contrato de consultoria pelos próximos três meses e não descartou a hipótese
de vir a ocupar a presidência no
futuro. Ela fez parte da equipe
que foi ao BNDES ontem para
conhecer a linha de financiamento e apresentar o plano de
negócios.
Os modelos da Embraer, segundo especialistas consultados pela reportagem, não seriam os melhores para a Varig.
Isso porque a companhia aérea
não seria competitiva com
TAM e Gol nas rotas domésticas principais, já que o custo
por assento a cada quilômetro
voado nesses modelos de avião
é maior. Além disso, essas aeronaves não podem ser usadas
em rotas internacionais.
"Com esses modelos, eles
não conseguiriam competir em
termos de tarifa. Os preços teriam que ser muito mais elevados que TAM e Gol. Eles teriam
uma companhia que não será
competitiva nas linhas principais", afirma o especialista
Paulo Bittencourt Sampaio.
Além disso, a VarigLog não poderia usar a barriga dos aviões
para carga.
(JANAINA LAGE, MAELI PRADO, CLARICE SPITZ)
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