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Empresas listadas na Bovespa perdem US$ 273,6 bilhões em valor de mercado
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Um dia após o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva afirmar que o Brasil não seria afetado pela crise financeira mundial originada nos Estados Unidos, 316 empresas listadas na
Bolsa de Valores registraram
perdas no seu valor de mercado
de US$ 273,6 bilhões, segundo
levantamento feito pela consultoria Economática.
O levantamento mostra que,
no dia de 19 de julho, pouco antes de surgirem os primeiros
problemas no setor imobiliário
norte-americano, essas empresas que têm ações negociadas
no mercado valiam US$ 1,003
trilhão. Exatamente quatro semanas depois, o valor delas caiu
para US$ 729,2 bilhões.
A queda não foi exclusividade do Brasil. Nas sete principais
economias da América Latina,
a perda chegou a US$ 415,1 bilhões, envolvendo 775 empresas. Nos Estados Unidos, fonte
do estresse atual vivido no mercado, 1.204 empresas pesquisadas perderam, em um mês,
US$ 1,612 trilhão do seu valor.
O Brasil, por ser o maior mercado na América Latina e também um dos que mais registraram ingressos de capital estrangeiro nos últimos anos, sofre proporcionalmente ao seu
tamanho. No México, por
exemplo, segundo mercado da
região, as 103 empresas pesquisadas valiam US$ 459,5 bilhões, em 19 de julho, menos da
metade da Bolsa brasileira. Ontem, as companhias estavam
avaliadas em US$ 383,1 bilhões,
uma queda de US$ 76,4 bilhões.
"Os investidores estrangeiros têm vencimentos a honrar
e, com as perdas registradas,
encerram posições em mercados mais líquidos para fazer
caixa. Por isso, a Bovespa sofre
tanto", avalia Edison Garcia,
ex-diretor da CVM (Comissão
de Valores Mobiliários) e atualmente superintendente da
Amec (Associação de Investidores do Mercado de Capitais).
Ele lembra que, nos últimos
dois anos, 70% do dinheiro negociado nas ofertas públicas de
ações no Brasil veio do exterior.
"Há dois anos, o valor de mercado das empresas brasileiras
também era bem menor. Os estrangeiros ajudaram a elevar.
Agora, estamos pagando o preço disso", argumenta Luiz Leonardo Cantidiano, ex-presidente da CVM.
Segundo ele, o importante é
não permitir que o pavor se instale no mercado. O gerente de
operações da corretora Fator,
Demetrius Borel Lucindo, diz
que pavor foi justamente a palavra do dia, ontem, no mercado financeiro. "Na minha vida
profissional tive três momentos de muito pânico: no caso
Nahas, na queda das Torres Gêmeas e hoje [ontem]", afirmou,
referindo-se ao episódio que
desencadeou a quebra da Bolsa
do Rio de Janeiro, na década de
80, e ao ataque terrorista ao
World Trade Center, nos EUA.
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