São Paulo, domingo, 17 de agosto de 2008

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Consumidores recorrem a entidade de defesa

JULIO WIZIACK
DA REPORTAGEM LOCAL

Assinantes do Speedy da Telefônica reclamam que os preços praticados pela operadora na venda do serviço de acesso à internet rápida não respeita as regras definidas pela Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações), que deveriam garantir isonomia de preços entre a capital e o interior, mesmo com promoções.
O assunto já foi parar nos balcões de reclamação da Pro Teste (Associação Brasileira de Defesa do Consumidor). "Recebemos diversos casos de clientes que ligaram para a Telefônica porque perceberam que estavam pagando mais pelo mesmo serviço," diz Maria Inês Dolci, coordenadora institucional da Pro Teste e colunista da Folha.
Klaus Breit, morador em Diadema, é um dos reclamantes. No final de 2007, ele entrou em contato com a Telefônica pedindo desconto na assinatura. Ele pagava R$ 88,70 pelo pacote de 500 Kbps. Conseguiu reduzir seu plano para cerca de R$ 45 e ter a velocidade ampliada para 1 mega, mas apenas por um período de seis meses. Depois disso, descobriu que o preço para essa velocidade é de R$ 69,90. "Isso não é justo. Continuo reclamando."
A Telefônica cobra R$ 69,90, R$ 89,90, R$ 109,90 e R$ 199,90 para os planos de 1, 2, 4 e 8 mega, respectivamente. A Folha pediu que alguns clientes simulassem a compra de um novo plano via "Atendimento Online", disponível pelo site da operadora. Quem estava na capital e na Grande São Paulo conseguiria descontos de até R$ 10 nos preços divulgados ao público se fechasse a compra.
Um dos clientes pediu banda larga na capital. Os preços oferecidos pelos planos de 2 mega e 4 mega caíram para R$ 79,90 e R$ 99,90, respectivamente.
Outro cliente, em São Caetano do Sul, conseguiu as mesmas condições. Mas Willian Salvador, morador de Barretos, que fica a 440 quilômetros da capital, não obteve o desconto de R$ 10. "A única vantagem que me deram foram dois meses de acesso grátis", afirma.
Salvador informa ainda que há meses tenta, sem sucesso, reduzir o preço de seu pacote de 1 mega. "Além disso, os planos atuais ofertam velocidade de retorno de 300 Kpbs. Pago mais e só tenho 128 Kbps de retorno." A velocidade de retorno é aquela que garante rapidez a um "upload" (processo quando se envia uma foto para sites como o Orkut). Segundo ele, a operadora alega que há limitações técnicas para que o produto seja ofertado no município.

Concorrência
Para Eduardo Tude, diretor do Teleco, consultoria especializada em telecomunicações, as operadoras não podem ofertar os mesmos planos com preços diferentes. "Mas nada impede que elas pratiquem descontos", diz. "Isso é concorrência."
Segundo Tude, as operadoras costumam dar descontos para clientes que consomem mais. Nas grandes cidades, essa prática seria freqüente porque há volume e ganhos de escala. Mas, ainda segundo ele, a entrada da Net com a oferta de acesso à banda larga via cabo acirrou a disputa em São Paulo.
Embora não haja números por cidade, dá para ter uma idéia dessa disputa em nível nacional. A participação de mercado da Net passou de 17,4%, no segundo trimestre de 2007, para 20,1%. Nesse período, a Telefônica caiu de 28,2% para 25,7%. "Certamente, a competição entre as duas ajuda a explicar os descontos", diz Tude.
A assessoria de imprensa da Net informa que pratica os mesmos preços para seus planos. A Telefônica afirma que o preço dos planos é único e que a política de descontos faz parte de seu negócio.


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