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Consumidores recorrem a entidade de defesa
JULIO WIZIACK
DA REPORTAGEM LOCAL
Assinantes do Speedy da Telefônica reclamam que os preços praticados pela operadora
na venda do serviço de acesso à
internet rápida não respeita as
regras definidas pela Anatel
(Agência Nacional de Telecomunicações), que deveriam garantir isonomia de preços entre
a capital e o interior, mesmo
com promoções.
O assunto já foi parar nos balcões de reclamação da Pro Teste (Associação Brasileira de Defesa do Consumidor). "Recebemos diversos casos de clientes
que ligaram para a Telefônica
porque perceberam que estavam pagando mais pelo mesmo
serviço," diz Maria Inês Dolci,
coordenadora institucional da
Pro Teste e colunista da Folha.
Klaus Breit, morador em
Diadema, é um dos reclamantes. No final de 2007, ele entrou em contato com a Telefônica pedindo desconto na assinatura. Ele pagava R$ 88,70 pelo pacote de 500 Kbps. Conseguiu reduzir seu plano para
cerca de R$ 45 e ter a velocidade ampliada para 1 mega, mas
apenas por um período de seis
meses. Depois disso, descobriu
que o preço para essa velocidade é de R$ 69,90. "Isso não é
justo. Continuo reclamando."
A Telefônica cobra R$ 69,90,
R$ 89,90, R$ 109,90 e R$
199,90 para os planos de 1, 2, 4
e 8 mega, respectivamente. A
Folha pediu que alguns clientes simulassem a compra de um
novo plano via "Atendimento
Online", disponível pelo site da
operadora. Quem estava na capital e na Grande São Paulo
conseguiria descontos de até
R$ 10 nos preços divulgados ao
público se fechasse a compra.
Um dos clientes pediu banda
larga na capital. Os preços oferecidos pelos planos de 2 mega
e 4 mega caíram para R$ 79,90
e R$ 99,90, respectivamente.
Outro cliente, em São Caetano do Sul, conseguiu as mesmas condições. Mas Willian
Salvador, morador de Barretos,
que fica a 440 quilômetros da
capital, não obteve o desconto
de R$ 10. "A única vantagem
que me deram foram dois meses de acesso grátis", afirma.
Salvador informa ainda que
há meses tenta, sem sucesso,
reduzir o preço de seu pacote
de 1 mega. "Além disso, os planos atuais ofertam velocidade
de retorno de 300 Kpbs. Pago
mais e só tenho 128 Kbps de retorno." A velocidade de retorno
é aquela que garante rapidez a
um "upload" (processo quando
se envia uma foto para sites como o Orkut). Segundo ele, a
operadora alega que há limitações técnicas para que o produto seja ofertado no município.
Concorrência
Para Eduardo Tude, diretor
do Teleco, consultoria especializada em telecomunicações, as
operadoras não podem ofertar
os mesmos planos com preços
diferentes. "Mas nada impede
que elas pratiquem descontos",
diz. "Isso é concorrência."
Segundo Tude, as operadoras
costumam dar descontos para
clientes que consomem mais.
Nas grandes cidades, essa prática seria freqüente porque há
volume e ganhos de escala.
Mas, ainda segundo ele, a entrada da Net com a oferta de
acesso à banda larga via cabo
acirrou a disputa em São Paulo.
Embora não haja números
por cidade, dá para ter uma
idéia dessa disputa em nível nacional. A participação de mercado da Net passou de 17,4%,
no segundo trimestre de 2007,
para 20,1%. Nesse período, a
Telefônica caiu de 28,2% para
25,7%. "Certamente, a competição entre as duas ajuda a explicar os descontos", diz Tude.
A assessoria de imprensa da
Net informa que pratica os
mesmos preços para seus planos. A Telefônica afirma que o
preço dos planos é único e que a
política de descontos faz parte
de seu negócio.
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