|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Reforma tributária não prevê mais alíquotas para o IR
Governo enviou proposta de emenda constitucional ao Congresso; ampliação do número poderá ser feita por lei
Relator diz que, se a PEC for aprovada, o país passará a tributar menos o consumo
e mais a renda, como as nações mais desenvolvidas
MARCOS CÉZARI
DA REPORTAGEM LOCAL
A proposta de reforma tributária do governo não prevê a
ampliação do número de alíquotas do Imposto de Renda
para as pessoas físicas.
Em entrevista à Folha no
início do mês, a nova secretária
da Receita Federal, Lina Maria
Vieira, considerou necessário
ampliar o número de alíquotas
(hoje são duas, 15% e 27,5%).
Ela não disse qual forma poderia ser usada para a ampliação do número -se por projeto
de lei, por exemplo-, mas apenas que o assunto precisa ser
estudado (ver texto ao lado).
A proposta de reforma tributária, encaminhada ao Congresso pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, ao final de
fevereiro deste ano -época em
que a Receita era comandada
por Jorge Rachid-, está em
análise pela comissão especial
da Câmara dos Deputados criada para cuidar do tema.
Segundo o deputado Sandro
Mabel (PR-GO), relator da reforma tributária, o texto não
prevê mais alíquotas para as
pessoas físicas porque o governo enviou uma PEC (proposta
de emenda constitucional) ao
Congresso.
Como a Constituição Federal não trata de alíquotas, não
será possível alterar o número
delas na tabela da pessoa física
por meio do projeto de reforma
tributária. Uma forma de ampliar o número de alíquotas pode ser por meio de lei ordinária.
O deputado informou que a
análise do mérito (conteúdo)
da proposta pela comissão especial está quase concluída.
"Está quase 90% pronto. Faltam pequenos ajustes", disse
Mabel. Depois de passar pela
comissão, a PEC segue para ser
apreciada, em dois turnos, pelo
plenário da Câmara. Se aprovada, vai ao Senado.
Segundo Mabel, se a PEC for
aprovada, o país passará a tributar menos o consumo e mais
a renda, como já fazem as nações mais desenvolvidas. "Hoje, as famílias que ganham até
três salários mínimos [R$
1.245] por mês têm carga tributária em torno de 48%. É preciso tributar menos o consumo e
mais a renda. A reforma vai
corrigir essa distorção."
Estudos mostram que as famílias que ganham entre 10 e
15 salários mínimos (R$ 4.150 a
R$ 6.225) têm carga tributária
em torno de 30%; as que ganham mais de 30 salários (R$
12.450), têm carga de 26%. Isso
ocorre porque quem ganha
menos gasta tudo, sem poupar.
Como há maior taxação sobre o
consumo, a carga fiscal acaba
sendo maior para os pobres.
Texto Anterior: 'Blindados' da crise, siderurgia, energia e carros lideram ganhos Próximo Texto: Gestão anterior da Receita era contra ampliação Índice
|