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Margem de erro segue com nova metodologia
DO ENVIADO ESPECIAL A CAMPINAS
Nenhuma previsão pode ser totalmente exata, diz Adriano Azevedo, professor de estatística e pesquisador do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP. O levantamento acurado sempre, em algum momento, esbarra em limitações, principalmente de ordem técnica, diz ele.
"Todo o modelo é limitado. Por menor que seja a margem de erro, ela sempre vai existir."
Para ele, porém, é possível criar uma metodologia transparente, cuja estrutura seja acessível a todos, levando em conta até mesmo variáveis não explicitamente ligadas à agricultura, mas que podem influenciar na safra.
Um exemplo é o mercado de insumos. Os movimentos nesse setor, casados com as informações tradicionais, servem para "calibrar" as projeções sobre a próxima safra. Mais insumos vendidos
indicam aumento na produção,
menos indicam queda.
Outra limitação é que, segundo
José Carlos Neves Epiphanio, chefe da Divisão de Sensoriamento
Remoto do Inpe, utilizar apenas
satélites para fazer a previsão de
safra é uma utopia. Daí a necessidade das equipes de campo. O
ideal seria usar os satélites para
obter uma imagem "amostral" da
lavoura e contrapor com as informações dos agrônomos.
O problema, entretanto, é ainda
maior. Hoje, o Brasil tem cerca de
15 anos de experiência na utilização de satélites da família Landsat. Segundo especialistas, porém,
esse pode não ser o melhor satélite para esse tipo de trabalho.
Financiamento
Outra dificuldade seria o dinheiro para tocar o projeto. Os
cientistas esperam, porém, superar esse problema com recursos
de um fundo setorial a ser criado
pelo Ministério da Ciência e Tecnologia. Ele já foi autorizado, mas
ainda não criado, o que deve
acontecer até o fim desse ano.
O volume total de recursos desse fundo deve ser de cerca de R$
35 milhões. A idéia do ministério
é priorizar projetos de pesquisa
em rede, promovendo o intercâmbio entre institutos e universidades. Essa é, segundo Eduardo
Assad, da Embrapa Informática, a
maior vantagem do grupo reunido em Campinas na semana passada, já que todos os participantes
aceitaram trabalhar em conjunto
para conseguir melhorar o método de previsão de safra.
IBGE
Segundo Carlos Alberto Lauria,
chefe do Departamento de Agropecuária do IBGE, a instituição já
tem um programa semelhante
para melhorar seu levantamento
de safra. O projeto, iniciado em
1987, foi conduzido no Paraná,
em São Paulo, em Santa Catarina
e no Distrito Federal. Hoje, porém, só permanece no Paraná
pois, segundo Lauria, está sendo
reavaliado pelo IBGE.
Mesmo assim, a instituição, diz
Lauria, não descarta uma parceria
com as entidades de pesquisa para melhorar os métodos de avaliação da safra. Segundo ele, realmente o método utilizado hoje
pelo IBGE na maior parte do país
é deficiente e a margem de erro
pode ser bastante diminuída. "Essa metodologia proposta, que parece ser bastante próxima da que
temos no Paraná, é muito boa,
apesar de sua implantação ser relativamente cara", diz ele.
A única ressalva, porém, diz respeito à avaliação das culturas pequenas. Segundo o chefe do Departamento de Agropecuária, é
muito difícil e caro fazer o levantamento de produtos não extensivos. (JSO)
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