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Bancos apostam em queda da Selic para 20%
DA REPORTAGEM LOCAL
Na véspera da reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), que decide hoje a nova taxa
de juros, bancos e consultorias
mantinham a aposta consensual
em queda de dois pontos percentuais. É o que revela pesquisa feita
ontem pela Folha com economistas de 11 instituições.
"O Copom deve reduzir os juros
em dois pontos porque, se for
além disso, esbarra na preocupação com a inflação, se for aquém
disso, esbarra na preocupação
com os juros reais, ainda muito
elevados", afirma Tomás Málaga,
economista-chefe do Itaú.
Entre os 11 entrevistados, 10 disseram estar esperando redução da
Selic, taxa básica de juros, dos
atuais 22% ao ano para 20%. Pesquisa recente da agência de notícias "Reuters" com 20 instituições
também revelou que 12 delas esperavam corte de juros de dois
pontos percentuais. Outras cinco
apostavam em redução de cinco
pontos e apenas três falaram em
queda de 2,5 pontos.
Já entre os entrevistados pela
Folha, apenas a LCA Consultores
falou de queda entre 1,5 ponto e
dois pontos.
"Achamos que o corte pode ser
de 1,5 a 2 pontos por causa do perfil conservador da diretoria do
BC. Além disso no último boletim
Focus houve aumento nas projeções de inflação para 2003 e para
os próximos 12 meses em quatro
índices", diz Luís Suzigan, economista-chefe da LCA.
No entanto, a maior parte das
instituições ouvidas não descarta
totalmente a possibilidade de que
a autoridade monetária seja mais
agressiva e reduza os juros para
menos de 20% ao ano.
Recuperação
Se os juros forem para 20%
amanhã, terão caído mais de seis
pontos percentuais em um período de três meses. É uma redução
considerada agressiva pelo mercado financeiro, embora críticos
da política monetária, como o
próprio vice-presidente, José
Alencar (PL), já pedissem queda
da Selic há vários meses.
Em agosto passado, por exemplo, o Banco Central surpreendeu
os analistas ao cortar os juros em
2,5 pontos percentuais.
Apesar da velocidade recente
dos cortes de juros, a economia
deverá demorar ainda alguns meses para se recuperar.
Os economistas ouvidos pela
Folha dizem que a melhora de indicadores macroeconômicos importantes, como os níveis de renda e emprego e o crescimento da
produção industrial, só deverá
ocorrer no fim deste ano ou no
início de 2004.
"Ainda não existem sinais concretos de recuperação. Na verdade, os indicadores recentes ainda
são muito ruins. É difícil fazer
uma projeção precisa, mas acredito que a economia ainda leve,
no mínimo, dois meses para começar a reagir", afirma Marcelo
Cypriano, economista do BankBoston.
Confiança
Para Roberto Padovani, da consultoria Tendências, é possível
que ocorra uma leve recuperação
do consumo no curto prazo. "Como a questão da queda dos juros
ficou muito politizada e ganhou
muito espaço na mídia, é possível
que essa redução agora já afete a
confiança do consumidor de forma positiva", diz o economista.
No entanto, uma recuperação
mais forte e generalizada dos indicadores econômicos, só deverá vir
no início do próximo ano, de
acordo com Padovani.
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