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São Paulo, quarta-feira, 17 de setembro de 2003

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Bancos apostam em queda da Selic para 20%

DA REPORTAGEM LOCAL

Na véspera da reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), que decide hoje a nova taxa de juros, bancos e consultorias mantinham a aposta consensual em queda de dois pontos percentuais. É o que revela pesquisa feita ontem pela Folha com economistas de 11 instituições.
"O Copom deve reduzir os juros em dois pontos porque, se for além disso, esbarra na preocupação com a inflação, se for aquém disso, esbarra na preocupação com os juros reais, ainda muito elevados", afirma Tomás Málaga, economista-chefe do Itaú.
Entre os 11 entrevistados, 10 disseram estar esperando redução da Selic, taxa básica de juros, dos atuais 22% ao ano para 20%. Pesquisa recente da agência de notícias "Reuters" com 20 instituições também revelou que 12 delas esperavam corte de juros de dois pontos percentuais. Outras cinco apostavam em redução de cinco pontos e apenas três falaram em queda de 2,5 pontos.
Já entre os entrevistados pela Folha, apenas a LCA Consultores falou de queda entre 1,5 ponto e dois pontos.
"Achamos que o corte pode ser de 1,5 a 2 pontos por causa do perfil conservador da diretoria do BC. Além disso no último boletim Focus houve aumento nas projeções de inflação para 2003 e para os próximos 12 meses em quatro índices", diz Luís Suzigan, economista-chefe da LCA.
No entanto, a maior parte das instituições ouvidas não descarta totalmente a possibilidade de que a autoridade monetária seja mais agressiva e reduza os juros para menos de 20% ao ano.

Recuperação
Se os juros forem para 20% amanhã, terão caído mais de seis pontos percentuais em um período de três meses. É uma redução considerada agressiva pelo mercado financeiro, embora críticos da política monetária, como o próprio vice-presidente, José Alencar (PL), já pedissem queda da Selic há vários meses.
Em agosto passado, por exemplo, o Banco Central surpreendeu os analistas ao cortar os juros em 2,5 pontos percentuais.
Apesar da velocidade recente dos cortes de juros, a economia deverá demorar ainda alguns meses para se recuperar.
Os economistas ouvidos pela Folha dizem que a melhora de indicadores macroeconômicos importantes, como os níveis de renda e emprego e o crescimento da produção industrial, só deverá ocorrer no fim deste ano ou no início de 2004.
"Ainda não existem sinais concretos de recuperação. Na verdade, os indicadores recentes ainda são muito ruins. É difícil fazer uma projeção precisa, mas acredito que a economia ainda leve, no mínimo, dois meses para começar a reagir", afirma Marcelo Cypriano, economista do BankBoston.

Confiança
Para Roberto Padovani, da consultoria Tendências, é possível que ocorra uma leve recuperação do consumo no curto prazo. "Como a questão da queda dos juros ficou muito politizada e ganhou muito espaço na mídia, é possível que essa redução agora já afete a confiança do consumidor de forma positiva", diz o economista.
No entanto, uma recuperação mais forte e generalizada dos indicadores econômicos, só deverá vir no início do próximo ano, de acordo com Padovani.


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