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VIDA BOA
Levantamento ouviu 55 mil pessoas de oito países
Brasileiro é o menos "viciado" em trabalho da AL, afirma pesquisa
ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Uma análise a respeito do perfil
psicológico de consumidores na
América Latina mostra que os
brasileiros são os menos "viciados" em trabalho na região. Os argentinos, os mexicanos e os chilenos aparecem, nessa recente pesquisa, como os mais aficionados
no assunto vida profissional.
O levantamento apresentou um
fato curioso entre os povos analisados: quando questionado sobre
o que faria caso recebesse uma
bolada extra -como se ganhasse
na loteria, por exemplo- o brasileiro afirmou que continuaria trabalhando normalmente.
Segundo especialistas que analisaram os dados, tal fato ocorre
porque, ainda que menos "workaholic" que outros povos, o brasileiro sente uma necessidade
maior de se manter empregado.
Os dados pertencem a um levantamento da Target Group Index Latina (um dos serviços do
Ibope Mídia) elaborado em parceria com a empresa Kantar Media Research. A pesquisa sobre
hábitos e perfil psicológico do
consumidor, que é realizada
anualmente, entrevistou 55 mil
pessoas em oito países da América Latina.
De acordo com esse estudo,
quatro em cada dez brasileiros dizem que não se consideram obcecados pelo próprio trabalho. Pela
metodologia do trabalho o índice
atribuído ao país pela pesquisa está em 77. Quanto mais distante da
base 100, menor é o índice de pessoas classificadas como "workaholics" -"viciadas" em trabalho.
No México, o índice está em 120,
o que significa que seis em cada
dez se consideram "viciados" em
trabalho. As pesquisas foram feitas nas principais cidades industriais dos países analisados. Ou
seja: São Paulo, Santiago, Buenos
Aires e Cidade do México, por
exemplo. O trabalho iniciou-se no
final de 2002 e foi concluído no final do primeiro semestre.
"Dinheiro fácil"
O levantamento detectou uma
aparente contradição nas respostas dos entrevistados no Brasil
-foram 1.792 pessoas-, segundo os especialistas.
Ao mesmo tempo em que o brasileiro não se vê como um aficionado pelo trabalho, ele se manteria no emprego mesmo se ganhasse na loteria. Na pesquisa,
uma das afirmações que deveria
ser refutadas ou não era: "se ganhasse na loteria, não voltaria a
trabalhar nunca mais".
Por trás dessa resposta, figura
um antigo conceito -comum no
país- que pode explicar a contradição e lembrado pelos coordenadores. Aquele que diz que "o
dinheiro que chega fácil desaparece facilmente também".
Essa noção está menos presente
na cultura dos mexicanos e argentinos, explicam os responsáveis
pela coordenação do estudo na
Cidade do México.
Além disso, recentes crises econômicas na América Latina influenciaram o comportamento
dos povos em relação às suas percepções sobre o trabalho e, consequentemente, influenciaram o resultado do estudo.
A forte queda na renda dos argentinos, devido à crise econômica dos últimos anos, por exemplo,
segundo o levantamento feito pela Target nesse país, ajuda a entender por que a população local
responde positivamente à afirmação "sou "viciado" em trabalho".
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