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Turbulência nos mercados afeta corrida por controle mundial do banco holandês
DA REPORTAGEM LOCAL
Maior símbolo da pujança recente da indústria bancária global, a disputa pelo holandês
ABN Amro Bank ficou em segundo plano após a crise nos
mercados, originária do crédito
imobiliário ruim nos EUA e que
afeta diretamente a contabilidade dos maiores bancos do
mundo. A turbulência derrubou o preço das ações do setor e
representou um duro golpe na
ambição do britânico Barclays
de comprar o banco holandês
por meio de troca de ações.
Por conta do impacto da crise
no preço das ações, a oferta do
Barclays pelo ABN era avaliada
na sexta em cerca de US$ 82 bilhões, enquanto a do consórcio
Santander/Fortis/RBS -que é
93% em dinheiro- soma hoje
cerca de US$ 97 bilhões. As
duas propostas devem ser avaliadas na quinta pelos acionistas do ABN, mas a decisão só sai
a partir do dia 4 de outubro.
Ontem, o conselho do ABN
informou que não recomendará nenhuma das duas propostas
para os acionistas. Em maio, o
mesmo conselho chegou a
anunciar o fechamento do negócio com o Barclays.
Os gestores do banco holandês foram duramente criticados pelos acionistas por recomendar a proposta do Barclays
mesmo sabendo que a oferta do
consórcio era superior, sendo a
maior parte em "cash". A diferença é que o consórcio quer
retaliar as subsidiárias do banco no mundo, enquanto o Barclays somaria esforços para enfrentar a concorrência com as
grandes instituições globais, de
perfil mais agressivo.
No comunicado divulgado
ontem, o ABN afirmou apenas
que a proposta do consórcio era
mais arriscada. Para os conselheiros, a soma de dinheiro que
o consórcio ainda precisa levantar é "alta em termos absolutos e relativos" e que as "circunstâncias de mercado são voláteis" neste momento.
Enquanto a proposta do Barclays passou pelos órgãos reguladores, a oferta do consórcio
aguarda referendo das autoridades financeiras holandesas e
a aprovação dos reguladores da
União Européia.
Os bancários holandeses manifestaram preocupação com
ambas as propostas, mas parecem mais favoráveis à oferta do
Barclays. Isso porque a vitória
do consórcio deve trazer maior
sobreposição de funções entre
o ABN e o Fortis, o que resultaria em mais demissões.
O Barclays afirmou que demitiria 20 mil pessoas, a maior
parte no Reino Unido, em conseqüência da fusão. Já o consórcio informou que tentará fazer a maior parte dos desligamentos por meio de programas
de demissão voluntária.
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