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Mercado Aberto
GUILHERME BARROS - guilherme.barros@uol.com.br
"O jeito é orar e vigiar", diz Paulo Bernardo
O setor financeiro no Brasil
não ficará totalmente imune
aos efeitos da crise global. Os
bancos brasileiros já sentem os
efeitos da retração das linhas
de crédito externas e estão repassando esse aperto para os
seus clientes. As conseqüências
desse processo serão um ritmo
menor do crescimento do crédito e o aumento dos juros.
Os economistas chamam esse fenômeno de "credit
crunch", que significa a paralisia geral do crédito no mundo.
Antes, o crédito estava travado
principalmente no mercado
imobiliário americano. Agora,
com o agravamento da crise, a
retração do crédito se expandiu
para todos os setores.
Apesar de o setor real não ter
percebido essa situação, o Brasil vai sofrer as conseqüências
desse aperto do crédito. A dúvida é saber qual será o efeito dessa retração do crédito sobre o
crescimento da economia.
O crescimento deste ano não
deve ser muito afetado, apesar
de ser inevitável uma desaceleração no segundo semestre. O
PIB deve se expandir entre 5%
e 5,5%. Já para 2009, as previsões vão de 3,5% a 4,5%.
Um dos efeitos considerados
inevitáveis do "credit crunch"
será uma redução da quantidade de dinheiro que entra no
Brasil para a produção, o chamado investimento direto estrangeiro. O financiamento externo é a principal fonte de recurso do investimento de fora.
O ministro do Planejamento,
Paulo Bernardo, diz que o governo não tem, até agora, uma
receita pronta para enfrentar a
crise. O que tem que se fazer, na
sua opinião, é adotar uma postura defensiva para minimizar
os efeitos da crise.
Ele chama de postura defensiva o que, na verdade, o governo já vem fazendo, quando aumentou, por exemplo, o superávit primário ou quando decidiu aumentar os juros.
"Enquanto o mundo está baixando os juros, nós decidimos
bater duro na inflação com os
aumentos de juros", afirmou.
Paulo Bernardo diz que o governo está consciente de que o
quadro se agravou nesta semana, mas por enquanto, a seu ver,
é difícil saber o alcance dessa
crise.
O ministro do Planejamento
admite as dificuldades com a
obtenção de crédito externo,
mas acha possível o país crescer
mais de 5% neste ano e 4,5%
em 2009.
Mas, por enquanto, no olho
do furacão da crise, o governo,
assim como dez entre dez analistas, ainda não sabe exatamente a dimensão da crise e
que medidas pode tomar.
"Não temos receita pronta. O
jeito é orar e vigiar", diz Paulo
Bernardo.
S.O.S.
Com poder de atuação limitado sobre a crise financeira, mas dono de um prestígio considerável no mercado, o prefeito de Nova York,
Michael Bloomberg, tem dado seu apoio moral. Segundo
o "New York Times",
Bloomberg telefonou ao
presidente do Merrill
Lynch, Gregory Fleming.
"Como eu posso ajudar?",
perguntou o prefeito, que
tem passado os últimos dias
discando para os cabeças
dos maiores bancos do país.
Falou também com Richard
Fuld, do Lehman Brothers, e
Kenneth Lewis, do Bank of
America. Henry Paulson, secretário do Tesouro, Christopher Cox, da SEC, e outros
também o ouviram.
NOS MÍNIMOS DETALHES
A gestão de processos -organização do trabalho para
melhorar o desempenho das empresas- diminui em 19%
a realização de tarefas repetidas, mostra estudo da Compass Internacional com 52 organizações no país. Segundo
a pesquisa, só 10% das grandes empresas não contratam
consultoria para desenvolver projetos. Entre as micro e as
pequenas, o percentual é de 67% e 40%, respectivamente.
Marcelo Raducziner, responsável pela pesquisa, diz que
as empresas no país evoluíram na gestão dos processos.
DE PANO
Após a queda de 4,5% em
agosto ante julho, as vendas
de cama, mesa e banho subiram 2,5% na primeira quinzena de setembro, segundo o
Sindicato do Comércio Atacadista de Tecidos de SP.
MAIS ESPAÇO
O escritório Olimpio de
Azevedo abriu um departamento para atuar em resseguros. A banca contratou o
advogado Márcio N. Baeta,
ex-diretor do IRB-Brasil Re,
para coordenar a equipe.
DESEMBARQUE
Robin Breckenridge, responsável pelas parcerias que
a Roche faz no mundo, estará em São Paulo, dia 30, para
a Biolatina 2008, evento de
negócios em biotecnologia.
CAFEZINHO
Segundo o instituto Qualibest, 71% dos brasileiros
costumam comprar café e
68% o consomem diariamente. A pesquisa foi feita
com base em 2.975 entrevistas. Na compra do produto,
qualidade é o mais importante para o consumidor,
com 61% das respostas, seguido por sabor (58%). Os tipos de embalagens mais
compradas são as de vácuo
(44%) e pacote e almofada
(31%). Só 9% compram café
em potes de vidro.
AO NORTE
A Gomes da Costa, empresa do grupo Calvo especializada em pescados, abre escritório em São Luís, no Maranhão. Um dos objetivos da
unidade é alavancar os negócios na região Norte.
HIPPIE MENOS CHIC
As grifes de moda ainda
esperam que as novidades
mostradas na semana de
moda de Nova York atraiam
clientes, mas as consumidoras já sinalizam que não querem trocar o guarda-roupa
em meio à crise, segundo o
"Wall Street Journal". A especialista em investimentos
Susan Rogers, que diz trabalhar "em um banco que ainda não fechou", reduzirá os
gastos: "Preciso mesmo de
uma bolsa de US$ 1.500 a cada seis meses?" Rogers, que
gastava US$ 15 mil para renovar o armário, agora está
disposta a investir US$ 10
mil nos mimos. Estilos como
hippie e minimalista são
apostas dos varejistas.
com JOANA CUNHA e VERENA FORNETTI
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