São Paulo, quarta-feira, 17 de setembro de 2008

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Mercado Aberto

GUILHERME BARROS - guilherme.barros@uol.com.br

"O jeito é orar e vigiar", diz Paulo Bernardo

O setor financeiro no Brasil não ficará totalmente imune aos efeitos da crise global. Os bancos brasileiros já sentem os efeitos da retração das linhas de crédito externas e estão repassando esse aperto para os seus clientes. As conseqüências desse processo serão um ritmo menor do crescimento do crédito e o aumento dos juros.
Os economistas chamam esse fenômeno de "credit crunch", que significa a paralisia geral do crédito no mundo. Antes, o crédito estava travado principalmente no mercado imobiliário americano. Agora, com o agravamento da crise, a retração do crédito se expandiu para todos os setores.
Apesar de o setor real não ter percebido essa situação, o Brasil vai sofrer as conseqüências desse aperto do crédito. A dúvida é saber qual será o efeito dessa retração do crédito sobre o crescimento da economia.
O crescimento deste ano não deve ser muito afetado, apesar de ser inevitável uma desaceleração no segundo semestre. O PIB deve se expandir entre 5% e 5,5%. Já para 2009, as previsões vão de 3,5% a 4,5%.
Um dos efeitos considerados inevitáveis do "credit crunch" será uma redução da quantidade de dinheiro que entra no Brasil para a produção, o chamado investimento direto estrangeiro. O financiamento externo é a principal fonte de recurso do investimento de fora.
O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, diz que o governo não tem, até agora, uma receita pronta para enfrentar a crise. O que tem que se fazer, na sua opinião, é adotar uma postura defensiva para minimizar os efeitos da crise.
Ele chama de postura defensiva o que, na verdade, o governo já vem fazendo, quando aumentou, por exemplo, o superávit primário ou quando decidiu aumentar os juros.
"Enquanto o mundo está baixando os juros, nós decidimos bater duro na inflação com os aumentos de juros", afirmou.
Paulo Bernardo diz que o governo está consciente de que o quadro se agravou nesta semana, mas por enquanto, a seu ver, é difícil saber o alcance dessa crise.
O ministro do Planejamento admite as dificuldades com a obtenção de crédito externo, mas acha possível o país crescer mais de 5% neste ano e 4,5% em 2009.
Mas, por enquanto, no olho do furacão da crise, o governo, assim como dez entre dez analistas, ainda não sabe exatamente a dimensão da crise e que medidas pode tomar.
"Não temos receita pronta. O jeito é orar e vigiar", diz Paulo Bernardo.

S.O.S.
Com poder de atuação limitado sobre a crise financeira, mas dono de um prestígio considerável no mercado, o prefeito de Nova York, Michael Bloomberg, tem dado seu apoio moral. Segundo o "New York Times", Bloomberg telefonou ao presidente do Merrill Lynch, Gregory Fleming. "Como eu posso ajudar?", perguntou o prefeito, que tem passado os últimos dias discando para os cabeças dos maiores bancos do país.
Falou também com Richard Fuld, do Lehman Brothers, e Kenneth Lewis, do Bank of America. Henry Paulson, secretário do Tesouro, Christopher Cox, da SEC, e outros também o ouviram.

NOS MÍNIMOS DETALHES
A gestão de processos -organização do trabalho para melhorar o desempenho das empresas- diminui em 19% a realização de tarefas repetidas, mostra estudo da Compass Internacional com 52 organizações no país. Segundo a pesquisa, só 10% das grandes empresas não contratam consultoria para desenvolver projetos. Entre as micro e as pequenas, o percentual é de 67% e 40%, respectivamente. Marcelo Raducziner, responsável pela pesquisa, diz que as empresas no país evoluíram na gestão dos processos.

DE PANO
Após a queda de 4,5% em agosto ante julho, as vendas de cama, mesa e banho subiram 2,5% na primeira quinzena de setembro, segundo o Sindicato do Comércio Atacadista de Tecidos de SP.

MAIS ESPAÇO
O escritório Olimpio de Azevedo abriu um departamento para atuar em resseguros. A banca contratou o advogado Márcio N. Baeta, ex-diretor do IRB-Brasil Re, para coordenar a equipe.

DESEMBARQUE
Robin Breckenridge, responsável pelas parcerias que a Roche faz no mundo, estará em São Paulo, dia 30, para a Biolatina 2008, evento de negócios em biotecnologia.

CAFEZINHO
Segundo o instituto Qualibest, 71% dos brasileiros costumam comprar café e 68% o consomem diariamente. A pesquisa foi feita com base em 2.975 entrevistas. Na compra do produto, qualidade é o mais importante para o consumidor, com 61% das respostas, seguido por sabor (58%). Os tipos de embalagens mais compradas são as de vácuo (44%) e pacote e almofada (31%). Só 9% compram café em potes de vidro.

AO NORTE
A Gomes da Costa, empresa do grupo Calvo especializada em pescados, abre escritório em São Luís, no Maranhão. Um dos objetivos da unidade é alavancar os negócios na região Norte.

HIPPIE MENOS CHIC
As grifes de moda ainda esperam que as novidades mostradas na semana de moda de Nova York atraiam clientes, mas as consumidoras já sinalizam que não querem trocar o guarda-roupa em meio à crise, segundo o "Wall Street Journal". A especialista em investimentos Susan Rogers, que diz trabalhar "em um banco que ainda não fechou", reduzirá os gastos: "Preciso mesmo de uma bolsa de US$ 1.500 a cada seis meses?" Rogers, que gastava US$ 15 mil para renovar o armário, agora está disposta a investir US$ 10 mil nos mimos. Estilos como hippie e minimalista são apostas dos varejistas.

com JOANA CUNHA e VERENA FORNETTI


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