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BCs injetam US$ 250 bilhões em mercados
Aporte do Fed foi de US$ 70 bilhões em dois leilões, volume mais de três vez superior ao que havia anunciado, de US$ 20 bi
Pelo 2º dia consecutivo, sistema financeiro europeu recebeu bilionária injeção de liquidez: intervenção do BCE chegou a US$ 99,4 bi
MARCELO NINIO
DE GENEBRA
Bancos centrais ao redor do
globo injetaram ontem ao menos US$ 250 bilhões nos mercados financeiros, enquanto
crescia o temor de que a gigante
americana de seguros AIG siga
o caminho do Lehman Brothers. De Nova York a Tóquio,
os BCs saíram em socorro a um
mercado carente de liquidez e
de instituições financeiras
ameaçadas.
No olho do furacão, o Federal
Reserve (BC americano) injetou US$ 70 bilhões no mercado
em dois leilões, um volume
mais de três vezes superior ao
que havia anunciado, de US$
20 bilhões. De acordo com o
Fed, que disse considerar novas
intervenções, a demanda atingiu US$ 68,2 bilhões.
Diante da preocupação crescente com o riscos do crédito,
os principais BCs do mundo seguiram a mesma receita, injetando bilhões em recursos para
estabilizar o sistema financeiro. O BC japonês ofereceu US$
24 bilhões; o da Austrália, US$
1,5 bilhão; e o da Rússia -onde
o pregão de Moscou chegou a
ser suspenso em meio às maiores quedas dos últimos dez
anos-, um volume recorde de
US$ 18 bilhões.
Pelo segundo dia consecutivo, o sistema financeiro europeu recebeu ontem uma bilionária injeção de liquidez. Apenas a intervenção do BCE chegou a US$ 99,4 bilhões, mais
que o dobro do dia anterior
(US$ 42 bilhões). Mais uma vez
a demanda superou a oferta,
atingindo US$ 144,53 bilhões,
por 56 instituições. O BC britânico ofereceu US$ 35,6 bilhões,
numa operação que teve demanda de US$ 103,44 bilhões.
As intervenções não foram
suficientes para conter a instabilidade nas Bolsas, que tiveram um dia nervoso, principalmente para as ações de bancos
e seguradoras. Londres fechou
com queda de 3,43%; Milão, de
2,52%; Paris, de 1,96%; e Frankfurt, de 1,63%.
Foi mais uma jornada de fortes perdas para os bancos europeus: em Londres, as ações do
HBOS caíram 22% e as do Royal Bank of Scotland, 10%. Os
papéis do Barclays, que à noite
compraria parte das operações
do Lehman nos EUA, fecharam
com queda de 4.7%.
O suíço UBS, um dos bancos
mais atingidos neste ano pela
crise do "subprime" nos EUA,
com perdas acumuladas de
mais de US$ 40 bilhões, divulgou um comunicado afirmando
que o custo de sua exposição ao
Lehman será menor que US$
300 milhões. O anúncio amenizou um pouco a queda das
ações do banco na Bolsa de Zurique, que ainda assim recuaram 17% -um pouco mais que
os 15% do dia anterior.
"Está claro que a atual crise
dos mercados financeiros é a
pior em escala mundial em
anos. E ainda não terminou",
disse o ministro das Finanças
da Alemanha, Peer Steinbrueck, ao Parlamento de seu
país. Steinbrueck lembrou que
os riscos vão além do setor financeiro: se os bancos deixarem de fazer empréstimos a
empresas e indivíduos, o golpe
na economia real poderá ser
extremamente doloroso.
Há quem defenda que a crise
deve ficar restrita aos mercados de investimentos, mesmo
se os bancos de varejo sofrerem
os efeitos da relutância geral
em fazer empréstimos.
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