São Paulo, quarta-feira, 17 de setembro de 2008

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Fundos buscam ganhos com dólar e juro

DA REPORTAGEM LOCAL

Com a expectativa de que a Bovespa siga em baixa por um bom tempo, os mercados de câmbio e de juros na BM&F viraram uma das poucas opções de curto prazo para o investimento de tesourarias de bancos e de fundos multimercados mais agressivos, que ainda tenham algum dinheiro em caixa para arriscar.
O movimento ajudou ontem o dólar a seguir sua trajetória de alta no Brasil. A moeda americana fechou vendida a R$ 1,824, com valorização de mais 0,88%. No mês, a moeda já acumula uma variação de 11,56%.
No mercado internacional de câmbio, o dólar voltou a subir após o Fed deixar inalterada as taxas de juros em 2%. Após a decisão, o dólar recuperou terreno em relação ao iene (subiu até 1,4%, para 105 ienes) e ao euro (0,56% para 0,706 euro).
Tesourarias de bancos e gestores de fundos tem aproveitado algumas oscilações previsíveis dos juros e da taxa de câmbio para montar posições que possibilitem pequenos ganhos, na esperança de diminuir perdas recentes na Bolsa.
Para José Roberto Carreira, da Fair Trade, há um movimento crescente das tesourarias que apostam que a moeda americana continue subindo nos próximos dias e que os juros possam recuar se vierem notícias de que a inflação esteja sob controle.
"Vemos as tesourarias indo para negócios com dólar e juro, na medida em que a Bolsa é vista como mico de curto prazo. Os bancos estão aumentando a posição comprada [aposta na alta do dólar], mas é um movimento de curto prazo", disse.
Fernando Blanco, presidente brasileiro da Coface, seguradora de crédito, admite que esse movimento ocorra no curto prazo, mas afirma que o mercado brasileiro seguira "travado" para operações mais longas. Para Blanco, as matrizes dos bancos estrangeiros costumam cortar os limites das Tesourarias e inviabilizar operações alavancadas (com dinheiro emprestado).
"No nosso quintal [mercado brasileiro], é normal que as matrizes estejam em uma situação de bastante desconforto com o que está acontecendo no mundo. Em primeiro lugar, cortam-se os limites de tesouraria. O mercado trava. Quem é valente para fazer uma aposta? As matrizes dos estrangeiros puxam o freio de mão. A Bolsa machucou todo mundo."
(TONI SCIARRETTA)


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