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Crise atinge mercado da dívida brasileira
SHEILA D'AMORIM
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Além da Bovespa, a crise no
setor financeiro dos EUA atingiu o mercado de dívida do Brasil no exterior. Com a aversão a
risco dos investidores e a necessidade de fazer caixa, aumentou o custo dos contratos
especiais de seguro (CDS) -indicador usado para avaliar a
percepção de risco dos países.
Nas 11 economias emergentes analisadas pela Folha, o
Brasil está ao lado da Argentina
e Venezuela entre as que mais
sofreram. Todas registraram
altas. O custo dos contratos que
envolvem o risco-país subiu
102 pontos básicos entre sexta
e ontem e, com isso, alcançou
256 pontos acima dos títulos
tesouro norte-americano. A variação no valor dos contratos
da Argentina foi mais do que o
dobro da brasileira, subiu 259
pontos e foi negociado 1.045 cima dos país do governo dos
EUA, valor próximo aos 1.049
pontos da Venezuela que teve
uma variação nos últimos dois
dias de 336 pontos.
Rússia (86), Colômbia (81) e
México (78) vêm em seguida.
Numa situação mais favorável
estão Chile (15), China (24),
Coréia (37), África do Sul (39) e
Turquia (55).
No entanto, esse desempenho ruim não reflete necessariamente uma piora na situação da economia brasileira
diante da crise internacional e,
segundo Sandra Utsumi, diretora-adjunta de renda fixa do
BES Investimento, em Portugal, está relacionada ao fato de
ser mais fácil se desfazer dos
contratos brasileiros e reforçar
o caixa num momento em que
várias instituições enfrentam
perdas monumentais.
O custo dos CDS brasileiros
-que representa quanto o país
tem que pagar a mais do que o
que rendem os papéis do governo americano- chegou a
bater 200 pontos no início do
ano. Após o país obter o grau de
investimento pelas agências de
classificação de risco, no final
de abriu, ele despencou e alcançou 90 pontos. Desde então, vinha subindo de acordo
como os desdobramentos da
crise financeira internacional.
Apesar desse comportamento, no Tesouro Nacional a avaliação é que a crise, até agora,
não provocou grande estrago.
O canal de contágio considerado uma ameaça maior, segundo a Folha apurou, são os
investidores estrangeiros que
vieram ao Brasil comprar os
papéis do governo emitidos no
país. Apesar de representarem
um pouco mais de 6% do total
da dívida em títulos, quando se
considera os papéis com prazos
superiores a cinco anos, a participação mais do que duplica.
Uma fuga de investidores seria ruim para a gestão da dívida
e anularia boa parte do esforço
do governo para alongar os prazos de vencimento da dívida
pública, além de elevar o custo.
Por isso, esse mercado foi
acompanhado com especial
atenção nos últimos dois dias.
A avaliação, até agora, é que
os investidores mais ariscos já
haviam deixado o país na crise
interna de 2006, que derrubou
Antonio Palocci da Fazenda.
Os que ficaram são mais de longo prazo e ainda não se mostraram assustados com os desdobramentos da crise nos EUA a
ponto de fugirem do Brasil.
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