|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
O texto abaixo contém um Erramos, clique aqui para conferir a correção na versão eletrônica da Folha de S.Paulo.
Teste para empresas do país será rolar US$ 15,1 bi de dívidas
FERNANDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
As empresas privadas brasileiras têm US$ 15,1 bilhões de
dívidas de médio e de longo
prazo a vencer no período que
vai deste mês até o final de dezembro. Esses papéis podem
ser renovados ou liquidados, a
depender do que exigirem os
credores. O sucesso (ou fracasso) nessas operações será a melhor forma de aferir qual o impacto real da crise financeira
internacional sobre o Brasil.
A Folha ouviu vários operadores do setor financeiro ontem e muitos acreditam num
recrudescimento para as empresas brasileiras na hora de
renovar seus empréstimos. Um
exemplo recorrente citado foi
uma operação frustrada da Telemar, que na semana passada
abortou uma emissão de US$
1,5 bilhão de eurobônus.
Os dados do Banco Central
indicam que os US$ 15,1 bilhões a vencer até dezembro
são majoritariamente na forma
dos chamados "commercial papers" (US$ 9,170 bilhões). Esses são títulos que ficam mais
vulneráveis a uma exigência de
liquidação pelos credores.
Há também no valor total da
dívida externa de empresas nacionais financiamentos (US$
3,552 bilhões vencendo até dezembro) e empréstimos diretos (US$ 2,368 bilhões). Em alguns desses casos, são as próprias empresas fazendo operações de empréstimo da matriz
no exterior para a subsidiária
no Brasil -o que, em tese, facilita renovação do contrato.
Antes das turbulências das
últimas duas semanas, os papéis emitidos por empresas
brasileiras eram facilmente renováveis. O país está com a
economia estável, o PIB cresce
e há demanda para mais investimentos. Esses empréstimos
não são feitos para serem pagos, mas só para serem rolados.
Ocorre que agora vários dos
provedores de crédito no exterior podem estar precisando de
dinheiro para tapar buracos
causados pela crise financeira
norte-americana. Nesse caso,
pedem ao devedor brasileiro
que pague o que deve.
Outra hipótese menos dramática para as empresas brasileiras é que sejam confrontadas
com uma condição mais dura
na operação de rolagem da dívida. O prazo de vencimento
pode ser encurtado e os juros
podem ser aumentados.
Não há ainda dados suficientes no mercado para saber qual
será o efeito para o setor privado brasileiro. Formou-se um
consenso sobre o volume menor de crédito internacional de
maneira geral. A favor do Brasil
há o argumento de que os investidores estrangeiros continuarão a colocar algum dinheiro em países emergentes.
A decisão sobre onde aplicar
é sempre pragmática e visa a
uma distribuição geográfica de
alguma amplitude. Grandes
fundos sempre aplicarão na
América Latina, embora em
volume menor. Nesse caso, o
Brasil poderá continuar a ficar
com um naco desses recursos
-é o que esperam empresas
prestes a renegociar papéis.
Outro fato a ser considerado
nesse cenário é que não haverá
certamente problema de liquidez se grande parte dos credores exigir o pagamento das dívidas vincendas.
O Brasil tem reservas acima
de US$ 200 milhões. As empresas poderão remeter o dinheiro
que for necessário.
Texto Anterior: Crise atinge mercado da dívida brasileira Próximo Texto: No futuro, Wall Street terá papel menor Índice
|