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JBS-Friboi se torna líder global em carnes
Empresa incorpora Bertin, adquire indústria nos EUA e supera Tyson no comércio de carnes bovina, suína e de frango
Para um dos diretores da JBS, indústria e pecuaristas precisam "ganhar juntos"; órgãos reguladores do país têm de aprovar negócio
Cristiano Borges - 21.mar.05/Fotonotícia
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Trabalhadores retiram couro do gado em unidade da Friboi em Goiânia; produtores afirmam que estão apreensivos com o acordo
GITÂNIO FORTES
DA REDAÇÃO
MAURO ZAFALON
ENVIADO ESPECIAL A GOIÂNIA
O grupo JBS-Friboi anunciou ontem a incorporação da
Bertin S.A. e a compra da Pilgrim's Pride, uma das líderes
no mercado de aves nos EUA.
Com as aquisições, a JBS S.A.,
que já era a primeira no ranking
do comércio mundial de carne
bovina, passou à liderança global em proteína animal -incluindo frangos e suínos. Superou a americana Tyson Foods.
A nova JBS S.A. será controlada por uma holding, em que
cerca de 60% das ações serão
das famílias Batista e Bertin.
Desse bloco de controle, 60%
dos papéis ficarão com os Batista e 40%, com os Bertin.
Cálculos da Reuters indicam
que a troca de ações remete a
um negócio de cerca de R$ 5,2
bilhões. A ação da JBS fechou
ontem com valorização de 8,8%
-a maior alta na Bovespa.
Em receita, a companhia se
torna a terceira maior empresa
de capital aberto do país, superada por Petrobras e Vale. A
agência de classificação de riscos Standard & Poor's atribuiu
nota B+ com "crediwatch" positivo. Antes, era B+/negativo.
Os demais 40% da nova JBS
S.A. pertencerão ao mercado,
incluindo a participação do
BNDES. O banco estatal vai ficar com 22,4% da nova empresa. A instituição tem sido essencial na estratégia do governo de apoiar a formação de
grandes grupos nacionais para
atuação também no exterior.
As negociações entre JBS e
Bertin se intensificaram nos últimos 40 dias, depois que não
prosperou a tentativa de acordo com a Marfrig Alimentos,
disse Fernando Bertin, presidente da Bertin S.A. "É um
amor antigo", disse. As empresas haviam sido sócias antes
numa empresa de exportação
de carne industrializada.
O setor de carnes no país está
em consolidação. Na segunda-feira, o grupo Marfrig anunciou
a compra da Seara por R$ 1,6 bilhão. Em maio, Perdigão e Sadia se uniram na Brasil Foods.
A Folha procurou o Marfrig e a
BRF para comentar o anúncio
da JBS, mas não teve resposta.
O faturamento anual da nova
JBS-Bertin é estimado em quase US$ 30 bilhões. A empresa,
em todo o mundo, conta com
capacidade de processamento
diário de 90,4 mil bovinos, 48,5
mil suínos, 7,2 milhões de aves,
19,5 animais de pequeno porte
(ovinos e caprinos), 148,5 mil
metros quadrados de couro e
1.266 toneladas de lácteos.
No Brasil, a capacidade diária de abate da JBS chega a 43,4
mil bois. O Marfrig, segundo no
ranking nacional, mata, no
mundo inteiro, no máximo 21,3
mil bovinos. A Associação dos
Criadores de Mato Grosso estima que, no Estado, a JBS vá
controlar quase 50% dos abates. Os órgãos reguladores terão de autorizar o negócio.
Ajustes a caminho
A empresa espera que não
haja problemas na aprovação.
Em evento em Goiânia, José
Batista Júnior, um dos diretores da JBS, disse que estrangular o mercado "não é o jogo".
Para ele, indústria e pecuaristas precisam trabalhar juntos e
melhorar a qualidade, mesmo
que o consumidor pague um
pouco mais. Júnior afirmou
que não há ideia de demitir,
mas que "vai haver ajustes".
A JBS adquiriu a concordatária Pilgrim's Pride, uma das líderes do setor de aves nos EUA,
avaliada em US$ 2,8 bilhões
(pouco mais de R$ 5 bilhões).
A aquisição da Pilgrim's Pride vai atrasar a oferta pública
de ações da JBS USA. "Vamos
ter de reapresentar os documentos à SEC [entidade nos
EUA equivalente à CVM (Comissão de Valores Mobiliários)
no Brasil]", disse Joesley Batista, presidente-executivo da
JBS. Ele espera US$ 2 bilhões
com o IPO. Faz parte do negócio um refinanciamento de
US$ 1,85 bilhão da Pilgrim's,
feito pela concordatária.
Os ganhos propiciados pela
união das operações devem
chegar a R$ 860 milhões (R$
500 milhões com o Bertin e
R$ 360 milhões com a Pilgrim's), estima a JBS.
"Estamos com o dever de casa cumprido para 2009", disse
Batista. Indagado pela Folha
sobre outras oportunidades
ainda neste ano no Brasil, pois
há grupos frigoríficos em recuperação judicial -situação semelhante à da Pilgrim's-, respondeu: "Estamos olhando".
Colaborou FABRICIO VIEIRA ,
da Reportagem Local
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