|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Juro alto dá prejuízo de R$ 626,8 mi
ÉRICA FRAGA
DA REPORTAGEM LOCAL
Os cotistas de fundos de investimento tiveram prejuízo de R$
626,8 milhões na segunda-feira.
As perdas foram provocadas por
uma queda na rentabilidade dessas aplicações que, na média, ficou negativa em 0,20%.
O tombo sofrido pelos investidores dos vários tipos de fundo
foi provocado principalmente pelo aumento da taxa de juros -de
18% para 21% ao ano.
Os fundos de privatização, cuja
rentabilidade caiu 4,19% em um
dia, foram os mais afetados.
Também sofreram perdas os
fundos de ações (-1,45%), os cambiais (-0,92%) e os chamados "off-shore" (-1,59%), geralmente destinados a investidores que não residem no país e aplicam em ativos
brasileiros no exterior.
A explicação para as perdas dos
fundos de ações e de privatização,
que aplicam em papéis da Petrobras e da Vale do Rio Doce, é a
mesma. Juros mais altos significam acesso mais difícil a crédito,
crescimento econômico menor e
demanda reduzida -fatores extremamente prejudiciais às empresas que levaram à queda no valor das suas ações.
Fundos cambiais e "off-shore"
perderam porque o preço médio
do dólar (Ptax) caiu na última segunda-feira, dia em que o Banco
Central elevou os juros. Como a
rentabilidade da maior parte desses fundos é corrigida pelo Ptax,
seu retorno despencou.
Renda fixa
Já os fundos de renda fixa, que
tendem a ser as aplicações mais
prejudicadas pelos juros altos, tiveram perda de apenas 0,01% na
segunda-feira. No entanto, segundo analistas, os prejuízos dessas
aplicações deverão ser maiores,
diluídos durante os próximos
dias.
Geralmente, os fundos de renda
fixa perdem muito quando os juros sobem. A lógica é a seguinte:
essas aplicações devem render determinada taxa de juros fixada
previamente. Quando os juros
aumentam, essa taxa prefixada fica defasada em comparação à nova. Para tentar acompanhar a nova taxa de juros, o valor das cotas
desses fundos é corrigido para
baixo, o que causa prejuízo.
Segundo Glauco Cavalcanti, diretor do CSFB Garantia, são duas
as razões para que as perdas dos
fundos de renda fixa não tenham
sido tão grandes.
As carteiras desses fundos são
compostas por títulos públicos,
cujo valor vem se depreciando devido ao temor de calote da dívida
pública. Isso aconteceu principalmente com os títulos que vencem
a partir do ano que vem. Portanto,
para evitar grandes perdas de rentabilidade, os gestores de fundos
passaram a optar por títulos menos desvalorizados, de vencimento mais curto.
"Quanto mais curto o prazo do
papel prefixado, menor o prejuízo. Isso porque o fundo estava
aplicado em uma taxa de juros
que ficou defasada, mas por um
tempo menor", diz Cavalcanti.
A pequena perda dos fundos de
renda fixa indica também que alguns gestores podem não estar
praticando a chamada marcação
a mercado na carteira de seus fundos. Esse método de contabilidade de ativos, imposto pelo BC,
obriga os gestores a ajustar as cotas de acordo com o valor de mercado dos ativos dos fundos, como
os títulos públicos. A exceção fica
justamente por conta dos fundos
que têm papéis de vencimento
curto em suas carteiras -caso da
maior parte dos prefixados.
Isso não significa, no entanto,
que esses fundos deixaram de
perder. A diferença é que seus
prejuízos não serão descontados
da rentabilidade de uma só vez,
mas durante alguns dias.
DIs são opção
"Os fundos de renda fixa devem
continuar tendo perdas por alguns dias", diz o consultor de investimentos Marcelo D'Agosto,
sócio do site Fortuna e da Investmate.
Segundo D'Agosto, os fundos
DI deverão ser os mais beneficiados pela alta dos juros. Essas aplicações acompanham o movimento dos juros. Por isso, na segunda-feira tiveram ganho de 0,06%.
Cadernetas de poupança e os
CDBs pós-fixados também tendem a ter melhores retornos
quando os juros sobem. Já o retorno dos fundos cambiais dependerá do comportamento do
dólar daqui para a frente.
Texto Anterior: Resgate de títulos hoje vai custar R$ 7,75 bi Próximo Texto: Taxa não deve subir de novo na próxima quarta Índice
|