|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Taxa não deve subir de novo na próxima quarta
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
O Copom não vai alterar a taxa
básica de juros da economia na
próxima semana, quando acontece sua reunião mensal. Essa é a
avaliação de economistas consultados pela Folha.
Após a divulgação da ata do último encontro do Copom (Comitê
de Política Monetária), que trouxe a justificativa para o aumento
da Selic (taxa básica) na segunda-feira de 18% para 21% anuais, o
mercado não vê motivos para o
BC voltar a mexer nos juros.
Maurício Zanella, diretor de derivativos do banco Lloyds TSB,
diz que o tamanho do aumento da
Selic na segunda -3 pontos percentuais- já indicava que a intenção do BC não era a de controlar o câmbio, mas sim a inflação.
"Em pouco mais de uma semana [entre um encontro e outro do
Copom], não dá para o BC saber
os efeitos da alta dos juros sobre a
inflação. Por isso, não vejo outra
alternativa ao Copom à de manter
os juros em 21% e com o viés neutro", afirma Zanella.
Na BM&F (Bolsa de Mercadorias & Futuros), as projeções das
taxas de juros recuaram ontem,
após dispararem na segunda e na
terça. O contrato DI (que considera as operações entre bancos) de
novembro fechou com taxa de
22,25% ao ano, depois de superar
os 23% anuais no dia anterior.
Para o estrategista-chefe do
HSBC Investment, Dawber Gontijo, a ata mostra que o BC elevou
os juros "por estar preocupado
com a inflação" e que vai optar
"pela manutenção" dos juros na
próxima reunião.
"Se o BC tivesse aumentado os
juros para tentar segurar o dólar,
haveria a perspectiva de que os juros poderiam voltar a subir. Mas
entendo que não foi essa a intenção. A preocupação central do BC
é a inflação", diz Clive Botelho, diretor financeiro do banco Santos.
O dólar voltou a subir ontem e
fechou em R$ 3,92.
Apesar de a leitura dos analistas
nesse momento ser a de que os juros não serem alterados na próxima semana, ninguém descarta a
hipótese de o Copom voltar a elevar a taxa básica em novembro.
Inflação em alta
Marcelo Carvalho, chefe de pesquisa macroeconômica para a
América Latina do Bank of America, diz que o aumento da taxa
Selic para 21% não será suficiente
para fazer a inflação corrente ceder. "Para fazer a inflação deste
ano ficar dentro da meta [de
6,5%, pelo teto] vai ser preciso
mais juro, desaceleração da economia e um Banco Central com
credibilidade", diz ele.
Na opinião de Carvalho, em novembro e em dezembro deverão
ocorrer novos aumentos da taxa
básica. "Deve subir um ponto
percentual em cada mês", diz. Ele
não espera uma nova puxada na
taxa na próxima semana, durante
a reunião ordinária do Copom.
"O cenário não deverá mudar até
lá para justificar novo aumento
do juro", acrescenta.
Mas, passada a eleição, segundo
Carvalho, o câmbio voltará a ficar
pressionado, o Embi+, índice que
mede a variação dos preços do C-Bonds, principal título da dívida
externa brasileira, deverá estar em
torno dos 2.000 pontos e a inflação não cederá.
Nesse cenário, o Bank of America projeta uma inflação um pouco
acima de 8% neste ano e de 15%
para 2003, em consequência da
explosão do dólar.
Colaborou Sandra Balbi, da
Reportagem Local
Texto Anterior: Juro alto dá prejuízo de R$ 626,8 mi Próximo Texto: Opinião econômica: Cada um por si e Deus contra todos Índice
|