São Paulo, quinta-feira, 17 de outubro de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

EM TRANSE

Saídas chegam a US$ 567 mi nas duas primeiras semanas do mês, ante US$ 253 mi no mesmo período de setembro

Fuga de dólares pela CC-5 dobra em outubro

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

As remessas de dólares para o exterior feitas por meio das CC-5 (contas mantidas por empresas ou pessoas instaladas ou residentes no exterior) já chegam a US$ 7,417 bilhões neste ano, segundo dados do Banco Central. No mesmo período do ano passado, US$ 4,167 bilhões deixaram o país por meio desse instrumento.
Nas primeiras duas semanas deste mês, as remessas de dólares pelas CC-5 chegaram a US$ 567 milhões, mais que o dobro dos US$ 253 milhões registrados no mesmo período de setembro. Para o BC, o valor das remessas feitas pelas CC-5 não preocupa e não deve ser entendido como uma fuga de capitais.
Em geral, o envio de dólares para fora do país costuma aumentar em momentos de crise, quando pessoas e empresas tentam proteger seu patrimônio. Isso ocorre porque, diferentemente de outras operações, nos negócios feitos pelas CC-5 não é preciso explicar ao BC os motivos da remessa. Basta que os envolvidos na operação sejam identificados.
Em dezembro do ano passado, por exemplo, quando a crise argentina se agravava, as remessas pelas contas CC-5 chegaram a US$ 1,357 bilhão.

Transações financeiras
Além das remessas feitas pelas CC-5, as transações classificadas pelo BC de financeiras (ingresso de investimento estrangeiro, pagamento de dívida externa e remessas de lucros e dividendos, entre outras) também colaboraram para a saída de dólares.
Nas primeiras duas semanas de outubro, essas transações foram responsáveis pelo envio de US$ 830 milhões. No ano, o valor já chega a US$ 18,1 bilhões, ante US$ 5,1 bilhões registrados no mesmo período do ano passado.
Esse comportamento reflete, em grande parte, a queda no ingresso de investimento estrangeiro direto no país e a dificuldade das empresas em conseguir empréstimos no exterior. Com isso, as empresas precisam remeter dólares para quitar os empréstimos que não foram renovados.
Segundo o BC, o Brasil deve receber US$ 15 bilhões em investimentos estrangeiros neste ano, contra US$ 22,5 bilhões do ano passado. O total de empréstimos deve cair de US$ 34,6 bilhões para US$ 19,5 bilhões.
Até agora, a queda no ingresso de capital externo foi compensada pelo fluxo de dólares provenientes de operações de comércio exterior. No início de outubro, os exportadores trouxeram US$ 1,997 bilhão ao país. Os importadores enviaram US$ 1,078 bilhão para o exterior, o que resultou em saldo de US$ 919 milhões.


Texto Anterior: Dólar caro leva à falta do algodão
Próximo Texto: Não há risco de calote, diz líder do governo
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.