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Para EUA, Brasil administrará dívida
MARCIO AITH
DE WASHINGTON
O subsecretário para assuntos
internacionais do Tesouro dos
EUA, John Taylor, disse ontem no
Senado americano que o Brasil terá condições de administrar sua
dívida pública de US$ 260 bilhões
se as condições de mercado voltarem a níveis razoáveis.
"As análises embutidas no programa do FMI (Fundo Monetário
Internacional) pressupõem a sustentatibilidade (da dívida)", disse
ele. "Com estimativas razoáveis
feitas para o crescimento econômico e com taxas de juros razoáveis que se esperam quando as incertezas diminuírem, isso (a dinâmica da dívida) é sustentável."
Taylor, principal assessor do secretário do Tesouro, Paul O'Neill,
depôs ontem num painel sobre a
política econômica dos EUA para
a América Latina, promovido pela Subcomissão de Comércio e Finanças Internacionais do Senado.
Ele disse que os mercados brasileiros deverão sofrer turbulências
até a definição dos rumos do novo
governo. "Acho que continuará
havendo incerteza por um período, até que se saiba quais serão as
políticas (do novo governo). Mas
acho que, no fim, quando as políticas se tornarem claras, as turbulências serão reduzidas."
O otimismo de Taylor foi contestado por Michael Mussa, economista que ocupou um cargo de
chefia no FMI entre 1999-2001 e
que atualmente trabalha no IIE
(Instituto de Economia Internacional), um dos principais centros
de pesquisa de Washington.
Mussa disse que a dívida brasileira só será sustentável se os investidores aceitarem receber juros reais de 7% a 8% sobre os papéis brasileiros - diferentemente
dos 22% pagos atualmente. Mussa disse que o Brasil terá o desafio
de reduzir os juros sem que os investidores vendam papéis do país,
algo difícil de ocorrer. Ele disse
que o país só crescerá 1% este ano
se tiver "sorte".
Mussa disse que o Brasil encontra-se num circulo vicioso, formado por dívida alta, juros altos e
câmbio depreciado do qual dificilmente escapará.
Os senadores presentes ao painel usaram o exemplo do último
pacote financeiro ao Brasil, de
US$ 30,3 bilhões, para criticar duramente o secretário O'Neill. "No
dia 24 de junho, O'Neill disse que
não fazia sentido jogar dinheiro
sobre as incertezas políticas no
Brasil. A declaração irritou o governo brasileiro e causou turbulências. Pouco depois, O'Neill
apoiou um pacote de US$ 30 bilhões ao país, o maior da história
do FMI. O que aconteceu? Houve
evolução? Ele mudou de idéia?
Sua política mudou de ideológica
para pragmática?", perguntou o
senador democrata Evan Bayh.
Taylor negou haver diferenças
entre o discurso e a prática de
O'Neill.
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