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Anatel abre caminho para Oi comprar BrT
Agência aprova proposta de mudança na regulamentação do setor, permitindo que uma concessionária compre a outra
Agora, finalização do negócio depende do aval de Lula; agência reguladora recuou em outras medidas, que desagradavam às teles
ELVIRA LOBATO
ENVIADA ESPECIAL A BRASÍLIA
HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Anatel (Agência Nacional
de Telecomunicações) aprovou
ontem proposta de modificação na regulamentação do setor
que irá permitir a compra da
Brasil Telecom pela Oi, operação já iniciada pelas duas operadoras de telefonia. Na mesma
votação, a agência reguladora
recuou em outras medidas, que
desagradavam às concessionárias de telefonia e ao governo.
Em junho, quando colocou
sua proposta de mudança em
consulta pública, a Anatel tentou proibir as concessionárias
de telefonia fixa de oferecerem
acesso à internet em alta velocidade. Pela proposta original
da agência, as teles teriam de
criar empresas independentes,
separadas da infra-estrutura de
telefonia fixa, para atuar no
mercado de internet.
O objetivo inicial da agência
era tornar mais claros os custos
de acesso à rede e, dessa forma,
permitir que novos competidores usassem a infra-estrutura
(rede de fios) das concessionárias para oferecer internet em
banda larga, aumentando a
concorrência.
As concessionárias reagiram,
alegando que a mudança era
ilegal e elevaria os custos, alta
que seria repassada para os
usuários, os quais acabariam
arcando com preços mais elevados para acessar a rede em
banda larga. Os ministérios da
Fazenda e das Comunicações
concordaram com a ponderação das concessionárias, e a
Anatel ficou isolada.
Lula tem de aprovar
Outra proposta que desagradava às teles foi retirada do texto original: a de se desfazerem
de todas as demais autorizações de serviços de telecomunicações que possuam (como
longa distância e telefonia móvel) em caso de venda da concessão de telefonia fixa.
O PGO (Plano Geral de Outorgas) proposto pela Anatel
define as áreas geográficas de
atuação das concessionárias de
telefonia fixa. O PGO atual impede que uma concessionária
compre outra.
Para que a operação de compra da Brasil Telecom pela Oi se
concretize, o presidente da República precisa ratificar a mudança, assinando e publicando
um decreto.
Depois, a Oi entra com pedido de anuência prévia na Anatel. Se o pedido for aprovado, a
operação, anunciada no final de
abril, poderá se efetivar, desde
que a Anatel dê anuência prévia
para o negócio até 21 de dezembro próximo, data acordada em
contrato entre os acionistas
controladores da BrT e da Oi.
Disputa
Em seu voto, o conselheiro
relator da mudança do PGO,
Pedro Jaime Ziller, manteve a
proposta de separação dos serviços de telefonia fixa e de banda larga das teles. Ziller foi
apoiado pelo conselheiro Plínio
de Aguiar Júnior.
O relator sustentou que a separação entre a telefonia fixa
(definida como serviço público
na legislação) e a banda larga
(serviço privado) é questão de
soberania nacional para garantir a reversão de ativos (redes
instaladas) para a União ao final dos contratos de concessão
dos serviços.
Ziller refutou o argumento
das teles de que elas teriam direito adquirido de manter os
dois serviços juntos na mesma
empresa. "Também mudou a
regulamentação de telefonia
celular e, nem por isso, as operadoras móveis reivindicam
manter direitos antigos", afirmou o relator.
As mudanças que desagradavam às empresas, no entanto,
foram vetadas pelos conselheiros Antônio Bedran, Emília Ribeiro e pelo presidente da
agência, Ronaldo Sardenberg.
Assim, foram derrubadas por
três votos a dois.
Em linhas gerais, os conselheiros que foram contrários às
mudanças sugeridas por Ziller
argumentaram ser a favor das
mudanças, mas que as modificações não poderiam ser feitas
no âmbito do PGO.
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