São Paulo, domingo, 17 de novembro de 2002

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Política suscita risco de atraso tecnológico

DA REPORTAGEM LOCAL

A substituição de importações em alguns setores nos últimos quatro anos impôs um novo campo de discussão: se o país corre o risco de sofrer defasagem tecnológica e de qualidade ao deixar de incorporar componentes e insumos importados à produção local.
""A menos que haja um bloqueio comercial, ninguém mais produz carroça", diz Júlio Sérgio Gomes de Almeida, do Iedi. ""O padrão (do produto fabricado internamente) tem que ser semelhante ao internacional. Dólar a preço elevado não cancela importação. Se o produto não tem qualidade, o interessado vai preferir comprar importado", completa.
A Abimaq (Associação Brasileira das Indústrias de Máquinas e Equipamentos) calcula que entre janeiro de 1999 e setembro deste ano, o país tenha poupado US$ 4,4 bilhões com a substituição de máquinas importadas por equipamento nacional.
De janeiro a setembro deste ano, as importações do setor foram de US$ 4,82 bilhões, segundo a Abimaq, contra US$ 5,57 bilhões nos primeiros nove meses de 2001. E a participação da indústria nacional no setor passou de 55% no ano passado para 61% em 2002.
Os técnicos da entidade sustentam que, ao contrário de outros setores, as importações não caíram por conta de demanda menor: os investimentos das empresas na compra de equipamentos devem ser 1% maior que em 2001. Até setembro, o setor havia faturado R$ 24,5 bilhões -alta de 8,83% em relação ao ano passado.
""Um país que exporta US$ 3,3 bilhões (a meta do setor no ano), sendo que 35% vão para os EUA, não tem tecnologia boa?", questiona Luiz Carlos Delben Leite, presidente da Abimaq.
Para a Funcex, a eventual melhora na atividade econômica impulsionaria não apenas a retomada de importações de bens intermediários. ""O mesmo deve ocorrer nos bens de capital. Mas só quando a economia retomar níveis de investimento similares aos da década de 90", diz Fernando Ribeiro.



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