São Paulo, domingo, 17 de novembro de 2002

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País ganha escala em celulares, mas maioria das peças ainda vem de fora

DA REPORTAGEM LOCAL

A fabricação de celulares no Brasil serve de parâmetro do quão complexo será promover substituição de importações ou, como pretende o governo, transformar o país em uma base exportadora em alguns setores.
De janeiro a setembro, segundo a Secex, o país exportou US$ 1,317 bilhão em aparelhos transmissores ou receptores (grupo do qual fazem parte os celulares), uma alta de 6,55% sobre o volume vendido no ano passado.
Na prática, as fábricas aqui instaladas são ""montadoras" de celulares, como denomina Humberto Cagno, diretor de comunicações móveis da Siemens, empresa que investiu R$ 90 milhões desde o segundo semestre de 2001 para produzir aparelhos no país.
De forma geral, um aparelho de celular é composto de parte externa e interna plásticas, placa (onde estão instalados os circuitos eletrônicos), visor, teclado e bateria. Destes, apenas para a parte plástica há no mercado nacional empresas com tecnologia para produzi-la. Dos acessórios, somente o carregador é nacional.
""Essa é uma indústria de alta tecnologia e de escala. Só compensa para uma multinacional instalar unidade local se houver demanda grande", diz Cagno. ""Quando se fala em investimento para uma fábrica de chips estamos lidando com cifras acima de US$ 1 bilhão", argumenta.
De acordo com números da Anatel, até abril deste ano havia no país 28,7 milhões de usuários de celulares. Neste ano, estimam as empresas, serão ""montados" 20 milhões de aparelhos no país. O mercado interno vai absorver 12 milhões de aparelhos. Os outros 8 milhões serão exportados.
""O que estamos fazendo é tentar convencer alguns dos fornecedores a implantarem subsidiárias aqui, para fornecer componentes. O Brasil, com o mercado interno e exportação, já tem escala", diz ele.
Taiwan, por exemplo, praticamente detém o monopólio da fabricação de baterias para celulares em todo o mundo. No Brasil, os fabricantes de celulares utilizam cerca de dez tipos diferentes desse componente em seus modelos. Segundo Cagno, uma empresa de baterias só se instalaria no país se existisse demanda de 10 milhões de unidades (para cada um dos modelos diferentes). Ou seja, somente se o país se transformasse em base de exportação. ""Devido ao enorme investimento, é preciso sensibilidade do governo para atrair esse pessoal", diz ele.
Houve avanços. Neste ano, uma fábrica de displays iniciou a instalação de uma subsidiária em Manaus (AM) para fornecer às indústrias brasileiras. (JAD)


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