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MERCADO FINANCEIRO
Inflação sob controle e indícios da falta de fôlego da retomada industrial ratificariam a redução
Analistas vêem limite para queda de juros
MARIA CRISTINA FRIAS
DA REPORTAGEM LOCAL
Para a primeira reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) depois de a economia ter sinalizado alguma recuperação, a
grande maioria de bancos e corretoras afirma esperar redução de
um ponto percentual dos juros,
hoje em 19%. Uma parcela minoritária do mercado aposta em
queda de 0,5 ponto percentual.
Inflação sob controle, patamar
de juros reais e indicações de que
a melhora da produção industrial
não se manterá nos próximos meses deverão levar o Copom a fixar
a taxa básica de juros, a Selic, em
18%, segundo economistas. A decisão do Banco Central deverá ser
divulgada na quarta-feira.
O mercado especula agora se a
taxa fechará o ano em 17% ou
17,5%. E mais: se em janeiro o BC
manterá o ritmo de queda dos juros ou fará uma pausa à espera de
resultados.
Cenário externo favorável, demanda, resultados do comércio e
câmbio são outros fatores lembrados por analistas de bancos ao
justificar a expectativa de que a
Selic caia do atual patamar.
Inflação
A expectativa de inflação (para o
IPCA de 12 meses) recuou de 12%
no início do ano para 6%, assim
como a de 2004. A taxa de juros de
um ano, variável importante nas
decisões da autoridade monetária, está no mesmo nível da última
reunião do Copom.
"Essa taxa tem forte correlação
com a atividade econômica", diz
Andrei Spacov, do Unibanco.
A inflação corrente também demonstra enfraquecimento. A taxa
de repasse do câmbio para os preços livres diminui.
A isso soma-se a expectativa de
que a produção industrial não
manterá o ritmo de alta de setembro, "decorrido de fatores pontuais", segundo o economista Octavio de Barros, do Bradesco.
O comércio, por sua vez, não
confirma o crescimento das vendas físicas daqui para frente. Com
a recomposição de estoques do
varejo, "o ritmo da indústria também pode se arrefecer. Há espaço
para queda de um ponto percentual agora e meio ponto em dezembro", diz Barros.
Para economistas, como os preços no mercado DI refletiriam
corte da Selic entre 0,75 e um ponto percentual, seria preciso um
corte superior para provocar queda do juro real projetado. Mas
quase ninguém no mercado diz
considerar viável uma queda de
1,5 ponto percentual.
Em meses passados, muitos
economistas do setor financeiro
afirmavam que o BC poderia ir
além da expectativa do mercado.
Desta vez, está difícil encontrar
quem defenda ousadia. "Poderia
comprometer a credibilidade e a
expectativa futura de inflação se o
mercado visse leniência do BC",
diz Hugo Penteado, do ABN Amro Asset Management, um dos
primeiros a defender o corte de
juros no primeiro semestre.
Segundo ele, com o fim do ano,
aproxima-se a fase de reduções de
até 0,75 ponto percentual.
Carlos Kawall, do Citibank, afirma esperar dois cortes de um
ponto percentual antes de 2004.
"O grau de desaceleração da atividade foi muito contundente,
com grande perda da renda. A
pior, no acumulado, dentre outras crises desde 1998", diz Kawall.
Na contramão, Alexandre Bassoli, do HSBC, estima corte de 0,5
ponto percentual. "Uma redução
que se mostre ousada demais poderia implicar interrupção prematura da queda dos juros."
Que haverá corte nos juros não
se discute. Analistas esperam coerência com a ata do último Copom, segundo a qual "deverá continuar havendo espaço para quedas adicionais da taxa Selic".
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