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São Paulo, segunda-feira, 17 de novembro de 2003

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MERCADO FINANCEIRO

Inflação sob controle e indícios da falta de fôlego da retomada industrial ratificariam a redução

Analistas vêem limite para queda de juros

MARIA CRISTINA FRIAS
DA REPORTAGEM LOCAL

Para a primeira reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) depois de a economia ter sinalizado alguma recuperação, a grande maioria de bancos e corretoras afirma esperar redução de um ponto percentual dos juros, hoje em 19%. Uma parcela minoritária do mercado aposta em queda de 0,5 ponto percentual.
Inflação sob controle, patamar de juros reais e indicações de que a melhora da produção industrial não se manterá nos próximos meses deverão levar o Copom a fixar a taxa básica de juros, a Selic, em 18%, segundo economistas. A decisão do Banco Central deverá ser divulgada na quarta-feira.
O mercado especula agora se a taxa fechará o ano em 17% ou 17,5%. E mais: se em janeiro o BC manterá o ritmo de queda dos juros ou fará uma pausa à espera de resultados.
Cenário externo favorável, demanda, resultados do comércio e câmbio são outros fatores lembrados por analistas de bancos ao justificar a expectativa de que a Selic caia do atual patamar.

Inflação
A expectativa de inflação (para o IPCA de 12 meses) recuou de 12% no início do ano para 6%, assim como a de 2004. A taxa de juros de um ano, variável importante nas decisões da autoridade monetária, está no mesmo nível da última reunião do Copom.
"Essa taxa tem forte correlação com a atividade econômica", diz Andrei Spacov, do Unibanco.
A inflação corrente também demonstra enfraquecimento. A taxa de repasse do câmbio para os preços livres diminui.
A isso soma-se a expectativa de que a produção industrial não manterá o ritmo de alta de setembro, "decorrido de fatores pontuais", segundo o economista Octavio de Barros, do Bradesco.
O comércio, por sua vez, não confirma o crescimento das vendas físicas daqui para frente. Com a recomposição de estoques do varejo, "o ritmo da indústria também pode se arrefecer. Há espaço para queda de um ponto percentual agora e meio ponto em dezembro", diz Barros.
Para economistas, como os preços no mercado DI refletiriam corte da Selic entre 0,75 e um ponto percentual, seria preciso um corte superior para provocar queda do juro real projetado. Mas quase ninguém no mercado diz considerar viável uma queda de 1,5 ponto percentual.
Em meses passados, muitos economistas do setor financeiro afirmavam que o BC poderia ir além da expectativa do mercado. Desta vez, está difícil encontrar quem defenda ousadia. "Poderia comprometer a credibilidade e a expectativa futura de inflação se o mercado visse leniência do BC", diz Hugo Penteado, do ABN Amro Asset Management, um dos primeiros a defender o corte de juros no primeiro semestre.
Segundo ele, com o fim do ano, aproxima-se a fase de reduções de até 0,75 ponto percentual.
Carlos Kawall, do Citibank, afirma esperar dois cortes de um ponto percentual antes de 2004.
"O grau de desaceleração da atividade foi muito contundente, com grande perda da renda. A pior, no acumulado, dentre outras crises desde 1998", diz Kawall.
Na contramão, Alexandre Bassoli, do HSBC, estima corte de 0,5 ponto percentual. "Uma redução que se mostre ousada demais poderia implicar interrupção prematura da queda dos juros."
Que haverá corte nos juros não se discute. Analistas esperam coerência com a ata do último Copom, segundo a qual "deverá continuar havendo espaço para quedas adicionais da taxa Selic".


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