São Paulo, quinta-feira, 17 de novembro de 2005

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

PÉ NO FREIO

Queda foi de 0,3% em relação ao 2º tri; folha de pagamento recuou 0,4%

Emprego na indústria cai no 3º tri

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

Já sob impacto de câmbio desfavorável às exportações, o mercado de trabalho na indústria se deteriorou no terceiro trimestre deste ano. O nível de emprego no setor caiu 0,3% e a folha de pagamento das fábricas teve retração de 0,4% na comparação livre de influências sazonais com o segundo trimestre de 2005, informou ontem o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Impulsionado pelo bom desempenho das indústrias de Minas e São Paulo, o emprego chegou a se recuperar em setembro, com alta de 0,6%, depois do recuo (0,2%) de agosto. Mas o emprego ficou estável na comparação com setembro de 2004, encerrado um ciclo de 18 meses consecutivos de crescimento. No terceiro trimestre, a expansão foi de 0,4% -pior resultado desde o primeiro trimestre de 2004 (-0,6%).
Segundo Isabella Nunes, economista da Coordenação de Indústria do IBGE, o recuo tanto do emprego como da renda acompanhou a desaceleração da produção da indústria, que encerrou o terceiro trimestre com retração de 0,7% ante o segundo trimestre.
Entre as causas da perda de ritmo, Nunes citou o câmbio, que aumenta a competição com produtos importados e diminui a atratividade das exportações brasileiras. E a queda do dólar atinge com mais intensidade os ramos que empregam relativamente mais. Setores como calçados, madeira e têxteis já registram perdas no nível de emprego e puxaram o resultado do trimestre para baixo.
"O câmbio está fazendo um estrago muito grande na indústria e o mais grave é que a concorrência externa afeta mais os setores intensivos em mão-de-obra", disse Júlio Gomes de Almeida, diretor-executivo do Iedi (Instituto de Estudos para do Desenvolvimento Industrial), em referência aos dados do trimestre.
Sobre o resultado de setembro, Gomes de Almeida considerou a expansão de 0,6% positiva. Disse que ela ocorreu graças à expectativa de empresários em relação ao Natal. É a mesma opinião de Isabella Nunes, do IBGE.

Renda
Embora tenha caído na comparação com agosto (1,3%), o rendimento segue em alta sobre 2004, com expansão de 3,7% em setembro. No terceiro trimestre, a folha de pagamento cresceu 3,9% em relação a igual trimestre de 2004.
Para Nunes, a queda em setembro foi um ajuste ao ritmo forte de crescimento (1,9%) de agosto. Na comparação anual, diz, o "ganho real" tem como reflexo o forte recuo da inflação neste ano.


Texto Anterior: Indústria: Venda de eletrônicos deve crescer 15% no ano
Próximo Texto: Opinião econômica - Paulo Nogueira Batista Jr.: Fica, Palocci, fica!
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.