São Paulo, sábado, 17 de novembro de 2007

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Usinas atribuem alta a imperfeições do mercado

DA REDAÇÃO

Os preços do álcool sobem neste final de ano por imperfeições do próprio mercado, segundo Antonio de Padua Rodrigues, da Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar). Faltam contratos de negociação de médio prazo, os contratos futuros da Bolsa ainda são restritos a usinas e a distribuidoras -inibindo a atuação de outros investidores- e as distribuidoras apenas compram e repassam o produto.
Plinio Nastari, da Datagro, também destaca esses problemas do mercado e diz que o longo período de preços baixos que o setor viveu foi, ainda, devido à falta de locais para estocagem. As prioridades das indústrias até agora acabaram sendo com investimentos em produção.
Para Padua, essas fortes quedas na safra e elevações na entressafra vão continuar ocorrendo enquanto persistirem esses problemas no mercado. Após tantas perdas na safra, o produtor reage nesses quatro meses de entressafra, diz ele.
"O errado não é o preço subir neste período, mas a falta de mecanismo para evitar a queda acentuada na safra", diz ele.
O aperto final dos estoques de álcool não foi causado por problemas na produção, mas pelo excesso de demanda. A avaliação da safra 2007/8 da Datagro desta semana indica que a cana disponível para moagem na região centro-sul é de 418 milhões de toneladas, 12% a mais do que em 2006.
O rendimento industrial deste ano, previsto para queda de 3,2%, recua apenas 1,4%, e a oferta de ATR (a quantidade de açúcar ou de álcool extraída por tonelada de cana) é 10,6% maior do que na safra passada. A previsão era a de crescimento de apenas 7%.
Além disso, as usinas priorizaram mais a produção de álcool do que a de açúcar, com um "mix" de 55% para o primeiro e 45% para o segundo.
Os novos números da Datagro indicam que a produção total de álcool na região centro-sul sobe para 19,3 bilhões de litros, somando 21,3 bilhões no país todo. Os brasileiros devem consumir, até o final desta safra, 16,6 bilhões de litros, 3 bilhões a mais do que na anterior.
O abastecimento interno foi favorecido não só pelo aumento de produção mas também pela redução das exportações, que ficam em 3,1 bilhões de litros nesta safra. Mesmo assim, os estoques efetivos de passagem no início de maio de 2008 serão de apenas 495 milhões de litros, volume inferior a dez dias de consumo.

Mais carros
Safra recorde e preço baixo do álcool levaram mais consumidores a optar pelo carro flex.
De janeiro a outubro, foi comercializado 1,61 milhão desses carros, 13% a mais do que todas as unidades vendidas em 2006. Entre 2003 e outubro deste ano, foram vendidos 4,22 milhões de veículos flex.
Em 1985, auge das vendas de carros a álcool, quando 96% dos veículos vendidos eram com motor que consumiam o combustível, a indústria automobilística havia colocado no mercado 647 mil unidades.


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