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Usinas atribuem alta a imperfeições do mercado
DA REDAÇÃO
Os preços do álcool sobem
neste final de ano por imperfeições do próprio mercado, segundo Antonio de Padua Rodrigues, da Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar).
Faltam contratos de negociação de médio prazo, os contratos futuros da Bolsa ainda são
restritos a usinas e a distribuidoras -inibindo a atuação de
outros investidores- e as distribuidoras apenas compram e
repassam o produto.
Plinio Nastari, da Datagro,
também destaca esses problemas do mercado e diz que o longo período de preços baixos que
o setor viveu foi, ainda, devido à
falta de locais para estocagem.
As prioridades das indústrias
até agora acabaram sendo com
investimentos em produção.
Para Padua, essas fortes quedas na safra e elevações na entressafra vão continuar ocorrendo enquanto persistirem
esses problemas no mercado.
Após tantas perdas na safra, o
produtor reage nesses quatro
meses de entressafra, diz ele.
"O errado não é o preço subir
neste período, mas a falta de
mecanismo para evitar a queda
acentuada na safra", diz ele.
O aperto final dos estoques
de álcool não foi causado por
problemas na produção, mas
pelo excesso de demanda. A
avaliação da safra 2007/8 da
Datagro desta semana indica
que a cana disponível para
moagem na região centro-sul é
de 418 milhões de toneladas,
12% a mais do que em 2006.
O rendimento industrial deste ano, previsto para queda de
3,2%, recua apenas 1,4%, e a
oferta de ATR (a quantidade de
açúcar ou de álcool extraída por
tonelada de cana) é 10,6%
maior do que na safra passada.
A previsão era a de crescimento
de apenas 7%.
Além disso, as usinas priorizaram mais a produção de álcool do que a de açúcar, com
um "mix" de 55% para o primeiro e 45% para o segundo.
Os novos números da Datagro indicam que a produção total de álcool na região centro-sul sobe para 19,3 bilhões de litros, somando 21,3 bilhões no
país todo. Os brasileiros devem
consumir, até o final desta safra, 16,6 bilhões de litros, 3 bilhões a mais do que na anterior.
O abastecimento interno foi
favorecido não só pelo aumento de produção mas também
pela redução das exportações,
que ficam em 3,1 bilhões de litros nesta safra. Mesmo assim,
os estoques efetivos de passagem no início de maio de 2008
serão de apenas 495 milhões de
litros, volume inferior a dez
dias de consumo.
Mais carros
Safra recorde e preço baixo
do álcool levaram mais consumidores a optar pelo carro flex.
De janeiro a outubro, foi comercializado 1,61 milhão desses carros, 13% a mais do que
todas as unidades vendidas em
2006. Entre 2003 e outubro
deste ano, foram vendidos 4,22
milhões de veículos flex.
Em 1985, auge das vendas de
carros a álcool, quando 96%
dos veículos vendidos eram
com motor que consumiam o
combustível, a indústria automobilística havia colocado no
mercado 647 mil unidades.
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