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Governo estuda medidas para o câmbio
Segundo o Planalto, objetivo é adotar ações pontuais, como a desoneração de impostos a fim de estimular exportações
Pacote de política industrial deve ter medidas que
influenciariam no câmbio e integrariam o conjunto de
ações que Lula quer executar
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo estuda um conjunto de medidas para "intervenção tópica" no câmbio, segundo ouviu a Folha no Planalto, por avaliar que a permanência do dólar no patamar de R$
1,80 a R$ 1,70 por um longo período poderá comprometer as
metas de crescimento do PIB.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a área econômica
não cogitam mudar a política
de câmbio flutuante. Avaliam
que medidas do governo também terão efeito limitado, mas
consolidaram a avaliação política de que ações pontuais devem ser adotadas.
Nesse contexto, o Ministério
da Fazenda estuda a elevação
de determinados impostos e a
desoneração de outros tributos, numa combinação que
procuraria estimular as exportações e evitar que as regras
econômicas atuais para entrada de dólar facilitem ainda
mais a desvalorização da moeda americana. Ontem, o dólar
fechou cotado a R$ 1,747. No
ano, a queda é de 18,25%
No primeiro mandato de Lula, marcado pela política econômica comandada pelo ex-ministro da Fazenda Antonio
Palocci Filho, era heresia falar
em intervenção no câmbio.
Com a inflexão no rigor fiscal e
monetário no segundo governo
do petista, passou-se a avaliar a
hipótese de medidas pontuais.
Agora, a Fazenda considera
que um patamar por volta dos
R$ 2 seria menos danoso. Contudo o governo não acredita
numa hecatombe econômica
com os níveis atuais, mas entende que o atual valor da moeda americana poderia minar
setores exportadores.
Não se trata de ação emergencial, diz um auxiliar direto
do presidente. Prevalece na cúpula do governo e na área econômica o entendimento de que
o dólar vive um momento de
fraqueza mundial. Outras moedas, não só o real, têm se valorizado em relação ao dólar.
Há ainda a avaliação de que
um dólar fraco contribui para a
modernização de equipamentos da indústria nacional e que
isso traz ganhos de produtividade que ajudariam a contrabalançar os efeitos negativos
da valorização do real. Daí a
cautela do governo no tema.
Na última segunda, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse que o dólar está "derretendo" ante o real e não descartou medidas para tentar valorizar a moeda americana.
"As políticas cambial e monetária têm de ser acompanhadas a todo momento. O governo pode resolver que agora não
tem o que fazer e amanhã resolver que tem de fazer alguma
coisa", afirmou Mantega. Detalhe: o governo decidiu que fará
algo, mas não marcou data.
A Folha apurou que até o final do ano será anunciado um
pacote de política industrial
pelo ministro do Desenvolvimento, Miguel Jorge. Esse pacote teria medidas que causariam impacto no câmbio e integrariam o conjunto de ações
que Lula quer implementar.
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