São Paulo, sábado, 17 de novembro de 2007

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Governo estuda medidas para o câmbio

Segundo o Planalto, objetivo é adotar ações pontuais, como a desoneração de impostos a fim de estimular exportações

Pacote de política industrial deve ter medidas que influenciariam no câmbio e integrariam o conjunto de ações que Lula quer executar

KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governo estuda um conjunto de medidas para "intervenção tópica" no câmbio, segundo ouviu a Folha no Planalto, por avaliar que a permanência do dólar no patamar de R$ 1,80 a R$ 1,70 por um longo período poderá comprometer as metas de crescimento do PIB.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a área econômica não cogitam mudar a política de câmbio flutuante. Avaliam que medidas do governo também terão efeito limitado, mas consolidaram a avaliação política de que ações pontuais devem ser adotadas.
Nesse contexto, o Ministério da Fazenda estuda a elevação de determinados impostos e a desoneração de outros tributos, numa combinação que procuraria estimular as exportações e evitar que as regras econômicas atuais para entrada de dólar facilitem ainda mais a desvalorização da moeda americana. Ontem, o dólar fechou cotado a R$ 1,747. No ano, a queda é de 18,25%
No primeiro mandato de Lula, marcado pela política econômica comandada pelo ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci Filho, era heresia falar em intervenção no câmbio. Com a inflexão no rigor fiscal e monetário no segundo governo do petista, passou-se a avaliar a hipótese de medidas pontuais.
Agora, a Fazenda considera que um patamar por volta dos R$ 2 seria menos danoso. Contudo o governo não acredita numa hecatombe econômica com os níveis atuais, mas entende que o atual valor da moeda americana poderia minar setores exportadores.
Não se trata de ação emergencial, diz um auxiliar direto do presidente. Prevalece na cúpula do governo e na área econômica o entendimento de que o dólar vive um momento de fraqueza mundial. Outras moedas, não só o real, têm se valorizado em relação ao dólar.
Há ainda a avaliação de que um dólar fraco contribui para a modernização de equipamentos da indústria nacional e que isso traz ganhos de produtividade que ajudariam a contrabalançar os efeitos negativos da valorização do real. Daí a cautela do governo no tema.
Na última segunda, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse que o dólar está "derretendo" ante o real e não descartou medidas para tentar valorizar a moeda americana.
"As políticas cambial e monetária têm de ser acompanhadas a todo momento. O governo pode resolver que agora não tem o que fazer e amanhã resolver que tem de fazer alguma coisa", afirmou Mantega. Detalhe: o governo decidiu que fará algo, mas não marcou data.
A Folha apurou que até o final do ano será anunciado um pacote de política industrial pelo ministro do Desenvolvimento, Miguel Jorge. Esse pacote teria medidas que causariam impacto no câmbio e integrariam o conjunto de ações que Lula quer implementar.


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