São Paulo, sábado, 17 de novembro de 2007

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PNX deve perder competitividade sem BRA, diz analista

MARINA FALEIROS
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

A agência de viagens PNX Travel, que baseava suas operações na frota da BRA Transportes Aéreos, deve perder competitividade com a saída da companhia aérea do mercado.
Essa é a avaliação de Carlos Alberto Amorim, vice-presidente da Abav (Associação Brasileira de Agências de Viagem). "Agora ficou difícil competir, pois a companhia era totalmente baseada na operação da BRA. Com outras empresas, não vai conseguir os mesmos preços", disse Amorim.
A saída da agência de viagens PNX Travel do mercado não traz grandes mudanças para o setor de agências de turismo no Brasil, ante o poder da CVC, que detém 65% do mercado de pacotes turísticos.
"É uma desproporção muito grande, todo o resto do segmento está divido entre milhares de empresas, e a PNX está nesse bolo", avalia o representante da Abav.
Operadores de vendas ouvidos pela reportagem afirmam que a PNX não era uma empresa prestigiada, principalmente por causa de problemas no atendimento e, por isso, não ganhou mercado.
Caio Luiz de Carvalho, presidente da São Paulo Turismo, diz que a saída da PNX prejudica o acesso das camadas de menor renda ao turismo, pois ela oferecia preços baixos. "Mas não terá muito impacto se a PNX sumir. A questão é o que acontece se a BRA deixa de existir, pois estamos na véspera da grande temporada brasileira na área de turismo, com a chegada do verão".
Edson Pinto, coordenador de comunicação do sistema CNtur (Confederação Nacional do Turismo) e Abresi (Associação Brasileira de Gastronomia, Hospedagem e Turismo), diz que é triste o possível fim da PNX. "É o mesmo grupo financeiro da BRA que dá sustentação à empresa, sabemos que é uma situação complicada e eles estão em busca de investidores que possam absorver o impacto negativo do que aconteceu."
Nesse mercado, quem se destaca com um crescimento sólido, diz Amorim, é apenas a CVC, que agora também é dona da companhia aérea Webjet. Carvalho, que também já foi presidente da Embratur e Ministro de Esportes e Turismo, também acredita que a Webjet possa se tornar o que a BRA tinha proposto no mercado, "mas não conseguiu realizar".
O setor de agências de viagens está preparado para uma retração de mercado em 2007, afirma Amorim.

Desestímulo
De acordo com ele, os problemas da crise aérea, com atrasos e cancelamentos de vôos, desestimularam o turismo doméstico. "Pode ser que neste ano as vendas de pacotes caiam até 10% em relação ao ano passado", prevê o especialista.
Para Amorim, o dólar baixo também estimulou muito mais o turismo internacional. "Para o Ano Novo, estamos com vendas abaixo da expectativa para as viagens nacionais, já para o carnaval, temos lista de espera nos vôos para a Disney."
Já a coordenadora da área de Turismo do Senac São Paulo, Priscila Tatiana Izawa Maciel, acredita que o mercado de turismo no Brasil está aquecido, mesmo diante dos problemas. "O mercado de agências é bem flexível e consegue se ajustar rapidamente. Tenho certeza que os aviões da BRA não ficarão ociosos."
Além disso, Maciel lembra que novas empresas estão entrando no mercado e conquistando espaço, inclusive no mundo virtual. "O Submarino e Decolar são exemplos e existe ainda uma tendência mundial de fusões neste setor, que pode gerar empresas de turismo maiores."
Para Pinto, da CNTur, a vinda da Copa do Mundo de 2014 vai estimular a entrada até mesmo de investidores internacionais no mercado de agências. "Muitas empresas vão querer ganhar visibilidade e aproveitar o momento para entrar no Brasil."


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