São Paulo, segunda-feira, 17 de novembro de 2008

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Megafeirão de carros atrai consumidor e ajuda a reduzir estoques das fábricas

DA REPORTAGEM LOCAL

A médica veterinária Taís Berelli Saito, 36, pensou muito, mas, na ensolarada manhã de ontem, decidiu fechar a compra de um Celta zero-quilômetro no megafeirão na unidade da GM de São Caetano do Sul. Com o carro novo, Saito vai resolver dois problemas: deixará de usar o carro da mãe e vai ajudar a GM a reduzir o gigantesco estoque acumulado na fábrica e nas concessionárias, um problema que anda tirando o sono da indústria automobilística.
Só na Grande São Paulo, o estoque da GM atingiu a marca de 8.000 veículos, somados os carros simetricamente estacionados no pátio da montadora e os guardados na rede de 40 concessionárias. Em tempos normais, o estoque seria a metade.
A GM estima que mais de 20 mil pessoas tenham passado pelo feirão no fim de semana -o segundo consecutivo realizado pela montadora. A força-tarefa mobilizou 400 pessoas, da GM e das concessionárias, e atingiu, segundo Rodrigo Rumi, gerente regional de marketing e vendas da montadora, a meta de desovar 3.000 unidades. O balanço oficial do feirão sai hoje, mas a previsão na tarde de ontem era a de que a montadora obtivera êxito.
"No sábado, foram vendidos 800 carros novos. Pelo ritmo de visitas, vamos conseguir chegar a 1.500", calculou Rumi. Com os dois fins de semana de feirão, a GM fecharia a venda de 3.000 carros zero-quilômetro, sem considerar os seminovos -que chegariam a 1.400.
A GM e a rede de concessionárias teve de abdicar das margens de venda para tirar o consumidor de casa. Foi a razão que levou Saito a fazer negócio. Um Celta de R$ 25 mil saiu por R$ 23,6 mil. Com entrada de 60%, ela conseguiu parcelas de R$ 294 durante 60 meses e juros de 1,38%. "O momento foi esse", dizia sorridente.
O analista de sistemas, Cristiano José dos Reis, 26, ainda fazia as contas com a vendedora para saber se fechava a compra de um Meriva.
O seu Gol seria parte do negócio, mas o problema estava no tamanho da prestação, acima de R$ 1.000 por mês.
A crise não assusta?, pergunta a reportagem da Folha. "Estou pensando em fazer o negócio porque tenho segurança de que vou continuar empregado", disse Reis.

Meta
Reduzir estoques é essencial agora. Gilberto Antonialli, diretor de vendas da revendedora GM Itororó, estava satisfeito com o resultado do feirão, mesmo tendo de abrir mão da margem. "Com carros no estoque, não há como ter margem", explicou. Ele acredita que isso irá acontecer nas próximas semanas, quando o estoque da loja retornar ao nível de 400 a 500 unidades. "O consumidor está voltando", comemora.
Wagner Zampieri Silva, gerente da Amazonas Morumbi, concessionária Fiat, também disse que já nota o retorno do consumidor ao mercado.
"Ainda é uma volta tímida, mas essas promoções e feirões têm ajudado", afirma. A queda na taxa de juro ajuda. Silva, responsável pelo mercado de seminovos, afirma que, no fim de semana, as taxas baixaram de 2,37% para 1,86%, com a possibilidade de o consumidor pagar em até 60 vezes, sem entrada.
Segundo Fernando Campos, gerente da Itavox -concessionária Volks com quatro unidades em São Paulo-, os feirões têm ajudado a reduzir os estoques. "Os consumidores estão voltando devagar, mas estão voltando", disse. (AGNALDO BRITO)


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