|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Megafeirão de carros atrai consumidor e ajuda a reduzir estoques das fábricas
DA REPORTAGEM LOCAL
A médica veterinária Taís
Berelli Saito, 36, pensou muito,
mas, na ensolarada manhã de
ontem, decidiu fechar a compra
de um Celta zero-quilômetro
no megafeirão na unidade da
GM de São Caetano do Sul.
Com o carro novo, Saito vai resolver dois problemas: deixará
de usar o carro da mãe e vai ajudar a GM a reduzir o gigantesco
estoque acumulado na fábrica e
nas concessionárias, um problema que anda tirando o sono
da indústria automobilística.
Só na Grande São Paulo, o estoque da GM atingiu a marca de
8.000 veículos, somados os carros simetricamente estacionados no pátio da montadora e os
guardados na rede de 40 concessionárias. Em tempos normais, o estoque seria a metade.
A GM estima que mais de 20
mil pessoas tenham passado
pelo feirão no fim de semana
-o segundo consecutivo realizado pela montadora. A força-tarefa mobilizou 400 pessoas,
da GM e das concessionárias, e
atingiu, segundo Rodrigo Rumi, gerente regional de marketing e vendas da montadora, a
meta de desovar 3.000 unidades. O balanço oficial do feirão
sai hoje, mas a previsão na tarde de ontem era a de que a
montadora obtivera êxito.
"No sábado, foram vendidos
800 carros novos. Pelo ritmo de
visitas, vamos conseguir chegar
a 1.500", calculou Rumi. Com
os dois fins de semana de feirão, a GM fecharia a venda de
3.000 carros zero-quilômetro,
sem considerar os seminovos
-que chegariam a 1.400.
A GM e a rede de concessionárias teve de abdicar das margens de venda para tirar o consumidor de casa. Foi a razão
que levou Saito a fazer negócio.
Um Celta de R$ 25 mil saiu por
R$ 23,6 mil. Com entrada de
60%, ela conseguiu parcelas de
R$ 294 durante 60 meses e juros de 1,38%. "O momento foi
esse", dizia sorridente.
O analista de sistemas, Cristiano José dos Reis, 26, ainda
fazia as contas com a vendedora para saber se fechava a compra de um Meriva.
O seu Gol seria parte do negócio, mas o problema estava
no tamanho da prestação, acima de R$ 1.000 por mês.
A crise não assusta?, pergunta a reportagem da Folha. "Estou pensando em fazer o negócio porque tenho segurança de
que vou continuar empregado", disse Reis.
Meta
Reduzir estoques é essencial
agora. Gilberto Antonialli, diretor de vendas da revendedora
GM Itororó, estava satisfeito
com o resultado do feirão, mesmo tendo de abrir mão da margem. "Com carros no estoque,
não há como ter margem", explicou. Ele acredita que isso irá
acontecer nas próximas semanas, quando o estoque da loja
retornar ao nível de 400 a 500
unidades. "O consumidor está
voltando", comemora.
Wagner Zampieri Silva, gerente da Amazonas Morumbi,
concessionária Fiat, também
disse que já nota o retorno do
consumidor ao mercado.
"Ainda é uma volta tímida,
mas essas promoções e feirões
têm ajudado", afirma. A queda
na taxa de juro ajuda. Silva, responsável pelo mercado de seminovos, afirma que, no fim de
semana, as taxas baixaram de
2,37% para 1,86%, com a possibilidade de o consumidor pagar
em até 60 vezes, sem entrada.
Segundo Fernando Campos,
gerente da Itavox -concessionária Volks com quatro unidades em São Paulo-, os feirões
têm ajudado a reduzir os estoques. "Os consumidores estão
voltando devagar, mas estão
voltando", disse.
(AGNALDO BRITO)
Texto Anterior: Plano de resgate a montadoras corre risco Próximo Texto: Gol anuncia prejuízo trimestral de R$ 474 mi Índice
|