São Paulo, segunda-feira, 17 de novembro de 2008

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Plano de resgate a montadoras corre risco

Senadores do partido de George W. Bush se opõem ao projeto democrata de socorro à indústria americana de veículos

Para o presidente eleito Barack Obama, o socorro deve ser condicionado a um plano de longo prazo de reestruturação do setor

DA REPORTAGEM LOCAL

Não será fácil, para a indústria automobilística americana, conseguir do governo a ajuda necessária para continuar funcionando. Ontem, dois senadores republicanos disseram que vão se opor ao plano de resgate, proposto pelo Partido Democrata, que deve ser colocado em discussão nesta semana. A idéia dos líderes do partido do presidente eleito Barack Obama é reservar para o setor cerca de US$ 25 bilhões do já aprovado pacote de US$ 700 bilhões destinado a tentar resolver a crise econômica na qual os Estados Unidos mergulharam.
"Empresas vão à falência todos os dias e outras tomam o seu lugar ", afirmou Richard Shelby, do Alabama. "Elas [as montadoras] não estão construindo os produtos certos, não inovam. São dinossauros."
"Apenas lhes dar US$ 25 bilhões não muda nada, só adia por seis meses a hora do acerto de contas", fez coro o senador Jon Kyl, do Arizona.
O risco político de deixar à deriva empresas do porte da General Motors, da Ford e da Chrysler é considerado alto.
A GM, maior montadora do mundo e que teve prejuízo de US$ 4,2 bilhões no terceiro trimestre, disse que pode não ter capital suficiente para chegar em 2009 e não descartou pedir concordata. A Chrysler também corre risco de não sobreviver sem a ajuda do governo, na avaliação de analistas. A Ford se encontra em situação um pouco melhor do que as outras graças a uma reforma interna realizada em 2006; no entanto, seria fatalmente prejudicada pelo fechamento da GM, com a qual compartilha fornecedores.
Da teoria do "grande demais para falir", que sempre fundamentou o socorro a bancos, os políticos também estão lançando mão para explicar o intuito de jogar uma bóia para as fabricantes de veículos. Por esse raciocínio, custaria menos o auxílio do que arcar com as conseqüências das quebras.
George W. Bush é contra o plano. Obama, que venceu nos Estados do chamado "cinturão do ferro" (Illinois, Indiana e Ohio), onde as fabricantes de veículos se concentram, comentou acreditar que a ajuda é necessária, mas deveria ser fornecida como parte de uma estratégia de longo prazo para "uma indústria automobilística sustentável", não simplesmente um cheque em branco. "Se o setor entrasse em colapso, seria um desastre no ambiente atual", disse em entrevista ao programa de televisão "60 Minutos" que foi ao ar na noite de ontem. "Minha esperança é de que o debate seja a respeito de dar uma ajuda condicionada a um plano que envolva trabalhadores, gestores, fornecedores e financiadores."

Com agências internacionais


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