São Paulo, segunda-feira, 17 de novembro de 2008

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Setor de fundos "encolhe" e muda perfil

Com o aumento dos saques e a redução do número de cotistas e de fundos, gestores substituem ações por CDBs em suas carteiras

Quem investiu na Bolsa sem planejamento e no meio da euforia do início do ano assusta-se mais com as perdas e troca de aplicação

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

A indústria de fundos de investimento tem sofrido importantes alterações neste momento de crise aguda. Em um momento em que os saques de recursos das aplicações têm sido elevados, e o número de fundos e de cotistas tem encolhido, os gestores têm alterado a composição das carteiras como forma de tentar conquistar retornos melhores e se readequar ao novo cenário.
Dois movimentos têm se destacado na composição das carteiras dos fundos: aumento da participação dos CDBs e queda na parcela composta por ações.
De uma participação de 8,96% do total das carteiras em dezembro passado, os CDBs já respondiam por 13,44% no fim de setembro, último dado disponibilizado pela Anbid (Associação Nacional dos Bancos de Investimento). Na outra ponta, as ações, com participação de 21,71%, caíram para 17,66%.
Essas mudanças têm ocorrido em meio à diminuição no total de fundos e no número de cotistas. Até julho, os fundos e os cotistas vinham crescendo de forma constante. Mas a crise interrompeu esse processo.
O número total de fundos caiu de 8.472 em julho para 8.379 em outubro passado. Esse encolhimento foi seguido pela diminuição do número de cotistas, que saiu do pico de 10,9 milhões para 10,5 milhões -são considerados tanto os fundos de investimento como os de cotas.
"As pessoas que deixaram os fundos são as que entraram no mercado mais recentemente, empolgadas com o longo período de ganhos da Bolsa. Quem está acostumado a investir há mais tempo já atravessou outras crises e está mais preparado", avalia William Eid Júnior, coordenador do Centro de Estudos em Finanças da FGV.
Os fundos de investimento registram saída líquida de R$ 53,78 bilhões neste ano. Proporcionalmente, em relação ao patrimônio total da indústria, a cifra não é tão expressiva. Mas esse resultado é o pior desde 2002, quando o mercado foi abalado pela crise de desconfiança gerada pelo período pré-eleitoral. O patrimônio da indústria de fundos soma hoje R$ 1,097 trilhão.
Com maiores dificuldades para captar recursos, os bancos passaram a pagar taxas mais elevadas nos CDBs (Certificados de Depósito Bancário) que emitem. Como em muitos casos essas taxas superavam as pagas pelos títulos públicos, gestores optaram por colocar mais CDBs nas carteiras dos fundos, como forma de melhorar suas rentabilidades.
Os fundos de investimento são formados por diferentes títulos, tanto públicos como privados. É desse "mix" que se chega às rentabilidades finais de cada aplicação. Os ganhos dependem do desempenho dos papéis que entram na carteira.


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