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Setor de fundos "encolhe" e muda perfil
Com o aumento dos saques e a redução do número de cotistas e de fundos, gestores substituem ações por CDBs em suas carteiras
Quem investiu na Bolsa sem planejamento e no meio da euforia do início do ano assusta-se mais com as perdas e troca de aplicação
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
A indústria de fundos de investimento tem sofrido importantes alterações neste momento de crise aguda. Em um
momento em que os saques de
recursos das aplicações têm sido elevados, e o número de fundos e de cotistas tem encolhido,
os gestores têm alterado a composição das carteiras como forma de tentar conquistar retornos melhores e se readequar ao
novo cenário.
Dois movimentos têm se destacado na composição das carteiras dos fundos: aumento da
participação dos CDBs e queda
na parcela composta por ações.
De uma participação de
8,96% do total das carteiras em
dezembro passado, os CDBs já
respondiam por 13,44% no fim
de setembro, último dado disponibilizado pela Anbid (Associação Nacional dos Bancos de
Investimento). Na outra ponta,
as ações, com participação de
21,71%, caíram para 17,66%.
Essas mudanças têm ocorrido em meio à diminuição no total de fundos e no número de
cotistas. Até julho, os fundos e
os cotistas vinham crescendo
de forma constante. Mas a crise
interrompeu esse processo.
O número total de fundos
caiu de 8.472 em julho para
8.379 em outubro passado. Esse encolhimento foi seguido
pela diminuição do número de
cotistas, que saiu do pico de
10,9 milhões para 10,5 milhões
-são considerados tanto os
fundos de investimento como
os de cotas.
"As pessoas que deixaram os
fundos são as que entraram no
mercado mais recentemente,
empolgadas com o longo período de ganhos da Bolsa. Quem
está acostumado a investir há
mais tempo já atravessou outras crises e está mais preparado", avalia William Eid Júnior,
coordenador do Centro de Estudos em Finanças da FGV.
Os fundos de investimento
registram saída líquida de R$
53,78 bilhões neste ano. Proporcionalmente, em relação ao
patrimônio total da indústria, a
cifra não é tão expressiva. Mas
esse resultado é o pior desde
2002, quando o mercado foi
abalado pela crise de desconfiança gerada pelo período pré-eleitoral. O patrimônio da indústria de fundos soma hoje
R$ 1,097 trilhão.
Com maiores dificuldades
para captar recursos, os bancos
passaram a pagar taxas mais
elevadas nos CDBs (Certificados de Depósito Bancário) que
emitem. Como em muitos casos essas taxas superavam as
pagas pelos títulos públicos,
gestores optaram por colocar
mais CDBs nas carteiras dos
fundos, como forma de melhorar suas rentabilidades.
Os fundos de investimento
são formados por diferentes títulos, tanto públicos como privados. É desse "mix" que se
chega às rentabilidades finais
de cada aplicação. Os ganhos
dependem do desempenho dos
papéis que entram na carteira.
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