São Paulo, segunda-feira, 17 de novembro de 2008

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Mudanças nos fundos devem continuar

Como a profundidade e a duração da crise ainda são incógnitas, mercado deve seguir instável, e ações podem cair mais, dizem analistas

Entretanto, segundo os especialistas, os juros se aproximam do seu teto, o que limita as perspectivas de ganhos com os CDBs

DA REPORTAGEM LOCAL

As mudanças recentes observadas no mercado de fundos tendem a se manter por um bom tempo. E mesmo se aprofundar. Isso considerando que o retorno dos melhores momentos da indústria de fundos dependerá do arrefecimento da crise econômica internacional que vai, na avaliação praticamente unânime dos analistas, ainda se arrastar ao menos por alguns meses.
Desde 2003, o mercado de fundos apenas se expandiu, superando pela primeira vez em sua história a marca de R$ 1 trilhão em patrimônio. Junto a essa expansão, os investidores passaram a ter uma oferta inédita de produtos financeiros, e o número de aplicadores alcançou seu pico.
"Os investidores vinham de cinco anos de ganhos contínuos e o mercado mudou de rumo. Com isso, os investidores passaram a demandar menos os ativos de maior risco", afirma Patrícia Branco, sócia-gestora da Global Equity. "E a expectativa é de mais volatilidade ao menos até o primeiro trimestre de 2009. Ainda há muitos dados ruins que, espera-se, vão aparecer, tanto no setor corporativo como na economia real."
Para os investidores, o atual momento crítico teve dois efeitos imediatos: a depreciação das ações e o aumento das taxas de juros pagas pelos CDBs. Daqui para a frente, a má notícia é que os juros podem estar perto de seu teto, enquanto as ações podem cair muito mais.
No caso da taxa básica Selic, que foi mantida em 13,75% no último encontro do Copom (Comitê de Política Monetária do BC), o mercado tem dúvidas se há espaço para que volte a ser elevada tão cedo. A Selic serve de parâmetro para as outras taxas praticadas no mercado. Dessa forma, se a Selic ficar congelada por muito tempo, as perspectivas de aumento das rentabilidades são menores.

Bolsa fraca
A Bolsa de Valores de São Paulo está bastante distante de seus melhores momentos. Em 20 de maio, o índice Ibovespa cravou 73.516 pontos, sua máxima histórica. Na sexta-feira, encerrou aos 35.789 pontos -o que representa depreciação de 51% desde o pico.
Os pontos representam o valor de mercado das empresas listadas na Bolsa. Quando os pontos sobem, indicam que as empresas estão mais valiosas. E vice-versa.
O que os investidores têm visto nos últimos meses é a Bolsa alternar momentos de forte depreciação com dias eufóricos, de altas recordes. Ou seja, o mercado está extremamente volátil, marcado por bruscas oscilações. Dessa forma, ficou muito mais arriscado e imprevisível investir na Bolsa ou mesmo em fundos de ações.
"É complicado neste momento fazer uma estimativa de quando haverá uma recuperação. As notícias ruins pelo mundo têm de rarear para que o mercado comece a ver uma luz e tentar se recuperar no segundo semestre de 2009. Mas ainda há muitas variáveis para serem conhecidas nos próximos meses", afirma William Eid Júnior, do Centro de Estudos em Finanças da FGV.
(FABRICIO VIEIRA)


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