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Mudanças nos fundos devem continuar
Como a profundidade e a duração da crise ainda são incógnitas, mercado deve seguir instável, e ações podem cair mais, dizem analistas
Entretanto, segundo os especialistas, os juros se aproximam do seu teto, o que limita as perspectivas de ganhos com os CDBs
DA REPORTAGEM LOCAL
As mudanças recentes observadas no mercado de fundos
tendem a se manter por um
bom tempo. E mesmo se aprofundar. Isso considerando que
o retorno dos melhores momentos da indústria de fundos
dependerá do arrefecimento da
crise econômica internacional
que vai, na avaliação praticamente unânime dos analistas,
ainda se arrastar ao menos por
alguns meses.
Desde 2003, o mercado de
fundos apenas se expandiu, superando pela primeira vez em
sua história a marca de R$ 1 trilhão em patrimônio. Junto a
essa expansão, os investidores
passaram a ter uma oferta inédita de produtos financeiros, e
o número de aplicadores alcançou seu pico.
"Os investidores vinham de
cinco anos de ganhos contínuos
e o mercado mudou de rumo.
Com isso, os investidores passaram a demandar menos os
ativos de maior risco", afirma
Patrícia Branco, sócia-gestora
da Global Equity. "E a expectativa é de mais volatilidade ao
menos até o primeiro trimestre
de 2009. Ainda há muitos dados ruins que, espera-se, vão
aparecer, tanto no setor corporativo como na economia real."
Para os investidores, o atual
momento crítico teve dois efeitos imediatos: a depreciação
das ações e o aumento das taxas
de juros pagas pelos CDBs. Daqui para a frente, a má notícia é
que os juros podem estar perto
de seu teto, enquanto as ações
podem cair muito mais.
No caso da taxa básica Selic,
que foi mantida em 13,75% no
último encontro do Copom
(Comitê de Política Monetária
do BC), o mercado tem dúvidas
se há espaço para que volte a
ser elevada tão cedo. A Selic
serve de parâmetro para as outras taxas praticadas no mercado. Dessa forma, se a Selic ficar
congelada por muito tempo, as
perspectivas de aumento das
rentabilidades são menores.
Bolsa fraca
A Bolsa de Valores de São
Paulo está bastante distante de
seus melhores momentos. Em
20 de maio, o índice Ibovespa
cravou 73.516 pontos, sua máxima histórica. Na sexta-feira,
encerrou aos 35.789 pontos -o
que representa depreciação de
51% desde o pico.
Os pontos representam o valor de mercado das empresas
listadas na Bolsa. Quando os
pontos sobem, indicam que as
empresas estão mais valiosas. E
vice-versa.
O que os investidores têm
visto nos últimos meses é a Bolsa alternar momentos de forte
depreciação com dias eufóricos, de altas recordes. Ou seja, o
mercado está extremamente
volátil, marcado por bruscas
oscilações. Dessa forma, ficou
muito mais arriscado e imprevisível investir na Bolsa ou
mesmo em fundos de ações.
"É complicado neste momento fazer uma estimativa de
quando haverá uma recuperação. As notícias ruins pelo
mundo têm de rarear para que
o mercado comece a ver uma
luz e tentar se recuperar no segundo semestre de 2009. Mas
ainda há muitas variáveis para
serem conhecidas nos próximos meses", afirma William
Eid Júnior, do Centro de Estudos em Finanças da FGV.
(FABRICIO VIEIRA)
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