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Outro lado
Empresas refutam acusações de assédio
Elas afirmam investir em treinamento para prevenir situações que culminem em humilhação a seus funcionários
DA REPORTAGEM LOCAL
Empresas e instituições financeiras denunciadas à Justiça do Trabalho ou ao Ministério Público do Trabalho por
prática de assédio moral informam que repudiam "condutas
inadequadas" de empregados e
investem em treinamento para
prevenir situações que culminem em constrangimentos e
humilhações a trabalhadores.
A Febraban (Federação Brasileira de Bancos) afirma que o
assédio moral não é um problema generalizado no setor nem
lidera o ranking de reclamações
trabalhistas nos departamentos jurídicos das instituições financeiras.
As principais queixas, de
acordo com a entidade, são processos referentes a jornada de
trabalho (horas extras) e equiparação salarial.
"Não temos dados que mostrem que há uma epidemia de
assédio moral no setor bancário. Existem reclamações, mas
são em pequeno número quando se considera a população de
bancários, que hoje chega a 404
mil funcionários no país", afirma Magnus Apostólico, coordenador de relações trabalhistas da Febraban.
"Os bancos estão dispostos a
discutir medidas preventivas
para que esse tema [assédio
moral] não se transforme em
uma nova forma de conflito que
tumultue a relação dos bancos
com seus colaboradores, como
ocorreu com a LER [Lesão por
Esforços Repetitivos]. Foi um
modismo que se espalhou por
vários segmentos", diz o representante da federação.
Grupo de trabalho
A Febraban e o Sindicato dos
Bancários de São Paulo criaram
um grupo de trabalho há cerca
de um mês para discutir o assunto, as metas estabelecidas
pelas instituições financeiras e
a prevenção de conflitos no local de trabalho.
"A questão de metas tem de
ser vista com cuidado. Ninguém trabalha sem metas. Nos
bancos, a prova que as metas
são atingíveis é que o próprio
sindicato da categoria reconhece que a remuneração variável
é significativa entre os trabalhadores", diz Apostólico.
O Sindicato dos Bancários
diz que encaminhou ao Ministério Público do Trabalho denúncias referentes à prática de
assédio moral coletivo em seis
bancos entre 2002 e 2005.
"A instalação do grupo de
trabalho tem como objetivo excluir a prática de assédio moral
da categoria e propor o fim de
metas abusivas", afirma Luiz
Cláudio Marcolino, presidente
do sindicato.
Ele acrescenta: "Com a redução do número de funcionários,
a pressão e a cobrança aumentaram. Não é um problema isolado. É generalizado e se agravou com a cobrança de metas
para a venda de produtos".
Procurado pela Folha para
comentar a ação civil pública
instaurada pelo Ministério Público do Trabalho de São Paulo
contra o banco, o Bradesco
afirmou que ainda não foi citado na ação em referência e que
não comentaria o assunto.
Em março do ano passado, o
MPT também ingressou com
ação civil pública contra o Itaú
pedindo que o banco não adote
práticas de assédio contra empregados com suspeitas ou
com confirmação de doença
profissional.
O processo está em curso na
44ª Vara do Trabalho, em fase
de perícia.
Procurado pela Folha, o Itaú
não enviou resposta comentando o assunto até o fechamento desta edição.
A AmBev (Companhia de Bebidas das Américas), que foi
condenada pelo TRT (Tribunal
Regional do Trabalho) do Rio
Grande do Norte a pagar indenização de R$ 1 milhão por prática de assédio moral coletivo,
disse que o caso em questão
"faz parte do passado (2001) e
não condiz com a cultura
AmBev".
A empresa afirma ainda que
investe em treinamento de liderança e gestão de pessoas. "A
AmBev disponibiliza canais internos de comunicação para
que críticas e sugestões relacionadas ao trabalho possam ser
realizadas com total sigilo."
(CR e FF)
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