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Competição maior eleva denúncias
Disputa mais acirrada entre empresas estimulou pressão aos empregados com uso de assédio, dizem especialistas
Pesquisa da OIT revela que 42% dos trabalhadores brasileiros foram vítimas do problema em 2000, e há avaliação que ele piorou
DA REPORTAGEM LOCAL
O assédio moral está presente nos mais diversos setores da
economia, em todos os níveis
hierárquicos e disseminado nas
cinco regiões do Brasil, segundo especialistas no tema consultados pela Folha.
A revolução tecnológica e a
necessidade de as empresas serem cada vez mais competitivas, especialmente a partir dos
anos 90, estimularam o gerenciamento de empregados por
meio de pressão. Com isso, surgiram os conflitos entre as pessoas e o assédio moral -a conduta de submeter alguém, geralmente um subordinado, a situações de humilhação.
Levantamento da OIT (Organização Internacional do
Trabalho) mostra que 42% dos
trabalhadores brasileiros foram vítimas de assédio moral
em 2000. Esse percentual, na
percepção de quem estuda o
assunto, só cresceu até hoje.
Está presente nas indústrias,
nas instituições financeiras,
nas escolas e no setor público.
Não há legislação específica
para tratar o assédio moral no
Brasil, como já ocorre na França. Mas é cada vez mais comum
a Justiça do Trabalho determinar significativas indenizações
às vítimas. "A Justiça tem sido
rigorosa, e as empresas estão
tendo de pagar indenizações,
que são variadas", diz Sônia
Mascaro Nascimento, advogada que estuda o tema.
As indenizações que podem
ser de R$ 5.000, R$ 60 mil ou
até milionárias são estabelecidas pela Justiça levando em
conta a capacidade econômica
das empresas, a condição social
e financeira do empregado e
também a gravidade do ato, segundo informa a advogada.
Maior conscientização
O assédio moral em menor
ou maior grau sempre existiu,
na avaliação de Ari Beltran, advogado e professor de Direito
do Trabalho da USP. Mas está
mais evidente de dez anos para
cá porque os trabalhadores têm
cada vez mais informações sobre os seus direitos.
"Os trabalhadores são hoje
muito mais conscientes sobre
seus direitos", afirma.
Jorge Luiz Souto Maior, juiz
titular da 3ª Vara de Jundiaí,
diz que já determinou indenização de R$ 400 mil a uma vítima de assédio moral daquele
município.
"O assédio moral sempre
existiu, só que hoje é mais evidente porque as pessoas começam a pedir seus direitos. É resultado de um sistema de trabalho mais perverso."
(FÁTIMA FERNANDES e CLAUDIA ROLLI)
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