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Preso doleiro acusado de remeter R$ 1,5 bi
Raul Henrique Srour e seu sócio teriam feito remessas ilegais entre 2000 e 2003, período em que já eram réus em outro processo
Segundo a PF, acusados usaram empresas abertas em paraíso fiscal para fazer envio; advogados não foram encontrados para comentar
MARIO CESAR CARVALHO
DA REPORTAGEM LOCAL
O empresário Raul Henrique
Srour foi preso anteontem pela
Polícia Federal em São Paulo
sob acusação de operar como
doleiro. O sócio de Srour, Richard Andrew de Mol van Otterloo, não foi encontrado no
dia e é considerado foragido da
Justiça, segundo a polícia.
Srour e Van Otterloo são acusados de terem feito remessas
ilegais de US$ 700 milhões (o
equivalente a R$ 1,5 bilhão) em
duas contas entre 2000 e 2003.
O juiz Fausto Martin de
Sanctis, da 6ª Vara Federal Criminal, decretou a prisão porque os dois fizeram as remessas
ilegais quando já eram réus em
outro processo criminal.
Nesse processo, de 2000,
Srour e Van Otterloo são acusados de usar a distribuidora de
títulos Vitória DTVM para manipular precatórios (os títulos
que os governos lançam para
pagar dívidas). O caso foi investigado por uma CPI, em 1997,
no que ficou conhecido como o
"escândalo dos precatórios".
Os dois empresários são citados no relatório da CPI dos Precatórios, mas o Banco Central
arquivou a investigação contra
a distribuidora de valores deles
por falta de provas.
Investigações feitas pela Polícia Federal a partir de documentos enviados pelo governo
americano mostram que os
dois empresários usaram empresas abertas em paraísos fiscais para fazer as remessas.
Uma das "offshores" usadas
foi a Chello Sociedad Anónima,
criada no Uruguai. Só em 2002
ele remeteu ilegalmente
US$ 224 milhões, segundo dados da Força Tarefa CC5, o grupo de policiais federais e procuradores que faz a maior investigação sobre doleiros no país.
A Chello tinha uma conta na
Beacon Hill Service Corporation, uma organização usada
por doleiros. A Beacon Hill
operava com uma conta no JP
Morgan Chase em Nova York.
A outra "offshore" da dupla, a
Dairland Sociedad Anónima,
remeteu US$ 476 milhões para
uma conta no MTB Bank de
Nova York, ainda de acordo
com a Força Tarefa CC5.
Otterloo operou outras duas
contas no MTB Bank para receber remessas supostamente
ilegais: Jazz e Campari. Essas
contas foram usadas entre 1997
e 2002, quando foram fechadas
pelo governo dos EUA porque
serviriam para lavar dinheiro.
A CPI do Banestado também
investigou os dois empresários.
Neste ano, Van Otterloo disse
ter pago R$ 300 mil ao deputado José Mentor (PT-SP) para
que seu nome não aparecesse
no relatório da CPI. Mentor nega ter recebido a propina.
Srour e Van Otterloo foram
presos no ano passado acusados de continuar a praticar crimes mesmo sendo réus, mas foram soltos por decisão do ministro Marco Aurélio de Mello,
do Supremo Tribunal Federal,
por serem primários.
A Folha não conseguiu localizar na noite de anteontem os
advogados dos empresários.
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