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Município procura obras para usar recursos ganhos com exploração de gás
DO ENVIADO A VILLA MONTES
O prefeito da pequena cidade de Villa Montes, Rubén Vaca, tem um problema de fazer
inveja a seus colegas da Bolívia, o país mais pobre da América do Sul: conseguir gastar
todo o dinheiro disponível.
"Aqui é o Kuait da Bolívia",
disse Vaca, em entrevista à Folha no seu gabinete, em alusão
ao fato de a província de Gran
Chaco, onde está a cidade,
reunir as principais reservas
de gás, entre as quais os megacampos de San Alberto e San
Antonio, os maiores do país e
operados pela Petrobras.
Apesar de a imensa riqueza
da região já ser explorada há
mais de dez anos, o aumento
dos recursos para Villa Montes, explica o prefeito, é recente e teve origem tanto no aumento de impostos pagos pelas petroleiras como numa lei
de 2005 assinada pelo então
presidente Carlos Mesa. Segundo a lei, a província passou
a ter direito a 45% da participação tributária de 11% do departamento de Tarija na comercialização do gás.
Segundo ele, o orçamento
para obras pulou de US$ 1 milhão, em 2004, para US$ 7 milhões neste ano e chegará a
US$ 10 milhões em 2007,
quando a arrecadação crescerá ainda mais por causa da alta
do preço do gás vendido à Argentina e dos novos contratos
de exploração com as petroleiras, ambos negociados pelo
governo Evo Morales.
O resultado é que a região,
que inclui outras duas cidades,
virou grande canteiro de
obras: várias ruas de Villa
Montes, que até há pouco só
tinha a rua principal pavimentada, estão sendo asfaltadas.
Há ainda duas estradas em
construção, uma em direção
ao Paraguai e outra até a capital do departamento, Tarija.
Vaca disse que o aumento
de arrecadação mudou a relação com a Petrobras. "Antes, a
gente fazia praticamente o papel de pedinte para negociar
um projeto de US$ 50 mil,
US$ 100 mil. Agora, temos dinheiro próprio, não precisamos dela."
Apesar dos investimentos,
falta muito para transformar
essa pequena cidade de 30 mil
habitantes. Quase todas as
suas ruas empoeiradas continuam sem pavimentação, e a
maioria das casas é construída
de forma precária. Além disso,
uma das principais atividades
da cidade, a pesca no rio Pilcomayo, está acabando por causa da superexploração.
"Aqui as coisas melhoram,
mas bem devagar", diz Maria
Paulina Romero, 46, que em
2002 trabalhou por oito meses como cozinheira para a
Petrobras. Com o dinheiro
acumulado nesse período, ela
comprou um freezer e utensílios domésticos, o suficiente
para transformar a tenda de
venda de refresco num pequeno restaurante dentro do mercado de rua de Villa Montes.
Ali, serve diariamente cerca
de 60 refeições, a R$ 1,5 cada
uma.
(FM)
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