São Paulo, domingo, 17 de dezembro de 2006

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Praias do Rio movimentam R$ 80 mi por mês

Gasto médio por pessoa nesses locais é de R$ 10 a cada ida; rendimento de ambulantes é de R$ 1.000 por mês

ANTÔNIO GOIS
DA SUCURSAL DO RIO

O vendedor Fábio dos Santos, 27, descobriu seu nicho de mercado ao se especializar, há seis anos, na venda de redes para turistas na praia de Copacabana. Para melhorar suas vendas, aprendeu noções de espanhol e inglês e agora, por mês, consegue chegar a uma renda que varia entre R$ 1.000 e R$ 1.600. Com ela, garante o sustento da mulher e do filho e ainda ajuda parentes no Nordeste, de onde importa as redes que vende diariamente.
Quem já pôs os pés numa praia carioca sabe que, como Fábio, milhares de trabalhadores dependem desse comércio para sobreviver. Uma pesquisa feita pelo Sebrae-RJ com ambulantes, quiosqueiros, prestadores de serviço e freqüentadores das praias de Copacabana, Barra e Ramos mostra que o gasto médio por pessoa nesses locais é de R$ 10 a cada ida à praia, enquanto o rendimento médio dos ambulantes é de R$ 1.000 mensais.
Nas contas do diretor-superintendente do Sebrae no Rio, Sérgio Malta, isso significa que, por baixo, as praias movimentam pelo menos R$ 80 milhões por mês, já que o número estimado de freqüentadores em finais de semana de sol é de 2 milhões de pessoas, sendo 10% delas são trabalhadores.
"A praia talvez seja a mais importante opção de lazer de pelo menos metade da população brasileira que vive em cidades do litoral. É um espaço, no entanto, que nunca foi estudado do ponto de vista econômico", afirma Malta.
Além do estudo do Rio, foi feito um com o mesmo objetivo pelo Sebrae da Bahia em três praias de Salvador (Guarajuba, Ipitanga e Piatã). Realizado pelos pesquisadores Elizabeth Loiola e Paulo Miguez, ele estimou que só nas barracas de toda a orla da cidade 15 mil pessoas são beneficiadas pelos serviços prestados nesses locais.
Tanto no Rio quanto em Salvador, as pesquisas mostraram a necessidade de melhor qualificação dos trabalhadores da praia e uma preocupação dos freqüentadores com preservação ambiental e segurança.
No Rio, 59% disseram que é necessário aumentar a fiscalização dos serviços oferecidos, especialmente a qualidade dos alimentos. Apesar de algumas críticas, a maioria avaliou de forma positiva os serviços prestados pelos trabalhadores.
No que diz respeito aos trabalhadores, a pesquisa do Rio mostrou que a imensa maioria deles têm como única fonte de renda suas atividades na praia. Quase todos são homens e freqüentaram apenas o ensino fundamental. Pouquíssimos disseram já ter participado de algum curso para melhorar suas habilidades na administração de barracas ou na venda direta ao público.
Para Malta, do Sebrae-RJ, a pesquisa mostra que a praia é o principal local de trabalho para uma parcela expressiva da população. Trata-se, porém, de um trabalho cansativo. "É preciso ter disposição e estar sempre esperto, já que há uma concorrência muito grande. Muitos aprendem com o tempo a identificar os freqüentadores que consomem mais. Sem essa disposição e sensibilidade, um trabalhador pode voltar para casa de mãos vazias."
De fato, para se diferenciar da concorrência, vários ambulantes tentam variar ou inovar com novos produtos oferecidos ao lado de outros que nunca saíram de moda no Rio, como os biscoitos de polvilho e o mate vendido em tonéis.
A dona de barraca Elza Ferreira dos Santos, 39, assumiu há três anos um ponto em frente ao Copacabana Palace, um dos mais disputados da praia pela alta presença de turistas. "Nós passamos a vender também sanduíches naturais e caipirinhas feitas com vodca, o que não existia antes aqui." Ela afirma ter uma renda média de R$ 1.600 com a atividade.
Marcelo Lins, Antero Nogueira e Carla Paes são clientes fiéis de Elza. Eles contam que escolhem a barraca de Elza pela qualidade dos serviços. "Até bolsinha da sua barraca eu já ganhei", afirma Marcelo.


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