São Paulo, domingo, 17 de dezembro de 2006

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Eletrônicos demitem 2.000 em Manaus

Adequação à demanda do mercado de TVs, além da migração de empresas para o Sudeste, levam empresas a cortar pessoal

Segundo dados do IBGE, a produção das indústrias do Amazonas apresenta queda de 2,6% no acumulado deste ano até outubro

ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Fabricantes de celulares e de televisores demitiram centenas de trabalhadores nos últimos dias em Manaus (AM). Na tentativa de reverter o processo, continuam as negociações com o sindicato dos metalúrgicos. Segundo apurou a Folha, 2.000 pessoas devem ser atingidas -entre os já demitidos e outros que devem ser dispensados na próxima semana.
Entre as razões para os cortes está a mudança do sistema da Vivo, que alterou a tecnologia de CDMA para GSM. A mudança promovida pela Vivo está em andamento e afetou fornecedores da empresa. Mas o grande motivo, no caso dos eletrônicos, foi a redução na produção de televisores por conta de esfriamento na demanda.
A guerra fiscal entre os Estados -que levou à migração de companhias ao Sudeste- também seria outro fator, segundo as indústrias do Norte do país.
De acordo com o Sindicato dos Metalúrgicos de Manaus, as empresas que promoveram cortes nos últimos dias foram: Evadin Indústrias da Amazônia, Jabil do Brasil, Panasonic da Amazônia, Philips da Amazônia e Molex Brasil.
No caso da Evadin, na semana passada foram dispensadas 500 pessoas. A empresa fabrica celulares próprios da marca Aiko e registrou queda nas vendas, segundo o sindicato.
Já a Jabil do Brasil, filial da norte-americana Jabil Circuit, deve dispensar 300 pessoas na próxima semana, segundo comunicado do grupo enviado aos sindicalistas. "Esse número deve chegar a 600 pessoas", afirma Waldemir Santana, presidente do sindicato de Manaus, filiado à CUT.
A companhia, que fabrica placas eletrônicas para celulares e produtos eletrônicos em geral, informou à central que registrou retração no volume de encomendas no ano. Evadin e Jabil foram procuradas pela Folha na sexta, mas até o início da noite não responderam.
Dados do IBGE mostram redução na produção das indústrias do Amazonas, em taxas mais elevadas que a média -em 11 Estados do país foi verificada expansão no ritmo de produção e, em só três, há queda. No Amazonas, a redução é de 2,6% neste ano até outubro.
Na avaliação dos empresários em Manaus, representados pelo Cieam, o centro das indústrias local, a guerra fiscal tem atrapalhado os planos de expansão na produção e nos investimentos. Empresas paulistas conseguem usar incentivos da Lei de Informática que acabaram transformando São Paulo em local mais competitivo.
A Nokia é a única empresa de grande porte na área de telefonia celular que permanece com a sua indústria na Zona Franca. Parte delas transferiu as unidades fabris para a região Sudeste.
Segundo o sindicato de Manaus, há outras empresas demitindo. A Panasonic dispensou 250 pessoas desde o mês passado, diz Santana. A empresa nega queda de demanda e produção, assim como cortes.
Na Philips, a redução no quadro de pessoal deve atingir 300 pessoas, basicamente na linha de produção de televisores.
Em nota à Folha, a companhia confirma a decisão de ajustar o quadro de funcionários, "em função de um novo patamar de produção, decorrente da redução nas vendas". A empresa não informa o número de demitidos.


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