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Sistemas que usam o melhor de cada local ganham espaço
DO "FINANCIAL TIMES"
É provável que sistemas híbridos, unindo as vantagens
competitivas de países de custos mais baixos com as dos países mais desenvolvidos, se tornem mais comuns, oferecendo
oportunidades a indústrias instaladas em nações de alto custo.
É essa, por exemplo, a estratégia da Invacare, dos EUA, a
maior fabricante mundial de
cadeiras de rodas. A maior parte de suas cadeiras são feitas
por pedidos personalizados
vindos de países de altos salários, os mesmos que abrigam a
maioria de seus consumidores.
As aquisições de componentes da Invacare em países de
custos mais baixos somarão
US$ 200 milhões neste ano, ou
dez vezes o nível registrado cinco anos atrás, e em 2011 o valor
deve atingir US$ 400 milhões.
Quando o modelo híbrido é
adotado como estrutura interna de uma empresa, a combinação dos dois conjuntos de fábricas é realizada por meio de
transferências de know-how e
design, com as fábricas instaladas nos países ricos -conhecidas como fábricas-mães- explorando o nível de tecnologia
mais alto de que desfrutam e,
em geral, tomando a liderança
nesses relacionamentos.
Um exemplo é a Danfoss,
produtora dinamarquesa de
válvulas para aquecimento.
"Nossas fábricas na Dinamarca
se concentram em válvulas "padrão Mercedes", que representam os nossos produtos mais
sofisticados e de preços mais altos. Na China fabricamos produtos mais baratos, vendidos
principalmente no mercado local", diz Jorgen Clausen, presidente-executivo do grupo.
Ele acrescenta que, devido à
alta eficiência da produção da
empresa na Dinamarca, ela foi
capaz de elevar o volume produzido em seu país de origem e
manter seu quadro de 6.200
funcionários ao longo dos últimos dez anos, enquanto abria
fábricas na China, que hoje empregam 1.700 trabalhadores.
Outras empresas, como a japonesa Komatsu, fabricante de
equipamento para construção,
e a Whirlpool (EUA), que produz eletrodomésticos, desenvolveram sistema semelhante
ao da Danfoss, com fábricas-mães nos países de alto custo
cujo papel é funcionar como
mentoras em termos de tecnologia e projetos para as unidades de produção instaladas em
outros locais.
Mas o fluxo de idéias também pode funcionar em sentido reverso, com as fábricas dos
países de alto custo aprendendo com as atividades das nações de custos mais baixos.
A Timken, fabricante americana de mancais e rolamentos
de esfera, está transferindo às
suas fábricas nos EUA e na Europa Ocidental técnicas de usinagem desenvolvidas por engenheiros que trabalham na Índia. Já a Electrolux, fabricante
sueca de eletrodomésticos, está
introduzindo na Europa modelos de refrigeradores desenvolvidos por seus projetistas no
Brasil.
Em muitos casos, as empresas constatam que a posição
competitiva de suas fábricas
em países de altos salários conta com certa proteção nas áreas
de tecnologia ou design mais
sofisticados, nas quais as capacidades dos rivais instalados
em países de baixo custo ainda
não representam ameaça.
Graham Honeyman, presidente-executivo da Sheffield
Forgemasters International,
produtora britânica de peças
metálicas especiais para setores como a geração de energia,
diz que suas exportações à China responderão por 30% do faturamento de 100 milhões de
libras do grupo em 2006/7, ante apenas 5% três anos atrás.
"Porque estamos trabalhando no limite de nossa capacidade, temos recusado pedidos
vindos da China", diz Honeyman. "Ao que parece, os produtos que podemos prover hoje
de nossa fábrica no Reino Unido estão adiante, tecnologicamente, de qualquer coisa que a
China seja capaz de fabricar."
Muitos grupos consideram
que suas fábricas em países de
alto custo são valiosas não apenas como produtoras de bens
destinados a vendas para consumidores finais. Elas podem
também, ocasionalmente, desempenhar um papel na produção de componentes de alta
tecnologia a serem usados pelas fábricas de baixo custo da
empresa, que operam com nível de tecnologia mais baixo.
Com as fábricas em países de
alto custo agindo como "alimentadoras" das operações em
países de baixo custo, a maneira convencional pela qual o modelo híbrido trabalha com movimento de componentes dos
países de baixo para os de alto
salário, por motivos de custo, é
revertida.
Um exemplo dessa tendência
é a ABB, grupo de mecânica pesada suíço-sueco. A empresa
tem fábricas na Europa Ocidental que produzem os chamados componentes "nobres",
como tubos de vácuo -especializados para uso em sistemas de
transmissão de eletricidade-,
e os fornecem a outras unidades de produção instaladas em
países como China e Índia.
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