|
Próximo Texto | Índice
Mercado Aberto
GUILHERME BARROS - guilherme.barros@uol.com.br
Fed acirra divergências entre Fazenda e BC
A decisão surpreendente e
histórica do Fed de praticamente zerar a taxa básica de juros deve acirrar ainda mais as
divergências entre a Fazenda e
o Banco Central na condução
da política monetária. A avaliação da Fazenda é que o BC já
deveria ter seguido o mesmo
caminho na reunião do Copom
da semana passada, quando decidiu manter a Selic em 13,75%.
Os técnicos da Fazenda
acham que o BC errou ao não
ter baixado os juros e a conseqüência será uma desaceleração mais forte da economia
neste e no próximo trimestre.
Para a Fazenda, ao contrário do
que tem dito o presidente do
BC, Henrique Meirelles, o Brasil não é uma ilha isolada do
mundo para manter a taxa básica de juros no atual patamar.
Para a Fazenda, a decisão do
BC teve um caráter muito mais
político do que técnico. O BC
quis dar uma demonstração de
força e de independência diante das pressões do governo para
baixar os juros, quando a decisão tinha que ser técnica.
Não é, na opinião da Fazenda, a primeira vez que o BC erra
neste ano. Em abril, o BC também errou ao subir os juros
com receio da alta dos preços
das commodities. Na época, os
técnicos da Fazenda diziam
que essa alta seria temporária,
o que acabou se confirmando.
O BC, por sua vez, está convencido de que o Brasil terá
uma desaceleração muito forte
neste e no próximo trimestre, o
que deve ficar claro na ata do
Copom que será divulgada
amanhã, e deve baixar o juro na
reunião do dia 21 de janeiro.
O que o BC avalia é que a situação no Brasil é diferente da
dos Estados Unidos. Os EUA
enfrentam um problema de deflação, e as previsões são que o
PIB no quarto trimestre deve
sofrer uma queda de 5%, sendo
que o país já vem de um processo de desaceleração forte.
No Brasil, ao contrário, para
o BC, a economia estava crescendo em um ritmo muito forte
até setembro. A inflação caiu
nas últimas semanas, mas ainda não cedeu o suficiente para
iniciar o processo de redução
dos juros. A queda do dólar é
um fator que contribui para
baixar os juros, já que o efeito
da valorização da moeda americana sobre a inflação era a
maior preocupação do BC.
Para o BC, dos três fatores
que influenciam a demanda,
que são o crédito, o emprego e a
renda, apenas o primeiro foi
muito atingido pela crise. O governo está tentando evitar ao
máximo que o emprego e a renda sejam afetados. Se isso ocorrer, será inevitável uma nova
onda mais forte de desaceleração. O que se espera é que os
cálculos e o "timing" do Banco
Central estejam corretos.
NA BAGAGEM
A rede de lojas de intercâmbio e turismo jovem CI, que esperava registrar um crescimento de 41% neste ano, vai fechar 2008 com uma alta de 25%. Em 2007, a rede registrou
um crescimento de 39%. Mesmo assim, de acordo com o diretor Celso Garcia, a empresa está comemorando. "No cenário que estamos passando, levando em consideração esse
câmbio, que afeta principalmente aqueles que estão viajando, o crescimento que tivemos é muito satisfatório", afirma.
Para o próximo ano, a expectativa é crescer entre 15% e
20%, segundo Garcia. A rede manteve seu plano de expansão
e abriu, no segundo semestre, 11 novas unidades, totalizando
69 lojas.
UNIÃO
João Carlos Basilio, presidente da Abihpec (associação da indústria de higiene,
perfumaria e cosméticos), e
associações representantes
de mais de 60 setores discutiram ontem, em reunião da
Apex-Brasil, a criação de um
movimento para propor ao
presidente Lula uma agenda
de reivindicações relacionadas à tributação do comércio
exterior.
PANOS QUENTES
O comércio atacadista de
tecidos da região da rua 25
de Março, em São Paulo, registrou um crescimento de
3% nas vendas no segmento
de cama, mesa e banho, na
primeira quinzena de dezembro, na comparação
com igual período de novembro, segundo levantamento do Sindicato do Comércio Atacadista de Tecidos de São Paulo.
CONTABILIDADE
O livro "IFRS - Implementação das Normas Internacionais de Contabilidade e da Lei nº 11.638 no Brasil" (editora Quartier Latin,
296 pág.) será lançado hoje
na Livraria da Vila. Escrito
por Kieran John McManus,
sócio da PricewaterhouseCoopers no Brasil, a obra
traz detalhes da conversão
para a IFRS -norma internacional de contabilidade.
EFEITO PRÉ-SAL
Edison Lobão (Minas e
Energia) viajou ontem à
noite para Londres para
participar, na sexta, da reunião de ministros de energia dos maiores produtores
e consumidores de petróleo
do mundo, uma Opep ampliada. É nessa reunião que
deve ser decidido um corte
na produção de petróleo
dos países da Opep para enfrentar a forte queda de
preço do produto dos últimos meses. Em junho, Lobão também participou da
reunião do mesmo grupo
na Arábia Saudita, e, na
época, o que se discutiu foi a
alta dos preços.
ASFALTO: CONSUMO BATE RECORDE EM 2008, MAS SETOR CONSIDERA POUCO
O Brasil está fechando o ano com um consumo de 2,03 milhões de toneladas de asfalto, o maior já registrado no país.
Até então, o recorde era o uso de 1,97 milhão de toneladas
em 1998. O dado foi apresentado na segunda, em reunião do
setor na Fiesp. Para o presidente do Sinicesp (sindicato da
indústria da construção pesada), Manuel Rossitto, o número
é pequeno se comparado à expansão da frota de veículos.
PEQUENAS
A Caixa contratou R$ 22,4
bilhões em crédito para as
micro e pequenas empresas
desde janeiro até o dia 12 de
dezembro deste ano. Do inicio de novembro até 12 de
dezembro a Caixa emprestou R$ 1,5 bilhão para MPEs.
TIJOLO
José Serra assinou decreto para estimular crédito na
compra de casa própria de
famílias com renda de até
dez salários mínimos em SP.
A lei institui o FGH (Fundo
Garantidor Habitacional),
criado para estimular a participação privada nos investimentos habitacionais sociais. Na prática, a medida
permite ao governo ser avalista nas aquisições ou financiamentos feitos para famílias de baixa renda por agentes imobiliários privados.
NA PRATELEIRA
A rede de farmácias Pague
Menos investirá R$ 800 mil
na criação de três marcas
próprias, com produtos de
perfumaria, curativos e higiene bucal. A empresa estima uma produção média
mensal de 200 mil unidades,
desenvolvidas em parceria
com sete fabricantes.
EM DEBATE
Os economistas Paulo Nogueira Batista Jr., Marcio
Pochmann, Marcos Cintra e
o professor de direito tributário Eurico Marcos Diniz
de Santi participam amanhã
de seminário sobre a reforma tributária, na Direito GV.
Na pauta, a viabilidade do
projeto de emenda constitucional proposto pelo deputado Sandro Mabel (PR-GO)
e uma agenda positiva de soluções alternativas.
Crise aumenta ataque de hacker, afirma pesquisa
Uma pesquisa da X-Force,
equipe da IBM especializada
em segurança, aponta que os
ataques de hackers à base de
dados das empresas aumentaram com a crise econômica
internacional. As invasões
passaram de 1,8 bilhão por
dia em setembro para 2,5 bilhões neste mês em todo o
mundo, segundo informações de 4.000 empresas entrevistadas pela X-Force.
"À medida que as empresas cortam seus gastos,
ameaças internas aumentam
e os hackers aproveitam a situação para criar oportunidades", afirma a empresa, em
comunicado.
A X-Force cita dados de
uma pesquisa do Instituto
Ponemon, que calcula o custo médio de uma violação de
computadores de US$ 6,3
milhões para as corporações.
"Isso indica que o custo de
um incidente pode exceder
significativamente o valor
investido para garantir a segurança da infra-estrutura",
avalia a X-Force.
com JOANA CUNHA e MARINA GAZZONI
Próximo Texto: EUA têm menor taxa de juros de sua história Índice
|