São Paulo, quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Fed anima mercados e faz Bovespa subir 4,4%

Em Nova York, alta também superou 4%; juro menor eleva a atratividade das ações

Papéis de bancos e empresas do setor de commodities se destacaram no pregão; saída de investidores estrangeiros da Bolsa de SP reduz ritmo

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

A decisão do banco central norte-americano surpreendeu o mercado financeiro, que reagiu de forma positiva à redução da taxa de juros. Na esteira dos ganhos vivenciados pelo mercado acionário dos Estados Unidos, a Bovespa encerrou com valorização de 4,37%.
Em Wall Street, o índice Dow Jones, que agrupa as ações norte-americanas mais negociadas, subiu 4,20%. A Bolsa eletrônica Nasdaq se apreciou em 5,41% ontem.
Mesmo com a recuperação, o Ibovespa não conseguiu superar os 40 mil pontos -fechou a 39.993 pontos. No mês, a alta do índice está em 9,28%. No ano, a baixa é de 37,4%.
Com os juros reais negativos nos EUA, que desceram agora para cerca de -3,3% anuais, o apetite dos investidores internacionais por risco tende a ir se elevando aos poucos. Em outras palavras, com a dificuldade em lucrar com ativos mais seguros (como os títulos do Tesouro dos EUA), os investidores podem começar a voltar suas atenções para ativos de maior risco, como o representado pelas Bolsas de Valores.
No mercado brasileiro, a Bovespa ainda sofre com a saída de capital externo. Mas o saldo negativo das operações da categoria já tem diminuído nos últimos dias. O balanço mensal das compras e vendas feitas pelos estrangeiros na Bovespa, que estava negativo em R$ 2,15 bilhões no dia 8, diminuiu para R$ 482,29 milhões no dia 12.
Ações das companhias nacionais ligadas ao desempenho das commodities, que estão entre as mais apreciadas pelos estrangeiros, terminaram ontem com altas elevadas. Um dos destaques foi Petrobras PN, que ganhou 3,93%.
A ação PNA da Vale subiu 4,89%, e a ON da CSN, 5,71%.
Os papéis dos bancos também se apreciaram: Itaú PN subiu 6,42%; Bradesco PN, 6,36%; e BB ON, 5,03%.
"A decisão do Fed [banco central americano] confirma que os EUA estão em uma guerra para evitar uma recessão prolongada. O que entendem ser necessário para estimular a economia tem sido feito", afirma Alexandre Maia, economista-chefe da Gap Asset Management. "O Fed tem tomado as medidas mais não-convencionais para estimular os mercados financeiro e de crédito e impulsionar a economia", diz.
A expectativa do mercado era a de que a taxa básica definida pelo Fomc (o comitê de política monetária do BC americano) fosse reduzida de 1% para 0,5% -a taxa desceu para uma banda de 0% a 0,25%.
Com os juros em níveis baixíssimos, espera-se que o consumo ganhe fôlego na maior economia do mundo. Em meio ao preocupante desaquecimento econômico, o governo dos EUA informou ontem que o CPI (índice de preços ao consumidor) sofreu queda de 1,7% em novembro. Outro indicador que aponta o esfriamento da economia é o da construção de residências novas nos EUA, que caiu 18,9% no mês passado.
A Europa já havia encerrado suas operações quando a decisão do Fomc foi conhecida. Assim, as Bolsas da região tendem a abrir hoje em terreno positivo, em reflexo da boa recepção do anúncio. Ontem a Bolsa de Frankfurt se apreciou em 1,61%; Londres subiu 0,74%.

Dólar
O mercado de câmbio, mesmo tendo fechado antes da decisão do BC norte-americano, teve um dia de menor pressão. O dólar encerrou as operações com depreciação de 0,71%, vendido a R$ 2,372.
Durante a manhã, a moeda americana chegou a ser negociada em níveis mais elevados. Na máxima, bateu em R$ 2,404, o que levou o Banco Central a realizar um leilão para vender dólares ao mercado.


Texto Anterior: Vinicius Torres Freire: A receita começa a falhar
Próximo Texto: Ações: Bolsa lança novos índices com papéis dos setores de consumo e imóveis
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.