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Indústria de São Paulo cortou 34 mil vagas em novembro
VERENA FORNETTI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Com a crise na indústria automotiva e a retração dos investimentos das empresas, a indústria paulista perdeu 34 mil
vagas em novembro, segundo o
índice de nível de emprego elaborado pela Fiesp (Federação
das Indústrias do Estado de São
Paulo). O indicador registrou
queda de 1,46% e deve detectar
retrações ainda mais acentuadas, de acordo com a federação.
No final do ano, é comum haver recuo nas contratações no
Estado, principalmente em razão da indústria do açúcar e do
álcool, que dispensa trabalhadores por causa do fim da safra.
Neste ano, porém, o setor não é
o principal responsável pelos
cortes de vagas, que se espalharam por cerca de 67% dos setores da indústria paulista.
O total de vagas criadas até
novembro é de 123 mil, mas a
estimativa da Fiesp é que a indústria perca mais 60 mil vagas
por conta das dispensas na indústria sucroalcooleira.
De acordo com o levantamento da entidade, as indústrias mais atingidas pela retração foram as ligadas ao setor
automotivo, como autopeças,
borracha, plástico e têxtil. A
suspensão de investimentos
afetou máquinas e equipamentos e produtos de metal.
Paulo Francini, diretor do
Departamento de Pesquisas e
Estudos Econômicos da Fiesp,
afirma que o fato de tantos setores entrarem em desaceleração indica que a crise internacional deve se agravar. "A crise
está dada, e os efeitos para o
Brasil estão só começando."
Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, presidente da Força Sindical, diz que a entidade orientou os trabalhadores a não aceitar as demissões e a reagir com
paralisações. Metalúrgicos da
Amsted Maxion, em Osasco, fizeram greve ontem em resposta à demissão de cerca de 1.100
trabalhadores em Osasco, Cruzeiro e Hortolândia (SP).
O líder da Força prevê que os
cortes de funcionários se intensifiquem nos próximos meses.
"As empresas estão em férias
coletivas e, se a economia continuar em dificuldade, o próximo passo será demitir."
Edilson de Paula, presidente
da CUT-SP, diz estar confiante
de que o país não enfrentará
desemprego em massa, apesar
das demissões recentes. "Se as
medidas tomadas pelo governo
não repercutirem na economia,
eu acredito que vamos entrar o
ano com um quadro bem ruim,
mas hoje os problemas estão localizados", disse o sindicalista.
Empresários pessimistas
De acordo com outro levantamento da Fiesp, que monitora a expectativa dos empresários, o otimismo na primeira
quinzena de dezembro atingiu
o menor nível desde junho de
2006 (início da série histórica).
O indicador registrou 34,2
pontos. Valores acima de 50 indicam expectativas favoráveis
e, abaixo disso, revelam pessimismo. A expectativa em relação a mercado, vendas, estoque, emprego e investimentos
piorou. As maiores dúvidas dizem respeito ao investimento,
item que obteve 32,6 pontos.
Claudio Dedecca, professor
da Unicamp, diz que uma parte
da redução de emprego na indústria paulista tem um componente sazonal e que o efeito
da crise sobre o emprego deve
ser percebido em 2009. "Em janeiro, com os dados sobre a efetivação de trabalhadores no comércio e com as informações
do último trimestre, teremos
um quadro mais claro."
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