São Paulo, quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

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Indústria de São Paulo cortou 34 mil vagas em novembro

VERENA FORNETTI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Com a crise na indústria automotiva e a retração dos investimentos das empresas, a indústria paulista perdeu 34 mil vagas em novembro, segundo o índice de nível de emprego elaborado pela Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo). O indicador registrou queda de 1,46% e deve detectar retrações ainda mais acentuadas, de acordo com a federação.
No final do ano, é comum haver recuo nas contratações no Estado, principalmente em razão da indústria do açúcar e do álcool, que dispensa trabalhadores por causa do fim da safra. Neste ano, porém, o setor não é o principal responsável pelos cortes de vagas, que se espalharam por cerca de 67% dos setores da indústria paulista.
O total de vagas criadas até novembro é de 123 mil, mas a estimativa da Fiesp é que a indústria perca mais 60 mil vagas por conta das dispensas na indústria sucroalcooleira.
De acordo com o levantamento da entidade, as indústrias mais atingidas pela retração foram as ligadas ao setor automotivo, como autopeças, borracha, plástico e têxtil. A suspensão de investimentos afetou máquinas e equipamentos e produtos de metal.
Paulo Francini, diretor do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos da Fiesp, afirma que o fato de tantos setores entrarem em desaceleração indica que a crise internacional deve se agravar. "A crise está dada, e os efeitos para o Brasil estão só começando."
Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, presidente da Força Sindical, diz que a entidade orientou os trabalhadores a não aceitar as demissões e a reagir com paralisações. Metalúrgicos da Amsted Maxion, em Osasco, fizeram greve ontem em resposta à demissão de cerca de 1.100 trabalhadores em Osasco, Cruzeiro e Hortolândia (SP).
O líder da Força prevê que os cortes de funcionários se intensifiquem nos próximos meses. "As empresas estão em férias coletivas e, se a economia continuar em dificuldade, o próximo passo será demitir."
Edilson de Paula, presidente da CUT-SP, diz estar confiante de que o país não enfrentará desemprego em massa, apesar das demissões recentes. "Se as medidas tomadas pelo governo não repercutirem na economia, eu acredito que vamos entrar o ano com um quadro bem ruim, mas hoje os problemas estão localizados", disse o sindicalista.

Empresários pessimistas
De acordo com outro levantamento da Fiesp, que monitora a expectativa dos empresários, o otimismo na primeira quinzena de dezembro atingiu o menor nível desde junho de 2006 (início da série histórica).
O indicador registrou 34,2 pontos. Valores acima de 50 indicam expectativas favoráveis e, abaixo disso, revelam pessimismo. A expectativa em relação a mercado, vendas, estoque, emprego e investimentos piorou. As maiores dúvidas dizem respeito ao investimento, item que obteve 32,6 pontos.
Claudio Dedecca, professor da Unicamp, diz que uma parte da redução de emprego na indústria paulista tem um componente sazonal e que o efeito da crise sobre o emprego deve ser percebido em 2009. "Em janeiro, com os dados sobre a efetivação de trabalhadores no comércio e com as informações do último trimestre, teremos um quadro mais claro."


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