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Imobiliárias prevêem 10% menos vendas para 2008
Ano deve terminar com 33 mil
unidades vendidas em SP
EDSON VALENTE
EDITOR-ASSISTENTE DE IMÓVEIS E CONSTRUÇÃO
As vendas do mercado imobiliário paulistano devem encolher 10% em 2008 e voltar ao
patamar registrado em 2006 no
próximo ano.
A perspectiva foi apresentada ontem pelo Secovi-SP (sindicato das empresas de compra, venda e locação de São Paulo). "Os anos de 2007 e
2008 foram fora da curva", afirma Celso Petrucci, economista-chefe do sindicato.
Em 2007, a cidade de São
Paulo recebeu 39 mil novas
unidades residenciais, e em
2008 deverão ser 35 mil. Em
2006, foram 25.700 unidades.
O balanço de 2008 aponta
ainda que as vendas na capital
somaram 29.400 unidades residenciais novas de janeiro a
outubro, 4,7% mais que o mesmo período de 2007 (28.100).
Mas, com a desaceleração
provocada pela crise econômica, a estimativa é chegar ao final de dezembro com apenas
33 mil unidades negociadas,
quantidade 10% menor que a
de 2007 (36.600) e superior à
de 2006 (28.300).
Para 2009, o Secovi-SP calcula um patamar igual ao de
2006: 28 mil unidades lançadas
em São Paulo.
O ministro Guido Mantega
afirmou à Folha, conforme reportagem publicada no último
domingo, que o governo pretende elevar o número de unidades habitacionais financiadas pela Caixa Econômica Federal e por outros bancos de
600 mil para 900 mil.
"É uma meta realizável, mas
precisa de subsídios para a população de menor renda", opina Petrucci. "O governo tem a
compreensão de que o caminho é esse. Para comprar uma
casa de R$ 35 mil ou R$ 40 mil,
a família que ganha até três salários mínimos precisa de um
cheque em mãos, de cerca de
R$ 15 mil, e de um complemento com recurso barato", exemplifica o economista.
E crédito, de fato, não deve
ser o gargalo para a aquisição
de moradias, concordam os especialistas do Secovi-SP. "Não
vai faltar recurso barato para o
mercado imobiliário", afirma
Petrucci. Ele se baseia em números já apresentados pelo governo: os R$ 30 bilhões disponibilizados com recursos da
poupança deverão se repetir
em 2009.
Os recursos do FGTS (Fundo
de Garantia do Tempo de Serviço), por sua vez, darão um
salto de R$ 9 bilhões em 2008
para R$ 17 bilhões em 2009
-R$ 14 bilhões para habitações
populares e o restante para
aplicação em títulos ligados a
esse tipo de empreendimento.
"O maior limitador não será
o crédito, mas a capacidade do
bolso da classe média", argumenta João Crestana, presidente do Secovi-SP.
Econômicos
Se as classes C e D são as que
mais sofrem com a incerteza da
economia "por dependerem de
emprego e de renda", diz Petrucci, é nelas que os incorporadores deverão focar sua atenção, complementa Crestana.
"Não existe mercado grande
para as camadas mais ricas",
afirma o presidente do Secovi-SP. "O mercado grande é lá embaixo, e as boas empresas vão
trabalhar nele com uma margem menor de lucro e um volume maior de vendas. Se o incorporador não vir isso, não sobreviverá, a não ser que aposte em
nichos", completa.
Crestana diz acreditar que o
maior filão para os próximos
anos estará nos imóveis de até
R$ 200 mil, de dois e de três
dormitórios. "Não vejo nenhum castigo [para o incorporador] em trabalhar com imóveis abaixo de R$ 350 mil", fala
Petrucci. "Temos percebido
que o imóvel enquadrado no
SFH [Sistema Financeiro da
Habitação] é o que tem mais liquidez no mercado", conclui.
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