São Paulo, domingo, 18 de janeiro de 2004

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Para analistas, medidas são ultrapassadas

DA SUCURSAL DO RIO

Economistas consultados pela Folha apresentaram uma visão bastante crítica às sugestões para a condução da política econômica contidas no livro "Agenda Brasil", escrito por um grupo de 13 economistas tidos como desenvolvimentistas.
O ex-presidente do Banco Central Gustavo Franco disse que a proposta de abolir a taxa de juro como instrumento de controle da inflação "não tem cabimento".
"É assim no mundo todo", afirmou. Para ele, quebrar contratos de serviços públicos "é incompatível com a democracia".
Sobre o câmbio, ele disse que sempre "há algum tipo de controle". Citou o exemplo da recomposição de reservas decidida pelo Banco Central.
Responsável pelo câmbio administrado de 1995 a 1999 no governo Fernando Henrique Cardoso (1995-2002), Franco afirmou que o controle de capitais na saída dos recursos (depósito por um ano), como propõem os autores do livro, "é um absurdo".
"É o mesmo que passar a perna nos investidores. É uma violação implícita de contratos."

Saudosismo
O diretor do Ibre (Instituto Brasileiro de Economia) da FGV (Fundação Getúlio Vargas), Antônio Carlos Pôrto Gonçalves, considera as sugestões "ultrapassadas". "São coisas que se usavam nos anos 50, superadas em qualquer lugar do mundo." Como exemplo, citou o controle de preços e salários. "É um material produzido por um grupo de economistas heterodoxos, com um olhar saudosista", disse.
Na avaliação de Franco, a situação atual da economia no Brasil permite que o país prescinda do FMI. Isso não quer dizer, porém, que tenha de mudar a atual política econômica. "O Brasil tem de fazer o mesmo que está fazendo, mas sem o FMI. Assim, mostrará que faz sem a pressão de ninguém. Com isso, reduzirá ainda mais o risco-país", afirmou.


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