O anúncio do investimento foi feito por Cesar Alierta, presidente mundial do grupo, ao presidente Lula em Brasília

Tele fala em "compromisso de longo prazo" com Brasil e prioridades devem ser internet, telefonia móvel e TV por assinatura

Sergio Lima/Folha Imagem

A Telefônica investirá R$ 15 bilhões no país nos próximos quatro anos. O anúncio foi feito ontem em Brasília pelo presidente mundial do grupo espanhol, Cesar Alierta, em encontro com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Desde a privatização, em 1998, a Telefônica já investiu no Brasil R$ 28,9 bilhões.
Os investimentos da Telefônica irão se concentrar principalmente na telefonia fixa -que inclui banda larga (Speedy) e estrutura de rede. Cerca de um terço dos gastos será dedicado à telefonia móvel. A Telefônica possui 50% da Vivo, líder do mercado de celular no país -os outros 50% são da Portugal Telecom.
A Folha apurou que o grupo também dedicará uma boa parte dos recursos a investimentos em TV por assinatura via satélite. A empresa recentemente comprou a TVA do Grupo Abril e só depende da aprovação do negócio pela Anatel para iniciar a operação. Os planos da tele são de competir com a Net e com a Sky. Outra área prioritária para os investimentos será a internet. O grupo é proprietário do portal Terra.
Durante a reunião com Lula, a assessoria de imprensa da Telefônica divulgou nota informando que a média de investimento nos últimos quatro anos foi de, aproximadamente, R$ 3,5 bilhões por ano. Isso significa que os investimentos anunciados ontem superam em R$ 1 bilhão o realizado nos últimos quatro anos.
A Telefônica também anunciou que irá inaugurar, nas próximas semanas, uma central de atendimento (call center) no bairro do Belém, zona leste de São Paulo. Segundo a empresa, isso deve gerar entre 5.000 e 6.000 empregos diretos.
Em nota, a empresa informou que os investimentos "reiteram o compromisso de longo prazo" que foi assumido com o país desde a metade dos anos 1990. Em 1998, no leilão da Telebrás, a Telefónica comprou a área de concessão correspondente ao Estado de São Paulo.
Segundo a assessoria de imprensa da empresa, cerca de 25% dos investimentos do grupo Telefónica são feitos no Brasil, que é seu segundo maior mercado, depois da Espanha.
Analistas do setor ouvidos pela Folha consideraram excessivos os números de investimento anunciados pela Telefônica, principalmente na telefonia fixa, que está estagnado no Brasil nos últimos anos. Já em telefonia móvel, o grande investimento é a troca do padrão CDMA pelo GSM, mas, mesmo assim, os recursos são divididos com a Portugal Telecom.
Por isso, houve quem especulasse que essa montanha de dinheiro já seria uma sinalização de que o grupo pretende comprar a parte da Portugal Telecom na Vivo. Sobre esse assunto, no entanto, a Telefônica não se pronunciou.
O negócio depende de a Portugal Telecom fechar a venda de sua parte na Vivo para a Sonae. Se for concretizado o negócio, a Sonae poderia vender a parte da PT na Vivo para a Telefônica.
Alierta estava acompanhado, no encontro com Lula, de José-Maria Pallete, presidente da Telefónica Latino-America, Antônio Carlos Valente, presidente da tele no Brasil, e seu antecessor, Fernando Xavier.


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