São Paulo, quinta-feira, 18 de janeiro de 2007

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Tesouro quer emissão em reais em prazo maior

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A dívida pública interna e externa do governo federal terminará o ano entre R$ 1,37 trilhão e R$ 1,45 trilhão, aumento de até R$ 213 bilhões em relação a dezembro de 2006.
O PAF (Plano Anual de Financiamento) anunciado ontem pelo secretário do Tesouro Nacional, Tarcísio Godoy, prevê também um aumento no prazo das emissões em reais no mercado internacional para 20 anos em 2007.
"A novidade neste ano é o título em real de mais longo prazo. No mercado interno, seguimos a estratégia de aumentar o prazo da dívida pública e elevar a participação dos títulos prefixados", explicou Godoy.
O prazo de 20 anos foi citado pelo secretário num ato falho que ele tentou corrigir dizendo que o governo poderá colocar papéis de 15 anos, o que já faz hoje, ou de 25 anos e 30 anos.
De acordo com as metas fixadas pelo governo, a participação dos títulos com taxa de juros definidas no momento da venda (prefixados) deverá aumentar de 31,9% para algo entre 33% e 39% da dívida total. Já os papéis corrigidos pela inflação vão variar de 20% a 24% da dívida pública.
O governo não fixou uma meta muito ambiciosa para a retirada dos títulos com juros variáveis do mercado. Em dezembro eles correspondiam a 33,4% do total da dívida e o objetivo para este ano é que varie de 32% a 26% da dívida.
A expectativa de redução da taxa de juro (Selic) explica a decisão por essas metas. É que, se o governo insistir em colocar títulos prefixados, vai acabar pagando juros elevados, pois a taxa tende a cair. Se optar pelos pós-fixados, que acompanham a flutuação dos juros no mercado, aumenta o risco de um choque na economia elevar em muito as despesas da dívida.
"Na medida em que há menor volatilidade na dívida, que a taxa de juros cai e que a inflação fica mais baixa, a progressão [de títulos prefixados] será mais lenta do que antes. Esses percentuais são os que representam a melhor opção em termos de custo, prazo e composição da dívida para o Tesouro", explicou Godoy.
O economista Sérgio Valle, da MB Associados, acredita que o Tesouro conseguirá superar as metas fixadas. Para ele, no ano passado o governo foi conservador nas metas do PAF e acabou o ano com um resultado melhor que o previsto.
"Só há possibilidade de avançar mais rapidamente na venda de títulos prefixados se a situação econômica for muito mais positiva do que o projetado. Caso contrário, o custo não vale a pena", explica Valle.
A mudança no perfil da dívida federal, que tem reduzido os títulos indexados à taxa de juros e que cortou a participação dos papéis corrigidos pelo câmbio, também diminuiu o risco de explosão da dívida em proporção do PIB (Produto Interno Bruto).


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