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Governo prepara corte de até R$ 20 bi
Valor a ser abatido do Orçamento 2007 aprovado no Congresso servirá para compensar aumento de gastos com pacote
Cifra ainda não foi definida pela equipe econômica
e cortes devem ocorrer nos gastos de custeio e emendas de parlamentares
SHEILA D'AMORIM
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Enquanto fecha as medidas
de estímulo ao crescimento da
economia, o governo prepara
um corte de até R$ 20 bilhões
nas despesas previstas no Orçamento de 2007, aprovado no final de dezembro no Congresso.
O número exato ainda não foi
fechado pela equipe econômica, que está refazendo as projeções de receitas da União para
2007 e tentando prever um calendário de desembolso para as
obras prioritárias incluídas no
PPI (Programa Piloto de Investimento). Segundo a Folha
apurou, a última estimativa
apontava que o corte no Orçamento ficaria entre R$ 18 bilhões e R$ 20 bilhões.
A medida é considerada necessária porque o governo quer
combinar mais investimentos
públicos com desonerações,
uma pressão maior de gastos
gerada pelos reajustes salariais
do funcionalismo, correção do
salário mínimo e ainda a perda
de receita por causa da correção da tabela do IR (Imposto de
Renda).
A idéia do governo é elevar os
gastos do PPI de 0,2% do PIB
(valor equivalente a R$ 4,6 bilhões) para 0,5% do PIB (algo
próximo a R$ 11 bilhões). Com
isso, na prática, o superávit primário cairá de 4,25% do PIB
para 3,75% do PIB. O corte de
gastos é uma medida preventiva para garantir que essa economia usada para reduzir o endividamento da União fique
dentro do previsto.
E isso num ano em que as
despesas estão pressionadas e
tendem a puxar esse resultado
ainda mais para baixo. A saída
-para evitar que o saldo final
seja um superávit menor do
que a meta já reduzida e as estimativas de alguns analistas de
descontrole fiscal- é segurar
as demais despesas.
O problema é que a margem
de manobra é pequena. Segundo um interlocutor do governo,
o corte terá que ser feito nos
gastos de custeio, que inclui o
funcionamento da máquina, e
nas emendas parlamentares. O
presidente Luiz Inácio Lula da
Silva determinou que, além das
obras prioritárias para o governo federal, não haverá restrições para despesas com educação.
Por isso, as contas ainda não
fecharam. Os técnicos alegam
que "será preciso uma ginástica danada" para combinar tudo
o que o presidente quer no PAC
(Programa de Aceleração do
Crescimento) sem estourar o
Orçamento e a meta fiscal para
2007.
Quando o governo corta as
emendas parlamentares, está,
na verdade, reduzindo o investimento previsto para o ano. Isso porque boa parte das emendas é destinada a obras nos Estados. Por outro lado, a equipe
econômica garante que não faltará dinheiro para o que o Executivo considera prioritário.
Investimento
Cortar R$ 20 bilhões do Orçamento deste ano significa reduzir em quase 20% o montante de despesas consideradas
não-obrigatórias autorizadas
por lei para 2007. Nessa parcela estão investimentos públicos
e gastos com a manutenção da
máquina pública.
Diferentemente do que o nome sugere, as despesas de custeio incluem não apenas gastos
com a compra de papel, por
exemplo, mas pagamentos de
programas como o Bolsa Família.
A versão da lei orçamentária
que irá à sanção do presidente
Luiz Inácio Lula da Silva fixa
em R$ 107,8 bilhões as chamadas despesas discricionárias.
Desse valor, R$ 27,2 bilhões referem-se aos investimentos feitos com dinheiro dos impostos,
entre os quais se destacam neste ano obras de manutenção
das rodovias federais.
Colaborou MARTA SALOMON, da Sucursal de Brasília
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