São Paulo, domingo, 18 de janeiro de 2009

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Mercado Aberto

GUILHERME BARROS - guilherme.barros@uol.com.br

Vale investe R$ 220 mi em centro de pesquisa

Em meio à crise global, a Vale está investindo R$ 220 milhões no primeiro CTE (Centro de Tecnologia em Energia) do Brasil. O centro é totalmente dedicado à pesquisa e produção de energia sustentável. O programa é realizado em parceria com o BNDES e esse investimento está previsto para um período de três anos.
Há poucos dias, a Vale acabou de desenvolver a primeira turbina nacional a gás. O primeiro protótipo já foi testado com êxito e é capaz de gerar 1 MW, o suficiente para iluminar cerca de 2.000 residências. O plano é desenvolver uma turbina de 10 MW, capaz de iluminar até 15 mil residências.
A tecnologia utilizada é similar à da fabricação das turbinas de avião. O CTE está instalado no parque tecnológico de São José dos Campos, próximo ao ITA. São 130 pessoas trabalhando no CTE, das quais 70 mestres e doutores O objetivo da Vale é começar a produzir em série as turbinas, primeiramente para consumo próprio. Depois, a companhia vai estudar a viabilidade para comercialização do produto no Brasil.
Já existem turbinas como essas, tecnologicamente corretas (sem emissões de gases do efeito estufa), produzidas no mundo, mas são caras e muito disputadas, o que torna difícil contar com elas para usar na produção.
A Vale tem enfrentado muitos problemas para obter licenças ambientais para os seus projetos de geração de energia, seja por meio de hidrelétricas, seja por termelétricas (a carvão). Esses projetos não serão abandonados, mas as turbinas podem se tornar uma opção bastante interessante para atender, no futuro, as plantas industriais da companhia.

FOLHETO
O governo de Cingapura está preparando a população para reduções nos salários e demissões sugerindo prudência nos gastos, informa a Bloomberg. Em discursos de autoridades, panfletos e publicidade estatal, o governo tem aconselhado as pessoas a economizarem com banhos mais curtos e comendo carne congelada, que é mais barata, por exemplo. A estratégia de Cingapura contrasta com a de outros países asiáticos, como Japão e Tailândia, que buscam ações de incentivo ao consumo. Segundo a Bloomberg, em 2008, o governo do país distribuiu mais de US$ 5,4 bilhões para ajudar a população a enfrentar a alta nos preços dos alimentos, de energia elétrica e dos combustíveis. Agora, o discurso das autoridades é de que as pessoas precisam ajudar a si mesmas. Se todos dependerem do governo, "vamos enfraquecer a nós mesmos como sociedade", disse o primeiro-ministro de Cingapura, Lee Hsien Loong, segundo a Bloomberg.

Intervenção estatal pode adiar recuperação dos EUA, diz Dayoub

A intervenção do governo norte-americano no sistema financeiro do país pode prolongar o período de recuperação da economia. A análise é de Mariam Dayoub, economista-chefe da Arsenal Investimentos.
Para Dayoub, as ações do governo dos Estados Unidos para salvar instituições financeiras, como o financiamento da compra do Merrill Lynch pelo Bank of America, farão com que ele seja parte integral do sistema financeiro do país por um período de tempo muito longo. "Ele [governo] influenciará nas tomadas de decisões e de riscos do setor", afirma.
A preocupação da economista é que não é da natureza do setor público tomar risco. Segundo ela, o governo não tem o "espírito predador" do setor privado, o que, a seu ver, seria a chave para a recuperação dos Estados Unidos. Para ela, o prolongamento do restabelecimento da economia americana ocorrerá porque "a inovação e a tomada de risco serão vistas pela ótica do setor público".
Dayoub acredita que o governo americano ampliará ainda mais sua participação no mercado financeiro local. A expectativa dela é que o Fed comece a comprar títulos "longer-term" do Tesouro em breve. Para ela, o órgão fará o necessário para manter os juros pagos pelo Tesouro baixos para financiar os programas fiscais do governo.

TREVO-DE-QUATRO-FOLHAS

Márcio Lobão, presidente da Brasilcap, braço de capitalização do Banco do Brasil, espera atingir um faturamento acima de R$ 2 bilhões em 2008. Para ele, a Brasilcap deve crescer de 15% a 20% em 2009 mesmo com a crise, já que atua em um mercado pouco explorado no país e que atinge todas as classes de renda. "As pessoas podem deixar de gastar, mas vão continuar poupando." Para atrair novos clientes, a empresa acabou de lançar o primeiro título de capitalização com 20% das receitas atreladas à renda variável. Ainda neste ano, Lobão quer lançar um produto, apelidado de "BB Fiador", para ser usado como garantia em contratos de locação de imóveis.

EM FAMÍLIA
João Doria Jr., presidente do Lide (Grupo de Líderes Empresariais), promove o 5º Family Workshop, entre os dias 22 e 25, no hotel Paradise Resort, em Mogi das Cruzes (SP). O tema central desta edição do evento será "Educação e Bons Exemplos na Família e na Empresa", com palestras dos especialistas Içami Tiba, Marco Aurélio Vianna e do empresário e príncipe D. Eudes de Orleans e Bragança. O evento terá shows de Toquinho, Elba Ramalho e apresentação do maestro João Carlos Martins. Estarão presentes 220 presidentes de empresas com suas famílias. Empresas como Amil, Brasilprev, Nestlé, Chrysler, Sundown e outras terão ações especiais.

Madeireiros têm pedidos cancelados

Os produtores de madeira brasileiros já têm 40% dos pedidos para exportação cancelados, informa Vasco Flandoli Sobrinho, presidente da ABPMEX (Associação de Produtores e Exportadores de Madeira). Se a demanda externa pelo produto continuar a se retrair, a expectativa de Flandoli é que as exportações de madeira caiam entre 15% e 20% neste ano.
"As empresas estrangeiras importadoras estão cancelando pedidos com cartas de crédito aprovadas. Essa é uma situação inusitada, que nunca nos ocorreu. Mesmo com crédito eles não compram porque o mercado local não vai absorver esses produtos", afirma Flandoli.
Segundo ele, 15% da produção de madeira brasileira é exportada, 60% dela para os Estados Unidos. Em 2008, a exportação de madeira foi de US$ 2,7 bilhões _17,34% menos que em 2007.
Com a queda na demanda externa, os empresários estão tentando redirecionar os produtos ao mercado interno. Alguns itens, no entanto, são específicos para o mercado externo e não têm demanda no Brasil, como as cercas de madeira de residências americanas, diz Flandoli.
O empresário também ressalta que o mercado doméstico não está absorvendo toda a produção. "Há um desaquecimento em diversos setores que nos afeta, como construção civil e de móveis."
A solução encontrada pelas empresas está na redução da produção e na expansão das férias coletivas. Segundo Flandoli, demissões podem ocorrer, mas ainda não afetaram o setor significativamente. O setor de madeira já vinha enfrentando problemas antes mesmo da crise. No primeiro semestre de 2008, eles sentiram um recuo nas exportações em função da queda do dólar.
Quando a moeda brasileira se desvalorizou ante o dólar em razão da crise econômica, o setor encontrou o mercado externo desaquecido. "Os exportadores de madeira e de vários outros setores não se beneficiaram com a alta do dólar porque a demanda caiu", disse Flandoli.
Para este ano, Flandoli aposta em uma melhora a partir do segundo semestre. Para ele, o mercado sentirá os impactos positivos de cortes na Selic.

com JOANA CUNHA e MARINA GAZZONI


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